Prefeitura estuda implantação de EcoPark

Foto do Aterro São João (SP): Ecourbis

Um “parque” inovador, que integra diferentes tecnologias, para tratar e recuperar resíduos. Mais que isso: reduzir o volume encaminhado aos aterros sanitários, o que expande sua vida útil e diminui seus custos para a sociedade; também evita a produção dos gases de efeito estufa (GEE), como o metano, produzido pela degradação anaeróbia da matéria orgânica. Esta é uma definição simplificada do EcoPark, cuja criação foi tema do encontro realizado na Prefeitura de São Paulo, com o prefeito Bruno Covas, instituições internacionais e representantes de diversas Secretarias, dentre elas a do Verde e do Meio Ambiente (SVMA).

O conceito do EcoPark parte da implantação de um espaço capaz de tratar e recuperar resíduos sólidos de duas categorias: os mistos domiciliares e os orgânicos segregados na fonte de grandes geradores. O volume de resíduo hoje encaminhado aos aterros sanitários seria substancialmente reduzido e, com ele, também a geração dos chamados gases de vida curta, como o metano. “Fazer a compostagem dos resíduos orgânicos de feiras e parques evita que sejam conduzidos ao aterro e gerem metano; e toda e qualquer ação da Prefeitura que minimize a produção de metano colabora para enfrentar o aquecimento global”, afirma Laura Ceneviva, secretária executiva do Comitê de Mudança do Clima e Ecoeconomia, ligado à SVMA.

A abordagem do EcoPark atende ao comunicado emitido pela última reunião de cúpula da CCAC, realizada no âmbito da COP23 em outubro de 2017 em Bonn, Alemanha. Ela declara suporte ao máximo desvio de resíduos sólidos urbanos dos aterros sanitários, promovendo seu aproveitamento enquanto recurso ou matéria-prima para outras atividades. A integração de soluções tecnológicas pré-avaliadas visará à valorização da fração orgânica e recuperação de recicláveis secos que não foram segregados na fonte, bem como a potencial geração de energia elétrica descentralizada.
Etapas

O encontro, realizado no dia 2 de maio, que reuniu representantes da SVMA e de outras Secretarias, como Relações Internacionais, Prefeituras Regionais, Amlurb, Cetesb e a International Solid Waste Association (ISWA), além da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e Ecourbis. Ele deu início à terceira etapa de um projeto bastante ambicioso realizado no âmbito da Climate and Clean Air Coalition (CCAC) para apoiar o Município de São Paulo, com apoio técnico da International Solid Waste Association (ISWA) e coordenação local da Abrelpe, sobre destinação desses resíduos.

Na primeira etapa foi elaborado um diagnóstico do sistema de gestão dos resíduos urbanos e elaborado um Plano de Ação para aprimorar a gestão com a mitigação das emissões de poluentes climáticos de vida curta, como o metano e o carbono negro.

Entre abril e agosto de 2015, o ISWA e a Abrelpe enviaram proposta técnica à CCAC, solicitando recursos para implantar a segunda etapa, do Plano de Trabalho. Após a aprovação, em setembro do mesmo ano, foram desenvolvidos seis produtos/estudos, em conjunto com especialistas internacionais, ao longo de um ano: 1) Comunicação Ambiental Estratégica para a gestão de resíduos sólidos em São Paulo; 2)Relatório de Avaliação e Recomendações à planta piloto de compostagem da Lapa, São Paulo (em inglês); 3) Manual para gestão de resíduos orgânicos nas escolas; 4) Estratégia para a separação de resíduos orgânicos: desafios e oportunidades para São Paulo (em inglês); 5) Guia Técnico para operação de plantas de tratamento de resíduos orgânicos (em inglês); 6) Projeto piloto para coleta de resíduos orgânicos domiciliares em área da Lapa, São Paulo (em inglês).

Em julho de 2017, a ABRELPE submeteu à Iniciativa de Resíduos da CCAC uma proposta para viabilizar a terceira etapa, de assistência técnica, aprovada para ser iniciada em maio de 2018 e com duração de 17 meses. O objetivo é desenvolver um plano de trabalho para a cidade de São Paulo, incluindo vários estudos e abordando os aspectos técnicos, regulatórios e de viabilidade financeira para um projeto abrangente de instalação de um Eco-Park.

Apoio internacional
O foco da Climate and Clean Air Coalition e sua Municipal Solid Waste Initiative (CCAC MSWI) para São Paulo, em uma parceria ISWA/Abrelpe é acompanhar a destinação dos resíduos sólidos urbanos e todo seu processo de coleta, tratamento e disposição final, de modo a mitigar as emissões de metano (resíduos orgânicos) e carbono negro (frota ultrapassada de caminhões, queima a céu aberto).

Além de contar com a base de dados mundial sobre iniciativas municipais ao redor do mundo para uma gestão sustentável de resíduos urbanos e ser convidada para workshops exclusivos, São Paulo recebeu essa assistência técnica personalizada da ISWA e da ABRELPE e de outros líderes da Iniciativa: UNEP, as Agências Ambientais Federais dos EUA, Suécia e Alemanha, C40 e outras organizações.