Herbário Municipal encontra planta dada como extinta na cidade

O trabalho dos especialistas vem possibilitando o conhecimento, valorização, preservação e conservação da flora no município de São Paulo

 

A plantinha tem nome pomposo: Paspalum usterii Hack. (Família Poaceae) e o primeiro registro de sua presença tinha sido feito em 25/03/1907 pelo botânico Alfred Usteri na região de Perus e agora em 2016, mais de cem anos depois, foi reencontrada pela equipe do Herbário.

O Herbário Municipal foi criado em 1984 e possui um acervo de mais de 16 mil amostras de plantas coletadas em diversos lugares, em sua maioria na cidade de São Paulo, criando assim registro de sua vegetação.

Dentre as plantas coletadas em campos paulistanos identificaram-se mais espécies que andavam sumidas: da família Asteraceae a Baccharis hirta DC. que estava há mais de 74 anos sem registro no município de São Paulo e a Baccharis pentaptera (Less.) DC. que tem seu primeiro registro em 1949; da família Passifloraceae a Passiflora villosa Vell., cujo primeiro registro no município é de 1963, encontrada em 2011, em um campo no Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, em Itaquera e da família Escalloniaceae a Escallonia chlorophylla Cham & Schltdl., procedente de vistoria em 2008 em um campo no Parque Vila do Rodeio, bairro Cidade Tiradentes e que teve seu primeiro registro no município de São Paulo em 1942.

Esta é apenas uma parte do trabalho dos biólogos e engenheiros florestais que formam a equipe do herbário. Após o trabalho de coleta no campo, o material é levado para a sede, no Ibirapuera, onde são prensadas e secas, e posteriormente, seguem para um minucioso trabalho de identificação. Depois a amostra da planta é fixada em cartolina juntamente com uma ficha que contém seus dados, isto é denominado exsicata, podendo assim ser incluída ao acervo, este procedimento é padrão em todos os herbários do mundo que permite que as plantas fiquem preservadas para estudos, por centenas de anos.

Desta forma constitui-se em valiosa fonte de documentação sobre o meio ambiente de determinada região.

As informações técnicas disponibilizadas pelo Herbário também contribuem para ações desenvolvidas em vários setores da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, principalmente do Departamento de Parques e Áreas Verdes (DEPAVE), sendo fonte de consulta para professores e pesquisadores de várias instituições, além de munícipes.

OS “CAMPOS PAULISTANOS”

Antigamente a região metropolitana era conhecida pelos “campos de Piratininga” (nome antigo da cidade de São Paulo), justamente pela abundância desse tipo de vegetação na região.

Grande parte desses campos naturais foram ocupados ou sujeitos a variados níveis de degradação, de forma que, nos dias de hoje, sua ocorrência é rara no município. Além disso, não há instrumento legal para proteção de campos, aumentando o risco de “extinção” desse tipo de vegetação no município de São Paulo.

Atualmente um dos principais focos do trabalho dos pesquisadores do Herbário são os Campos Naturais, ecossistemas associados ao Bioma de Mata Atlântica e são constituídos basicamente por gramíneas e/ou arbusto de pequeno porte. No município de São Paulo há remanescentes naturais de Campos de Altitude - Altomontana, Campos de Várzea e Campos com elementos de Cerrado.

“A aparente monotonia da paisagem, que pode ser chamada de “mar de grama”, abriga uma biodiversidade vegetal riquíssima com espécies exclusivas, com alto grau de endemismo e que muitas delas foram pouco estudadas, indicando assim um enorme potencial para pesquisas de interesse social, econômico e ecológico”, informa Luara Granato, Coordenadora do Herbário.

Segundo a coordenadora, as especificidades de formação e estruturação dos Campos Naturais contribuem para a existência de espécies vegetais endêmicas.
“E podem funcionar como corredores ecológicos, contribuir para a manutenção e filtragem da água no solo, colaborar com o sequestro de carbono e no controle da erosão”, finaliza.

Serviço:
Herbário Municipal
Avenida IV Centenário, 1.268 - Portão 7A (Parque Ibirapuera)
Horário de funcionamento:  de 2ª a 6ª, das 10h às 16h
Atendimento: Público em geral para identificação de plantas
Pesquisadores: mediante agendamento
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