Programa Córrego Limpo avança com objetivos consistentes

Imagem: EcoJob

Dois emblemáticos córregos paulistanos – o Ipiranga, dentro do parque municipal de mesmo nome, e o Córrego dos Freitas, na região sul – estão na mira do Programa Córrego Limpo, que avança em nova fase após sua retomada. Eles fazem parte do pacote de mais de 70 córregos a serem despoluídos na atual etapa do programa. Atualmente, o objetivo é requalificar 66 dos 149 córregos já despoluídos, pois voltaram a apresentar índices inaceitáveis, como lixo, entulho e ocupações irregulares. Dois deles – M’Boi Mirim e Carajás – já foram entregues.

Criado em 2007 para conservar e preservar a segurança hídrica dos reservatórios, o Programa Córrego Limpo sofreu perdas devido à retração da Prefeitura de São Paulo no período de 2013 a 2016, após despoluir 149 unidades. A retomada, em março deste ano, trouxe benefícios complementares: o que era apenas um convênio entre Estado e Município – portanto, suscetível a mudanças políticas – transformou-se em um compromisso firmado em contrato e está assegurado até 2039.

Pela envergadura e dimensão de seus trabalhos, o programa tem reunido esforços de diversos setores das esferas estadual e municipal. Pelo governo estadual estão a Sabesp e a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. A prefeitura é representada pelas secretarias de Serviços e Obras (coordenadora do projeto), do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), das Prefeituras Regionais e da Habitação. Durante encontro realizado em 15 de maio último, reuniram-se pela primeira vez os responsáveis por obras de todas as Prefeituras Regionais e profissionais da Sabesp que atendem a cada região.

A Sabesp mapeia, inspeciona e realiza a manutenção de redes coletoras; executa obras de remanejamento, ligações, interligações e prolongamento de redes coletoras; monitora a qualidade das águas e conscientiza a população local. Já as Prefeituras Regionais são responsáveis pela limpeza do leito e das margens dos córregos (corte de mato, retirada de entulho, etc.); manutenção de galerias de águas pluviais (GAP) e bocas de lobo; verificação de possíveis ligações irregulares nas galerias; contenção de margens; fiscalização de imóveis que não estejam conectados às redes coletoras e reurbanização de fundos de vale para permitir a implantação da infraestrutura de esgotamento.

Desafios

Dos 149 córregos despoluídos até 2012, pelo menos 66 estavam desqualificados, ou seja, apresentavam lixo e mato em suas margens. Outro fator passível de desqualificação do córrego é a quantidade de oxigênio necessária para promover a oxidação da matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas, ou Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que é expressa em miligramas de oxigênio por litro. Para ser considerado despoluído, a DBO do córrego deve ser inferior a 30.

Paralelamente à requalificação dessas 66 unidades o cronograma do programa inclui pelo menos 70 novos córregos. Dois deles são particularmente importantes porque, além de suas dimensões, são também estratégicos para os mananciais e apresentam quadros mais críticos, como ocupações irregulares. São eles o Riacho do Ipiranga e o Córrego dos Freitas. Nessas áreas, mais de mil famílias precisam ser removidas.

A despoluição dos dois córregos contribuirá profundamente com a recuperação dos rios Pinheiros e Tietê. “O Programa Córrego Limpo é mais uma união de forças entre Governo do Estado e Prefeitura em prol da população de São Paulo”, afirma o vice-prefeito e Secretário de Prefeituras Regionais, Bruno Covas.

Córregos recuperados

Entre os córregos recuperados está o Mandaqui, na zona norte. A Sabesp realizou varredura em 440 km de redes coletoras de esgoto para identificar reparos e melhorias e detectar lançamentos clandestinos, instalou 10 km de tubulações para coleta e afastamento de esgoto e executou 455 novas ligações domiciliares. O investimento realizado pela companhia foi de R$ 18 milhões. Mais de 40 km de cursos d’água foram limpos – 7,5 km do próprio Mandaqui e mais 33 km de seus afluentes.

Já o córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, zona leste, possui 18 km de redes coletoras de esgoto, em que foram realizadas varreduras em toda sua extensão para identificar reparos e melhorias. Para a despoluição do córrego foram instalados 3,5 km de rede para coleta e afastamento de esgoto e executadas 596 novas ligações de esgoto. O investimento realizado pela companhia foi de R$ 3,5 milhões. Com isso, mais de 2 km de cursos d’água chegam limpos ao rio Tietê. Os 35 mil moradores do entorno foram beneficiados.

Novas intervenções

Do total de 149 córregos recuperados, 47 ficaram totalmente sem manutenção nos últimos anos. Por isso, as Prefeituras Regionais responsáveis retomarão os serviços de zeladoria no local, com poda no entorno e retirada de entulho. As Prefeituras Regionais também farão intervenções em outros 22 córregos recuperados que sofreram invasões em suas margens. O Grupo Técnico composto por representantes da Sabesp e da Prefeitura avalia, ainda, a inclusão dos córregos Uberaba e Casa Verde.
A bacia do córrego dos Freitas está localizada na região de Capão Redondo, zona sul da cidade, e passa pelos bairros de Capão Redondo, Jardim São Luís e Jardim Ângela. A área de drenagem da bacia é de 3,6km². O córrego dos Freitas é afluente do córrego Morro do S e tem 4,5 km de extensão; o trecho da rua Jacques Le Mercier até a rua Canuto Luis do Nascimento tem 3,3km em canal aberto; a partir deste ponto, segue pela rua Banco do Brasil em galeria fechada até desaguar no córrego Morro do S (1,2km).