Conheça histórias de recuperação de animais atendidos pelo CeMaCAS

O centro realiza um importante trabalho de atendimento clínico e reintrodução de animais silvestres à natureza

 O Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS) é considerado um dos maiores centros de manejo da América Latina, localizado no Refúgio de Vida Silvestre – RVS Anhanguera, na zona norte de São Paulo. Este centro de triagem realiza atendimento de animais silvestres órfãos, que possuem problemas de socialização na natureza, estejam feridos ou em risco ou ainda que foram traficados. Neste ano, em oito meses, foram atendidos 4.295 animais.

Criada em 1991, a Divisão da Fauna Silvestre (DFS) já atendeu quase 120 mil animais. Cerca de 50% deles se recuperam e são soltos – a maioria aves (como garças, corujas e sabiás). Mais de 500 espécies já passaram pelo CeMaCAS, inclusive, animais mais vulneráveis quando se trata de conservação.

Conheça a história de alguns de alguns deles que foram atendidos pela DFS:

ARARAS-CANINDÉ

As araras-canindé (Ara ararauna) foram um caso recente de repatriação. Vítimas de tráfico de animais no Pantanal, as oito aves chegaram ao CeMaCAS ainda filhotes em 2019. Em 2021, após serem tratadas, acompanhadas e reabilitadas pelos técnicos da Prefeitura, puderam ser soltas novamente na natureza. Elas deixaram o Centro e foram transportadas de avião até Campo Grande, lá foram recebidas pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (IMASUL), onde foram encaminhados para soltura.

 

PINTO-D’ÁGUA-CARIJÓ

O pinto-d’água-carijó é uma ave migratória, ativa durante o dia, e habita áreas pantanosas ou úmidas com vegetação densa e em junho de 2019 o CeMaCAS realizou a reintegração à natureza de uma ave dessa espécie, que é considerada rara e ameaçada em todo território nacional. Ela pode ser encontrada em vários países vizinhos, como Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil, existem registros da presença desta ave em três pontos do estado de São Paulo e em outros dois no Rio Grande do Sul.

A ave foi encontrada na região do Itaim Paulista no dia 14 de maio de 2019. Após avaliação médica, foi constatado que ela estava em bom estado de saúde. O pinto-d´água-carijó permaneceu em acompanhamento e ganhou 120 gramas durante o processo de reabilitação e permaneceu no Centro até ter seu ponto de soltura definido. A reintrodução ocorreu em uma fazenda de arroz localizada no município de Tremembé (SP), área em que a espécie já foi avistada.

“É muito legal ressaltar que o naturalista britânico Charles Darwin descreveu essa ave durante sua famosa expedição a bordo do navio Beagle (1831-1836)”, diz Sergio Novita, diretor da Divisão da Fauna Silvestre (DFS).

ONÇAS PARDAS – MARSHA E RAONI

As onças pardas, Marsha (fêmea) e Raoni (macho), assim nomeadas, foram encontrados em meio aos canaviais do interior de São Paulo. Não se sabe se esses animais foram realmente abandonados pela mãe ou não, pois é comum que as fêmeas abriguem seus filhotes no meio da vegetação. Entretanto, quando esta vegetação é de cana-de–açúcar, os animais são retirados durante a colheita.

Marsha, que chegou ao CeMaCAS em 8 de julho de 2019, com cerca de 15 dias de vida, foi o primeiro filhote da espécie recebido na unidade. Já Raoni, chegou um pouco mais velho, com cerca de 2 meses de idade, no dia 6 de julho de 2020.

Apesar de serem animais selvagens, as duas onças não têm condições de retornarem à vida livre. Marsha chegou muito nova ao Centro e não tem como se adaptar à vida na natureza. Já Raoni também não voltará à vida livre pois é muito dócil com seres humanos.

OURIÇO ALBINO

Em agosto de 2021, o Parque Estadual do Juquery, localizado em Franco da Rocha – que representa o último remanescente significativo de Cerrado preservado na Grande São Paulo – foi consumido pelas chamas.

A razão do incêndio foi a queda de um balão sobre uma árvore de eucalipto. Naquele domingo, a aridez, junto com os mais de 30 dias sem chuva na região e a presença de fortes ventos, colaborou para a rápida propagação das chamas. A tentativa de acabar com o fogo reuniu, aproximadamente, mil pessoas, entre bombeiros, guardas civis, colaboradores do parque, biólogos, voluntários e 15 caminhões pipa.

Foi nesse contexto de incêndio que, em meio de uma inspeção em busca de animais mortos ou feridos, o pequeno ouriço-albino foi encontrado. Levado ao CeMaCAS, recebeu todos os cuidados necessários da equipe de veterinários. Ganhou o nome de Ipê por ser amarelo como as flores que nascem no cerrado.

Infelizmente, o animal não teve condições de voltar à vida livre, mas foi recebido com muito carinho e ganhou um lindo recinto no zoológico de Itatiba.

A reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 (vida sobre a terra) e 17 (parcerias em prol das metas).

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