O casarão que virou parque e reserva de Mata Atlântica em plena Avenida Paulista

O Parque Prefeito Mário Covas é uma das duas áreas remanescentes da vegetação nativa da região atualmente marcada por espigões de alto luxo

Foto (esq.): Álbum Iconográfico da Avenida Paulista / Foto (dir.): Joca Duarte  / SVMA

Muitos paulistanos nem sabem. Mas ao circular pelo parque sombreado, na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Ministro Rocha de Azevedo, estão pisando num terreno que tem muita história. Na área de 5.396 m² ficavam os jardins da Vila Fortunata, casarão construído em 1903, pela família de René Thiollier, escritor, intelectual, fundador do Teatro Brasileiro de Comédia, que teve papel de destaque na Semana de Arte Moderna de 1922.

Ele viveu no casarão de 1913 a 1968, quando faleceu. Por 55 anos, a “Villa Fortunata”, sua grafia original, reuniu os mais importantes artistas e intelectuais da época, como os escritores Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato e as pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral.

A “Villa” também abrigou um dos nomes mais ilustres do paisagismo brasileiro; Roberto Burle Marx. Sua família alugou o imóvel entre 1909, ano em que ele nasceu e viveu ali até 1912, quando os Thiollier estavam na Europa.

Burle Marx morou na residência até os quatro anos, quando os pais se mudaram para o Rio de Janeiro. Segundo alguns biólogos, o interesse de Burle Marx pelo paisagismo teria nascido de sua vivência nos belos jardins da vila.

O casarão, construído em estilo eclético de influência europeia, era um dos mais imponentes da Avenida Paulista, marcada pelos belos palacetes. A partir dos anos 1950 a Avenida começou a mudar suas características com surgimento dos primeiros edifícios altos. Nos anos 1960 e setenta, a valorização das grandes áreas residenciais levou a uma onda de demolições dos antigos palacetes dos barões do café e dos muito comerciantes paulistanos.

A Villa Fortunata foi demolida em 1972. Em 1991, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) iniciou processo de tombamento da área, por reunir expressiva mancha de Mata Atlântica. Apresenta vegetação composta por bosque heterogêneo com sub-bosque ornamentado por aráceas, bromeliáceas e commelináceas. Dentre as espécies arbóreas, destacam-se abacateiro, cafeeiro, cedro, figueira-da-índia, figueira-mata-pau, grumixama, mangueira, paineira, passuaré, pinheiro-do-paraná e tapiá-guaçu.

Estabelecidas as diretrizes para ocupação do terreno, ele foi transformado em parque municipal, a área foi desapropriada em 2007 e o parque inaugurado em 24 de janeiro de 2010, um dia antes do 456º aniversário de São Paulo.

O nome foi dado em homenagem ao político paulista Mário Covas, que entre outros cargos públicos foi prefeito e governador de São Paulo.

Junto com o Trianon, oficialmente Tenente Siqueira Campos, o Parque Prefeito Mário Covas abriga áreas protegidas de vegetação nativa de Mata Atlântica na região da Paulista, hoje quase inteiramente ocupada por edifícios comerciais e uma das avenidas mais movimentadas da cidade.

Dentro do parque, encontra-se a Central de Informação Turística Paulista (CIT) onde os turistas e visitantes têm à disposição informações em português e inglês, sobre o patrimônio histórico de São Paulo, eventos que ocorrem na cidade, infraestrutura, serviços e acessos.

Há também materiais como guias turísticos, culturais, de compras, além de mapas da cidade e folhetos de diferentes atrativos para visitação.


Serviço:
Parque Prefeito Mário Covas
Av. Paulista, 1853 – Bela Vista
Funcionamento: diariamente das 7h às 18h
Telefone: (11) 3289-2160