Carta da Terra em Ação realiza primeiro debate sobre Agroecologia e produção de alimentos orgânicos

Com três convidados, a conversa abrangeu os campos de produção e distribuição de alimentos, alinhados a técnicas da Agroecologia.

 No dia 7 de julho, o programa Carta da Terra em Ação realizou o primeiro de dois debates abertos, que integram a formação do curso. O encontro teve como tema a Agroecologia e a Produção de orgânicos na cidade de São Paulo. As atividades foram realizadas na sede da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), contou com a presença de agentes que atuam de maneira efetiva, tanto no campo da agroecologia, quanto da produção e distribuição de orgânicos.

Os palestrantes convidados foram o biólogo Paulo Fonseca, a Diretora da Cooperapas, Valéria Macoratti, e o assessor do Departamento de Alimentação Escolar, da Secretaria Municipal de Educação (SME), Luiz Henrique Bambini. Os três apresentaram suas experiências e saberes a respeito da valorização de uma produção mais sustentável de alimentos e que possa suprir as demandas alimentícias da cidade, agregando o consumo saudável, o preço acessível e um alimento livre de insumos químicos.

Abrindo as falas do evento, Paulo Fonseca apresentou conceitos básicos da agroecologia. Descrevendo-a como uma ciência de diversos conhecimentos e práticas do campo, integrando os estudos da agronomia, sociologia e até da economia, o conceito é mais amplo do que apenas criar uma horta de produtos orgânicos. A agroecologia se estende desde a produção de alimentos, realizada sem a inserção de produtos químicos, passando pela valorização dos pequenos produtores, que devem receber uma justa remuneração pelo seu produto, até a distribuição desse alimento, que deve ser feito de forma coerente a toda população, com preços justos e acessíveis.

A agroecologia e suas práticas têm como objetivo converter a chamada agricultura tradicional, baseada na grande produção de poucos alimentos, em uma agricultura sustentável, tanto na hora de plantar, integrando diversos sistemas florestais às plantações, quanto na hora de vender produtos saudáveis que possam chegar a toda população. A redução de insumos químicos nas plantações, o manejo e propagação da biodiversidade e a valorização de várias culturas e sistemas no campo, são formas de converter a agricultura tradicional em uma agricultura sustentável.

Produzindo e vendendo alimentos orgânicos na Zona Sul de São Paulo, a presidente da Cooperapas, Valéria Macoratti, agregou os saberes adquiridos diretamente no campo aos conhecimentos acadêmicos e científicos. Com mulheres à frente do projeto, a iniciativa representa a igualdade de gênero brotando na roça e na produção alimentícia. A partir de critérios rígidos no controle de qualidade, a Cooperapas envolve algumas técnicas da agroecologia em suas ações. A integração da horta com outros ecossistemas e a produção de diversas culturas, fator que melhora as condições do solo, são algumas das técnicas utilizadas na horta. A cooperativa também recebe visitas de colégios e crianças, apresentando a importância e os benefícios de valorizar uma produção sustentável, que influencia tanto na economia das famílias produtoras, quanto na saúde dos consumidores.

Por fim, Luis Henrique Bambini, assessor do Departamento de Alimentação Escolar da SME, destacou o caráter pedagógico da alimentação nas escolas. Além de ser essencial para o aprendizado, a comida também é valorizada como tema de discussão no espaço escolar. Com avanços notáveis, projetos de colégios que integraram hortas e sistemas de aprendizado se mostram como maneiras concretas de mudança de hábitos alimentares entre as crianças.

Também foi destacada a atuação integrada entre SME e Governo Federal. Com os repasses do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a secretaria ajuda a fomentar e garantir a compra de produtos de pequenos agricultores, contribuindo para geração de renda dos produtores e, do outro lado, garantindo alimentação de qualidade nas escolas do município de São Paulo. Cerca de R$ 30 milhões são destinados à compra de produtos provindos da agricultura familiar, com a exigência de que o alimento seja orgânico. A cada ano, o número de produtores beneficiados e de crianças bem alimentadas aumenta, mostrando a efetividade do projeto.