Projeto Agriculturas Paulistanas incentiva e articula produção nas zonas rurais na cidade

 

Desenvolvimento local e preservação ambiental são algumas das metas do programa, que busca unir pontos da cadeia produtiva

O programa inovador, que visa o fomento à produção agrícola orgânica nas zonas rurais de São Paulo e a colocação junto aos consumidores, incluindo escolas, venceu o chamado Desafio de Prefeitos, promovido pela Bloomberg Philantropies.

O prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, acompanhado do Secretário do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ravena, recebeu, na Cidade do México, o prêmio de 5 milhões de dólares, do presidente da instituição, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.

Lançado pela prefeitura paulistana em março desse ano ,envolvendo as secretarias de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo; do Verde e Meio Ambiente; de Desenvolvimento Urbano, Coordenação das Subprefeituras e Secretaria de Serviços, o projeto incluiu a criação de uma plataforma digital para conectar agricultores rurais orgânicos da cidade com restaurantes e mercados.

Além de garantir a colocação dos produtos, a proposta visa incentivar a agricultura orgânica e turismo gastronômico, conferindo outra finalidade econômica para essa área da zona sul de São Paulo, inibindo a ocupação predatória e ilegal dos loteamentos clandestinos, como vem acontecendo há mais de cinco décadas, ajudando a preservar áreas de mananciais e de reserva de Mata Atlântica.

Elas se localizam predominantemente no extremo Sul da cidade, como o distrito de Parelheiros, e englobam as Áreas de Proteção Ambiental (APAS) Capivari-Monos e Bororé-Colônia.

Segundo Rodrigo Ravena, Secretário do Verde e Meio Ambiente, as políticas ambientais da cidade vêm ganhando destaque devido à sua inovação.

“São Paulo está muito adiantada em várias medidas de proteção ambiental que o mundo inteiro está adotando. A chave deste projeto é que ele pode ser implantado em qualquer lugar”, aponta.

Uma das medidas que englobam o Agriculturas Urbanas é o programa Patrulha Agrícola. Ele oferece aos produtores acesso comunitários a equipamentos como trator, carreta e perfurador de solo para ajudar na produção.

Além disso, é disponibilizado para as famílias um fertilizante orgânico. Ele é produzido na central de compostagem, inaugurada no início do ano no bairro da Lapa, zona Oeste, e tem capacidade de processar diariamente uma tonelada de resíduos.

O projeto também engloba o programa Hortas e Viveiros da Comunidade. Ele baseia-se na formação de agentes multiplicadores, para auxiliar as comunidades de produtores rurais na implementação de projetos de agricultura urbana.

A Lei da Merenda Orgânica, regulamentada em abril de 2016, é mais um mecanismo que atua para aproximar a produção das áreas rurais com o cotidiano dos paulistanos.

Ela torna obrigatória a inclusão de alimentos orgânicos ou de base agroecológica nas merendas escolares da rede pública municipal. A implementação será feita de forma gradativa, com aumento de 10% no total a cada ano.

Para Rodrigo Ravena, é importante atuar em diversas frentes para melhorar a situação ambiental de São Paulo.
“Com o Agriculturas Paulistanas todas as esferas envolvidas ganham, tanto os produtores quando a cidade. Além disso, o projeto também atua como um incentivo à preservação, na medida em pode inclusive vir a gerar renda baseada no ecoturismo, com visitação aos sítios, fazendas e áreas de produção e preservação”, destaca.

Outro problema grave que as zonas rurais da cidade enfrentam, principalmente no extremo Sul, é a ocupação irregular da terra. Para combater este quadro, o Agriculturas Paulistanas implantou um processo de mapeamento e diagnóstico das propriedades rurais, a fim de regularizar a posse dos territórios.

Com isso, fica permitido o acesso a crédito e a implantação de novas políticas de incentivo à agricultura. Outra medida que contribuiu para normalizar a situação das zonas rurais e aproximá-las das políticas urbanas foi sua integração no novo Plano Diretor, de 2014.

“Ao produzir nestas zonas, a pessoa ajuda na preservação da mata e na manutenção da agricultura e também impede a invasão das terras que são suas. Ela não fica seduzida pela especulação imobiliária”, finaliza Ravena.