PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA CRATERA DE COLÔNIA

PNMCC - vista aérea - Leo Malagoli

ABERTURA AO PÚBLICO:
Este parque é uma área fechada ao público. O acesso é permitido apenas a grupos de estudo e pesquisa, mediante agendamento prévio, por meio do telefone da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DEUC): (11) 5187-0321.

O Parque Natural Municipal (PNM) Cratera de Colônia foi criado em 11 de junho de 2007 pelo Decreto Municipal nº 48.423, com recursos advindos da empresa FURNAS Centrais Elétricas S.A., em cumprimento ao Termo de Ajustamento de Conduta - TAC. O documento foi assinado em 2000 entre Ministério Público Federal, IBAMA e FURNAS, como ação corretiva ao licenciamento ambiental da Linha de Transmissão LT 750 KV Itaberá-Tijuco Preto, Circuito III (LT-C3), que havia desconsiderado o processo bastante avançado de criação da APA Capivari-Monos em curso durante o licenciamento da obra.

LOCALIZAÇÃO
Com uma área de aproximadamente 53 hectares, o PNMCC situa-se no extremo sul do município de São Paulo, Prefeitura Regional de Parelheiros, Distrito de Parelheiros, distante aproximadamente 40 km da região central da capital paulista. Encontra-se dentro da Cratera de Colônia, no interior de uma outra UC, a Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos. Em termos regionais, o PNMCC está inserido na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, na sub-bacia Billings-Tamanduateí.

Endereço: Avenida José Lutzenberger (Antiga Estrada Vargem Grande), s/n - Bairro Vargem Grande - Parelheiros - São Paulo/ SP.  

CARACTERIZAÇÃO
O PNMCC localiza-se no interior de uma cratera formada pelo impacto de um corpo celeste, há cerca de 35 milhões de anos. A Cratera de Colônia é composta por uma várzea central circundada por morros recobertos de vegetação de grande porte que compõem toda a borda da depressão. Apresenta 3,6 km de diâmetro e uma camada de sedimentos de 400 metros de profundidade que guardam elementos do clima, da fauna e da flora de períodos muito antigos da região. Sua paisagem atual é composta de remanescentes de floresta nativa, propriedades agrícolas e um núcleo urbanizado, conhecido como Vargem Grande. Além disso há um presídio estadual em seu interior, conhecido como Presídio de Parelheiros.

O PNMCC foi criado com objetivo de garantir a proteção desta área, com relevância histórica, cultural e científica. Apresenta remanescentes de floresta nativa e campos de várzea, que abrigam uma grande diversidade de espécies da fauna e flora típicas da Mata Atlântica. Além disso, abriga parte da várzea do Ribeirão Vermelho, o principal curso d água da Cratera de Colônia. Sua importância extrapola a escala regional por desaguar na Represa Billings, da qual a SABESP capta água para o Sistema Guarapiranga, garantindo parte do abastecimento de água da metrópole.

Dentro do zoneamento da APA Capivari-Monos, instituído pela Lei 13.706/04, o PNMCC está inserido na Zona Especial de Proteção e Recuperação do Patrimônio Ambiental, Paisagístico e Cultural do Astroblema Cratera de Colônia - ZEPAC, que por compreender situações específicas diferenciadas prevê a recuperação e proteção de ecossistemas da Cratera de Colônia, a recuperação socioambiental de porções ocupadas por conjuntos habitacionais, dentre outros aspectos.

Vegetação: remanescentes de Mata Atlântica em estágios inicial e médio de sucessão, mata de turfeira, bosque heterogêneo e campos de várzea.

Flora: já foram registradas 211 espécies vasculares, das quais estão ameaçadas de extinção: canela-sassafrás (Ocotea odorifera), cedros (Cedrela fissilis e Cedrela odorata), guapeva (Pouteria bullata), jaborandi (Piper lanceolatum), palmito-jussara (Euterpe edulis) e Persea obovata. Destaques de ocorrência: Cyperus inops (primeiro registro para o município); Alstroemeria isabelleana, Matelea denticulata, Agarista chlorantha, Chomelia pedunculosa e Symplocos glandulosomarginata (primeiros registros para o município depois de 1950).
A área teve coletas durante o Projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, cujos resultados também serviram para a proposição da APA Capivari-Monos. Os dados de flora do parque, e de outros sítios da cratera, vêm sendo utilizados em projeto de pesquisa paleoambiental (estudo de variações da vegetação e clima dos últimos milênios). Inventário de flora 2021.

Fauna: conta com 247 animais silvestres, sendo 9 invertebrados, 9 anfíbios, 4 répteis, 183 aves e 42 mamíferos.

