Proclamação da República é uma aula de história


Claro, as pessoas sabem hoje que o “feriado nacional do dia 15 de novembro se refere à proclamação da República – só que o ano era 1889. O que poucos compreendem – principalmente os mais jovens – é seu contexto histórico. Oficialmente, foi nessa data que o nosso país alterou seu regime político de monarquia para república. Mas a proclamação (o verbo significa “declarar”) não foi uma atividade isolada...

É preciso lembrar que 97 anos, dois meses e nove dias antes, D. Pedro I havia declarado a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, libertando-nos da Coroa Portuguesa. Ou seja, embora essa independência estivesse se referindo ao reino de Portugal, permanecemos sob o regime monarquista, tendo como governantes os Príncipes D. Pedro I e seu filho, D. Pedro II. Foram outras seis décadas de monarquia.

Se voltarmos mais ainda no tempo, veremos que antes da Independência já havia muita insatisfação porque Portugal (como ocorre com qualquer país descobridor colonialista) só queria saber de explorar as nossas riquezas. Basta recordarmos o que significou a Inconfidência Mineira e, em sua esteira, outros movimentos sociais, como a própria libertação dos escravos!

Política
O “ato” da Proclamação foi, portanto, político: visou substituir o regime monárquico pelo republicano. Mais uma vez, o ponto de partida foi a insatisfação popular, segundo constam os registros históricos. Dentre eles estariam a própria fragilidade do sistema monárquico (pelos governos seguidos dos regentes Dom Pedro II e de seu filho Dom Pedro I) e o resultado da Guerra do Paraguai (encerrada em 1870). Some-se a isso o prestígio em queda da elite local e da igreja, após a crise econômica surgida com essa guerra.

De olho no poder, os militares republicanos aproveitaram alguns “motivos” para agilizar a queda da monarquia: era o último país da América do Sul sob o regime monárquico; a abolição da escravatura havia sido declarada um ano atrás; a sucessão de Pedro II era um risco porque, como ele não teve filhos, sua herdeira direta, a princesa Isabel, casada com o francês Gastão de Orléans, poderia representar um retorno do trono a uma nação estrangeira. A receita estava pronta.

Revoltas
Proclamada a República, logo surgiram os insatisfeitos com essa mudança – sim, em política, nunca se agrada a todos! Na verdade, o proclamador – um militar – foi também o primeiro presidente da República e, segundo registros históricos, os militares estariam arquitetando uma ditadura para permanecer no poder. Por isso, diversas revoltas eclodiram pelo país. Uma das mais famosas, a Guerra dos Canudos, ocorreu no sertão da Bahia e durou de novembro de 1896 a outubro do ano seguinte, sob a liderança do beato Antonio Conselheiro. Os revolucionários foram massacrados e as casas do vilarejo de Canudos, incendiadas. As insatisfações só cessaram quando um civil, Prudente de Morais, assumiu a presidência, adotando um modelo realmente democrático.