Prefeito inaugurou sede 100% sustentável do Parque Natural Fazenda do Carmo


Ao lado de diversas autoridades e do secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo de Castro, o prefeito Bruno Covas descerrou a placa de inauguração da sede do Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, na Zona Leste da capital. Este é o primeiro prédio municipal sustentável e foi elaborada pelos técnicos da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). Orçada em aproximadamente R$ 1.800.000,00, não utilizou recursos dos cofres públicos, por se tratar de uma compensação ambiental, resultante da construção da Linha 15 – Prata, do sistema de monotrilho do Metrô.

O projeto arquitetônico buscou soluções ambientais e acessíveis para garantir a sustentabilidade e conservação da área, já que se trata de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. Para minimizar o impacto ambiental foram utilizados na construção materiais como madeira, concreto e aço, conjunto que oferece alta durabilidade, baixa manutenção e permite a racionalização da obra. O empreendimento foi também aprovado pela Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) e representa uma instalação totalmente acessível aos portadores de necessidades especiais.

A edificação foi implantada em uma área comumente sujeita a alagamento. Por isso, foi erguida a 1,1 m do chão, preservando o solo e impedindo qualquer contaminação da sua estrutura. Para vencer o desnível, foram implantadas rampas, que atuam também como elemento de setorização. A ala norte concentra as atividades de educação ambiental e visitação pública, enquanto a sul reúne os setores de administração, trabalhos de manutenção, manejo e fiscalização, estudos e monitoramento ambiental.

Sustentável

A sede do parque conta com fonte de energia limpa por meio de painéis fotovoltaicos, que têm a função de converter a energia solar em elétrica, para o uso diário das atividades da edificação. Para evitar a necessidade constante de iluminação artificial e ar-condicionado, além de evitar a incidência solar direta, o projeto otimizou o aproveitamento da luz natural. Também foi instalado um conjunto de claraboias na cobertura, que permite a passagem da luz para o interior da edificação. Portas com grandes aberturas foram utilizadas para controle do conforto térmico. A distribuição interior foi disposta para garantir uma correta ventilação de todos os espaços.

A nova sede do Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo conta com sistemas próprios de geração de energia, escoamento de esgoto e reaproveitamento de água. Além de placas fotovoltaicas para captação de energia solar, há um sistema de calhas capta as águas da chuva, que são acondicionadas em cisternas. Essas águas são usadas em boa parte das atividades do espaço. O parque mantém uma caixa d'água convencional. Já para o tratamento de resíduos, o esgoto tem tratamento próprio, por um sistema altamente ecológico, conhecido como jardim filtrante (wetland). O processo, que demanda baixo custo e pouca manutenção, consiste na utilização de mecanismos naturais, por meio de vegetação específica para locais alagados (macrófitas), sem o uso de produtos químicos.

O material é depositado em uma fossa e, na sequência, passa para o filtro anaeróbio (filtragem por bactérias, sem a presença de oxigênio). Por fim, as raízes filtram o esgoto e devolvem o líquido já tratado ao solo. O reservatório úmido e o solo suficientemente saturado possibilitam o estabelecimento destas plantas, que dão fim sustentável aos dejetos. Além do jardim filtrante, a edificação também tem ligação com a rede pública de tratamento de esgoto, caso seja necessário acioná-la.

Já a água das pias e lava-pés da área externa da edificação tem seu escoamento conduzido para o “Círculo de Bananeiras”, que consiste na filtragem da água, utilizando as raízes da planta. Estas águas, em contato com as camadas de folhas secas depositadas no interior desse círculo, permitem uma combinação ideal para a compostagem dos resíduos. A bananeira tem a capacidade de evapotranspiração (perda de água por evaporação no solo e transpiração das plantas) de até 70 litros/dia, conforme o clima local. Este sistema permite filtragem de ótima qualidade e absorção direta no solo, proporcionando o restabelecimento do ciclo hidrológico local.

O arranjo paisagístico do local contou com o plantio de vegetação nativa da Mata Atlântica e do município de São Paulo para a valorização da flora e atração de fauna local. No entorno do edifício foram plantadas cerca de 90 mudas de espécies nativas e algumas ameaçadas de extinção, potencializando a restauração e preservação da vegetação natural e dos ecossistemas locais.

Maior área de vegetação da Zona Leste

Criado em 12 de junho de 2003, o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo (PNMFC) está situado no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Parque e Fazenda do Carmo e compõe o maior perímetro de vegetação da Zona Leste. Ele representa a primeira Unidade de Conservação de Proteção Integral da capital paulista instituída em meio urbano, além de fazer parte do Cinturão Verde da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Os Parques Naturais Municipais (PNMs) são Unidades de Conservação (UC) regidas pela Lei Federal 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC). Essa categoria de Unidade de Conservação busca preservar a natureza e recuperar características dos ecossistemas originais, sendo permitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais. São formados exclusivamente por áreas públicas. O espaço também serve para possibilitar a realização de pesquisas científicas, desenvolvimento de atividades de educação ambiental e turismo ecológico.

Assim como o PNM Fazenda do Carmo, outros parques também terão novidades em breve, como a abertura-piloto dos PNMs Bororé (cerca de 170 hectares) e Jaceguava (aproximadamente 270 hectares), ambos localizados na Zona Sul e fruto de compensação ambiental referente ao licenciamento do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.