Palmeiras Seafórtias serão removidas do Parque Trianon

Espécies exóticas invasoras comprometem a biodiversidade local e darão lugar à vegetação nativa de Mata Atlântica.

 Para um leigo, parece “apenas” uma palmeira, mas a Seafórtia (Archontophoenix cunninghamii), também conhecida como palmeira-australiana ou palmeira-real, é a maior responsável por uma invasão biológica no Parque Trianon. A invasão biológica ocorre quando plantas exóticas (não nativas de uma localidade e, geralmente, vindas de outros países) comprometem a flora original e oferecem riscos à biodiversidade (por isso, invasoras). A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) realizou diversos estudos no local, envolveu a sociedade civil e promoverá a substituição gradativa da palmeira Seafórtia no interior do Parque do Trianon por mudas nativas da Mata Atlântica.

A decisão da SVMA em realizar ações que visem o controle da espécie invasora segue solução dada diante de situação semelhante ocorrida na vegetação de Mata Atlântica da Cidade Universitária. Os cientistas do Instituto de Biociências pesquisaram o fenômeno e concluíram que a espécie invasora provocava prejuízos à flora nativa. Em 2011, as Seafórtias da USP foram substituídas por 120 espécies nativas de Mata Atlântica. A SVMA consultou parceiros como a SOS Mata Atlântica, universidades e comunidade para conduzir a ação, que prevê a conscientização da comunidade para a reposição das perdas vegetais e consequente retirada dessas plantas, além do controle da invasão biológica em andamento.

O projeto prevê, além do controle/erradicação da palmeira seafortia, a realização de levantamento quantitativo de aves e, também, o plantio de novas espécies arbóreas e palmeiras nativas.

Problemas e soluções

A Seafórtia provoca muitos danos ambientais devido ao seu crescimento rápido, à intensa competição com outras plantas e à sua sombra excessiva que prejudica a germinação das espécies nativas. Suas sementes possuem menos nutrientes que as de outras palmeiras nativas, como por exemplo o palmito-juçara e o jerivá; as aves que as consomem contribuem para disseminá-las ainda mais. O empobrecimento de flora também traz riscos às 57 espécies de animais silvestres locais, sendo dez invertebrados, um anfíbio, 39 aves e sete mamíferos.

O projeto prevê o manejo da vegetação com substituição das exóticas por espécies nativas e o preenchimento do sub-bosque, entre solo e copas, com plantas atrativas à fauna. Epífitas, como bromélias e orquídeas, também contribuirão para atrair novas espécies da fauna. Essas ações permitirão a preservação do remanescente de mata atlântica do Parque Trianon, permitindo que seja um refúgio e fonte de alimentação saudável para a fauna silvestre – um privilégio deste oásis da natureza em plena Avenida Paulista.