Anfíbios (rãs, sapos e pererecas)

Foram registradas nove espécies de anfíbios no PNM Cratera da Colônia, distribuídas em cinco famílias, sendo a família Leptodactylidae com o maior número de representantes. Desses nove anfíbios, sete são endêmicos do bioma Mata Atlântica. O único registro da rã-do-folhiço (Physalaemus signifer) para o município é neste parque natural. Ela é também uma das espécies endêmicas da Mata Atlântica; também chama a atenção para o sapo-de-chifres (Proceratophrys boiei), que vive camuflado no chão da mata, destacando-se pelos prolongamentos na cabeça que lembram dois “chifres”, daí a razão do seu nome popular.

Répteis (lagartos e serpentes)

Foram registradas quatro espécies de répteis no local, entre elas dois lagartos e duas serpentes. No grupo dos lagartos está o camaleão (Enyalius perditus) e o teiú (Salvator merianae); entre as serpentes registradas está a falsa-coral (Oxyrrophus guibei) que, apesar da semelhança com a temida cobra-coral (Micrurus coralinus), não é considerada de interesse médico, pois não está associada a acidentes ofídicos. Outra serpente registrada na área é a jararaca (Bothrops jararaca), essa sim classificada como de interesse médico devido aos acidentes ofídicos.

Aves

As aves são o grupo com maior número de espécies registradas no Parque. Foram observadas 183 espécies de aves, distribuídas em 19 ordens e 47 famílias.

Com relação à distribuição geográfica, 35 espécies de aves são endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, possuem distribuição restrita ao bioma, reforçando a importância do PNM Cratera de Colônia para a conservação da biodiversidade.

Entre as aves endêmicas está o uru (Odontophurus capoeira), a araponga (Procnias nudicollis) e o grimpeiro (Leptasthenura setaria), este com ocorrência bastante restrita no município, sendo registrada em apenas duas localidades. Esse pássaro de coloração castanha, com proeminente topete e cauda longa, tem sua biologia intimamente associada à presença de bosques de pinheiro-do-paraná Araucaria angustifolia, vivendo praticamente toda sua vida na copa dessa espécie de pinheiro, onde constrói seu ninho e se alimenta de insetos. A conservação dos bosques de pinheiro-do-paraná, ainda presentes na zona de São Paulo é fundamental para evitar a extinção local do grimpeiro.

Mamíferos

O PNM Cratera da Colônia conta com 42 espécies de mamíferos silvestres, sendo 6 deles endêmicos da Mata Atlântica.
Um dos registros mais importantes feitos no PNM Cratera da Colônia foi a descoberta de um grupo de saguis-da-serra-escuro (Callithrix aurita) no local, único sagui de ocorrência natural para o município.

Estado de conservação

Em relação ao estado de conservação da fauna do PNM Cratera da Colônia, duas espécies de aves estão ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, a saracura-três-potes (Aramides cajaneus avicenniae) e a cigarrinha-do-sul (Sporophila falcirostris), esta também ameaçada no Brasil e pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, e 26 espécies espécies ameaçadas pela Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora.

Dentre os mamíferos, três espécies estão ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, são elas a cuíca (Marmosops paulensis), o bugio-ruivo (Alouatta guariba) e o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita); cinco espécies estão ameaçadas no Brasil, são elas a cuíca (Marmosops paulensis), o bugio-ruivo (Alouatta guariba), o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), morcego (Eptesicus taddeii) e o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi); três espécies ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, sendo elas o bugio-ruivo (Alouatta guariba), o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) e seis espécies ameaçadas pela Convention onInternational Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora.

Dentre os répteis, uma espécie está ameaçada pela Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora: o teiú (Salvator merianae).

 

Além das Unidades de Conservação (APA Capivari-Monos e PNMCC) há outros instrumentos e mecanismos que visam garantir a proteção da Cratera de Colônia:

• Abertura de Processo de Tombamento pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) - Resolução 04/95. (Processo ainda não concluído);
• Tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) - Resolução 60/03;
• Reconhecimento enquanto Sítio Geológico pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleontológicos (SIGEP) – 2005;
• Reconhecimento enquanto Monumento Geológico por meio do Conselho Estadual de Monumentos Geológicos (CoMGeo-SP) – 2009. (A Cratera de Colônia é um dos 5 monumentos geológicos paulistas, juntamente com o PETAR, o Varvito de Itu,a Rocha Mountonné e os Geiseritos de Anhembi).

PNMCC - Leo Malagoli

GESTÃO
Até que seja criado o conselho do Parque, o Conselho Gestor da APA Capivari-Monos tem sido utilizado como fórum de discussão para assuntos relativos ao PNMCC. Participe da gestão: as reuniões do Conselho Gestor da APA Capivari-Monos são abertas à população e acontecem sempre nas primeiras quartas-feiras de cada mês, às 9h30, na Prefeitura Regional de Parelheiros (Av. Sadamu Inoue, 5252 - Jardim dos Álamos).

LEGISLAÇÃO

 DOCUMENTOS E PUBLICAÇÕES

Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia 

  

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