Cerrado: uma vegetação especial

 
Uma área de dois milhões de km², ou 25% de todo o território brasileiro, correspondem a uma vegetação específica: o cerrado, o segundo bioma brasileiro, só superado pela Amazônia. Por sua importância, ele ganhou um dia próprio para sua comemoração, em 11 de setembro, por meio de um decreto de 2003. A área do cerrado está presente em pelo menos onze estados brasileiros, como São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí, além do Distrito Federal.

Em São Paulo, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) incorporou o Cerrado em seu Plano Municipal de Mata Atlântica (PMMA), que nasceu a partir da necessidade de configurar ambientalmente a capital paulista. “Esse trabalho de pesquisa envolveu dezenas de técnicos nossos e mapeou nossa realidade quanto aos 30% de mata atlântica que nos resta”, pontua o secretário Eduardo de Castro, titular da SVMA.

Estudos
Segundo Ricardo José Francischetti Garcia, responsável pelo Herbário Municipal, registros de espécies típicas de cerrado no município de São Paulo já eram conhecidas desde 1911 com o trabalho do prof. Alfred Usteri, que publicou a primeira flora para a cidade. Em 1950, o prof. A. B. Joly caracterizou os campos do Butantã (atual Cidade Universitária), registrando muitas espécies de cerrado. “Apenas em 2010 a Prefeitura do Município de São Paulo, através da SVMA, criou o primeiro parque voltado para a conservação deste tipo de vegetação: o Parque Ecológico de Campo-cerrado Dr. Alfred Usteri, no Jaguaré”, explica.

Desde então, o Herbário Municipal tem percorrido diversas áreas campestres para reconhecer a permanência ou não de espécies de cerrado na cidade. Mesmo sem a proteção legal necessária, ainda podem ser reconhecidas no município algumas áreas que apresentam a vegetação de campos limpos e campos sujos com espécies típicas de cerrados, como no Parque Anhanguera (foto), Parque Vila do Rodeio, Parque Natural Fazenda do Carmo, e em áreas particulares, como a Cruz Vermelha, Aeroporto de Congonhas e Pirituba (Av. Raimundo Pereira de Magalhães), entre outras.

A grande diversidade de espécies endêmicas, sua riqueza (a segunda maior da América do Sul) e a posição estratégica, privilegiada pelas três maiores bacias hidrográficas do continente sul-americano, definem um território rico em água, com clima tropical, duas estações alternadas e bem marcadas (seca durante o inverno e fortes chuvas no verão); a flora vai desde o chamado campo sujo ao cerradão, campos cerrados, cerrados stricto sensu ou campo limpo.

Essa flora é considerada uma das mais ricas das savanas tropicais, com alto grau de endemismo. Das cerca de 6.500 espécies de plantas, mais de 200 estão identificadas com algum uso econômico (forrageiro, madeireiro, medicinal e ornamental). A fauna do Cerrado é igualmente muito rica. Os invertebrados são muito abundantes e incluem um elevado número de endemismos, entre pequenos roedores e pássaros.