Pesquisadores publicaram nas últimas semanas a descoberta de uma nova espécie botânica existente na capital. Os biólogos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fabrício Schmitz Meyer e Renato Goldenberg, detectaram a planta com o apoio do Herbário Municipal, no Núcleo Curucutu, do Parque Estadual da Serra do Mar, no extremo sul do município de São Paulo. A revelação foi publicada em artigo científico que pode ser acessado aqui. A espécie foi batizada como Pleroma curucutuense F.S.Mey. & R.Goldenb. uma referência ao Núcleo Curucutu, único local onde foi encontrada até o momento.

Pleroma curucutuense F.S.Mey. & R.Goldenb. Créditos: Dr. Renato Goldenberg

O estudo que descreve a nova espécie foi baseado em diversas publicações botânicas e revisões do gênero Pleroma, além da análise de materiais botânicos de referência (protólogos). Para facilitar o reconhecimento, os pesquisadores apresentaram sua descrição taxonômica, comparações com as espécies possivelmente relacionadas (próximas), um mapa de distribuição, ilustrações, fotos e uma chave de identificação para as cinco espécies nativas do gênero Pleroma que ocorrem nos campos de altitude do Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar.

 

Ocasião da coleta. Créditos: Fabrício Schmitz Meyer

O Herbário Municipal de São Paulo possuía amostras (exsicatas) dela, coletadas entre 1995 e 1997, e depositadas em seu acervo, mas que ainda não tinham sido identificadas como de uma nova espécie. As imagens foram enviadas para os pesquisadores pelo curador do Herbário Municipal PMSP, o biólogo Ricardo José Francischetti Garcia.

“A descoberta de uma nova espécie endêmica do Núcleo Curucutu, no município de São Paulo, atesta a importância de investimentos crescentes em programas voltados à conservação da biodiversidade. Ilustra também a relevância de trabalhos continuados de documentação da flora realizados pelo Herbário Municipal”, relatam os biólogos da Divisão de Produção e Herbário Municipal.

Conheça a Pleroma curucutense

Pleroma curucutuense F.S.Mey. & R.Goldenb. Créditos: Fabrício Schmitz Meyer

Trata-se de um arbusto da família botânica Melastomataceae, a mesma da quaresmeira e do manacá-da-serra, que pode medir de 0,4 a 2 m de altura, cujas flores têm pétalas roxas com a base branca, além de outras características que a distingue das demais espécies.

Atualmente, a distribuição da nova espécie é conhecida por uma população muito pequena, com distribuição restrita aos campos de altitude próximos à sede do Núcleo Curucutu, mas a mesma vegetação se estende mais para leste e sul nas cristas mais altas desta porção da Serra do Mar, onde é provável que também ocorra.

Foto de amostra da nova espécie coletada pela equipe do Herbário Municipal em 1997, preservada em seu acervo como exsicata, que passou a ser um parátipo (identificação) dela. Crédito: Simone J. De Sordi

Núcleo Curucutu

O Núcleo Curucutu foi criado em 1977, abrange os municípios de São Paulo, Itanhaém, Mongaguá e Juquitiba, e tem origem na Fazenda Curucutu, produtora de carvão, adquirida pelo Estado em 1958 e transformada em Reserva Florestal.

O objetivo principal do espaço é a preservação das nascentes e mananciais da região metropolitana de São Paulo por meio dos rios Capivari e Embu Guaçu, que alimentam o reservatório Guarapiranga e o Sistema Mambu/Rio Branco, em Itanhaém, Preserva também uma rica biodiversidade, tendo sido registradas até o momento 574 espécies de plantas vasculares nativas do município.

Essa região é protegida pela Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos e pela Lei de Proteção aos Mananciais. Ela é responsável pelo abastecimento de mais de cinco milhões de pessoas.

 

 

A reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 (vida sobre a terra) e 17 (parcerias em prol das metas).

 

 

 

 

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