Polícia apreende 130 animais silvestres traficados

Cobras, gambás, saguis e lagartos (um já sem vida) foram encaminhados ao Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS).

Foto: Tiago Ostorero

O tráfico de animais voltou a vitimar 130 animais e sete ovos, entregues ontem (7) por policiais civis e militares ao Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS), da divisão de Fauna da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). Os animais haviam sido apreendidos na mesma data, em dois locais diferentes: na zona norte e na cidade de Itapecerica da Serra. Os responsáveis faziam leilões em redes sociais e foram presos pela polícia com base no artigo 255 da Constituição Federal.

Foram apreendidos sete ovos (dois de cobra e cinco de jabuti), além de Bichos-pau australianos, aves, aranha caranguejeira, saguis, pererecas, cobras, cágados, gambás e porcos-espinho, além de coelhos domésticos e roedores (hamster, ratos, cobaia e gergil). Dos lagartos, um chegou já sem vida. A equipe técnica do CeMaCAS realizou triagem, exame clínico, microchipagem e tratamento médico aos que apresentavam ferimentos.

O número de animais apreendidos é muito maior, se considerarmos as ações do tráfico que são bem-sucedidas. “É preciso ter consciência de que, quando se compra um animal silvestre, outros podem ter perdido a vida durante a caça e o transporte. É cruel”, comenta a diretora da Divisão de Fauna, Juliana Summa. Dentre os animais recebidos pela SVMA, muitos são considerados exóticos e se encontram em lista de extinção. Abaixo, uma Píton.

Burlando a lei
Embora a fauna silvestre seja protegida pela Constituição Federal, alguns seres humanos insistem em “aprisionar” aves de rara beleza ou canto exótico. O que não exclui outros animais, como os apreendidos nesta ação policial. O crime só existe porque existem “receptadores”, que ignoram o mal causado à biodiversidade.

O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilícito do mundo (só perde para narcóticos e armas). Ele representa até 15% de aves extraídas das matas brasileiras, e cerca de 90% delas morrem no trajeto. A América do Sul possui a mais rica Avifauna do planeta, com mais de 2.950 espécies. As aves enclausuradas em gaiolas perdem sua capacidade de caça e de defesa dos predadores, além de serem privadas do processo reprodutivo.