Administradores discutem realidade dos parques da cidade


A gestão dos parques municipais não é tarefa fácil – o administrador é o agente da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente que está em pontos mais distantes da cidade e mais próximo da comunidade. Durante o 5º Encontro de Parques Lineares e de Orlas de Represas, realizado durante a terça (16), os presentes ouviram não apenas a realidade desses profissionais, como a percepção de quem vê o parque “de fora”, como usuário – temática do palestrante convidado Mauro Calliari, Mestre em Urbanismo e autor do blog Caminhadas Urbanas. O segundo convidado foi o professor Wellington Nagano, que abordou a implantação do Parque Linear Itaim Paulista.

O evento foi realizado na sede da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), responsável pela educação ambiental da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). Após abertura oficial, feita pelo Chefe de Gabinete da SVMA, Rodrigo Ravena, os diretores da UMAPAZ, DEPAVE e DEPLAN deram as boas-vindas aos presentes. O trabalho foi mediado pelo arquiteto Sun Alex, diretor da Divisão Técnica de Políticas Ambientais e Transportes não Motorizados (DEPLAN-2), do Departamento de Planejamento (DEPLAN).

Em sua apresentação, Mauro Calliari trouxe parâmetros sobre o uso de espaços públicos enquanto lugar comum entre “desconhecidos” e sua importância para o sentimento de pertencimento de cada morador da cidade. O palestrante procurou mostrar a importância do espaço público no convívio social, seja em local calmo, seja no burburinho das grandes metrópoles. Ao definir a trajetória desse espaço e sua consequente ocupação pelo carro, Calliari devolveu aos ouvintes um retorno do homem nessa reocupação.

A palestra seguinte foi feita por dois coordenadores de parques da Divisão Técnica de Gestão de Parques (DEPAVE-5), Camila de Oliveira Praim e Carlos Alberto Said. Ambos apresentaram a realidade dos parques lineares e de orla de represa da cidade, traçando um breve histórico de cada um deles. A parte da manhã foi encerrada por debate, quando alguns administradores puderam elogiar a iniciativa do evento e trazer problemas e soluções para o dia-a-dia da gestão de áreas municipais.

Um dos pontos discutidos foi o uso inadequado em parques lineares. Audrey Infanti, administradora dos parques Shangrilá (urbano) e Linear Parelheiros, favorável a parques lineares abertos, deu sua contribuição para equacionar problemas comuns aos parques, como frequência inadequada de usuários de drogas. “Resolvemos o problema do mau uso com a educação ambiental envolvendo as crianças. O bom uso afasta o mau uso”, destacou.

Rodrigo Ravena destacou a importância dos administradores na função de trazer o munícipe para dentro do espaço público, para tê-lo como aliado. “O gabinete não conhece o parque, e sim vocês. Temos alguma ideia, mas são vocês que precisam nos dizer o que fazer”.

Na segunda etapa do evento, a palestra foi feita pelo professor Wellington Nagano, que já atuou na SVMA. Ele trouxe para debate a implantação do Parque Linear Itaim Paulista, estudo que realizou para sua pós-graduação. “Vejo os parques lineares muito próximos do que seria uma praça. Às vezes questiono afirmar que um parque existe ‘oficialmente’, dadas as suas precariedades ou problemas de transposição”, avaliou. Já em sua apresentação, a arquiteta Tamires Carla de Oliveira, diretora da Divisão Técnica de Projetos e Obras (DEPAVE-1), ressaltou que, diante da impossibilidade de atendimento de algumas demandas – em geral edificações ou reposição de infraestrutura –, seria positivo que os administradores atuassem com manutenções preventivas para minimizar as demandas.


Conselhos Gestores

Outro ponto levantado a participação dos conselhos gestores na condução das áreas verdes. “Metade dos parques lineares possui Conselho Gestor implantado, e precisamos mudar isso, incentivando a participação da sociedade, pois até as posições críticas são bem-vindas para melhorarmos o processo interno”, afirmou Déborah Schmidt Neves dos Santos, responsável pela coordenação dos Conselhos Gestores da Divisão Técnica de Gestão de Parques.

Deborah também destacou na necessidade de valorizar o trabalho dos administradores, promovendo a sua formação continuada. Quanto a esse ponto, a diretora da UMAPAZ, Meire Abreu, informou que estão sendo organizadas ações integradas para os administradores de parques, com oficinas e cursos voltados para auxiliar nessa atualização profissional.


Troca de informações

Outros administradores de parque se manifestaram, ora para compartilhar problemas específicos de suas áreas, ora para comentar soluções. “Essa troca de informações é o ponto mais importante do nosso evento e deve nortear não apenas o encontro em si, mas a forma como lidaremos com a gestão dos parques”, afirma Sun Alex. A diretora do DEPLAN, Rosélia Ikeda, sugeriu uma possível evolução da SVMA em relação aos parques, criando Planos de Gestão para cada um deles.

Uma das informações lembradas por Hélia Santa Bárbara, diretora da Divisão Técnica de Planejamento do DEPLAN, foi a inovação do Plano Diretor de 2002, quanto a uma nova tipologia de parque a partir da rede hídrica, estruturando a cidade. Ela afirmou que está em andamento a criação de um Grupo de Trabalho para viabilizar o sistema de áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres (SAPAVEL), que integra o Plano de Metas do governo municipal e deve ser concluído em 2019. “Precisamos pensar não apenas no parque linear, isoladamente, mas em toda a sua bacia hidrográfica”, sugeriu.

Algumas palavras poderiam definir o evento em sua essência: métrica (criar ou aprimorar ferramentas para avaliação contínua das ações nos parques); diálogo (ouvir a população, os conselheiros e toda a cadeia); criatividade (para cada gestor driblar as adversidades); ações intersecretariais (para a SVMA ser uma secretaria-meio, integrada às demais e autora das definições de meio ambiente para todas); e integração multidirecional (tanto entre gabinete e parques quanto entre os próprios parques). Ouvir seria o ponto focal do encontro. Afinal, “cliente bom é o que reclama”.