Herbário Municipal de SP: uma valiosa fonte de documentação sobre o meio ambiente

Objetivo de sua criação foi o de preservar e estudar a vegetação e divulgar a Flora

Herbário fica em uma casa branca com paredes pintadas em azul com folhagens verdes ao fundo

Criado pela Prefeitura de São Paulo em 1984, o Herbário Municipal é um acervo de plantas identificadas e catalogadas, devidamente prensadas e secas, que são preservadas por centenas de anos. O objetivo de sua criação foi o de preservar e estudar a vegetação e divulgar a Flora da cidade de São Paulo, especialmente dos parques municipais. A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), com o objetivo de subsidiar e dar diretrizes às ações ambientais, desenvolve projetos de levantamento da biodiversidade em diversas áreas.

O conhecimento sobre a fauna e flora silvestres é fundamental para a elaboração e Plano de Manejo e Conservação de Áreas Verdes, sendo importante ferramenta para o monitoramento ambiental. Atualmente, o Herbário Municipal conta com 21.092 amostras de plantas herborizadas que estão incluídas em seu acervo, sendo 4.312 espécies de angiospermas, 44 espécies de gimnospermas, 152 espécies de pteridófitas, 105 espécies de briófitas e 13 espécies de líquens. A maioria dos registros é do município de São Paulo. Por meio deste setor, é realizada a identificação botânica, atendendo a necessidades técnicas da SVMA e da população em geral.

De acordo com Ricardo José Francischetti Garcia, biólogo e coordenador do Herbário Municipal – DPHM-4 desde 1995, as amostras de plantas são provenientes de coletas que sua equipe realiza ou são trazidas por técnicos da prefeitura ou munícipes com objetivos diversos, mas que necessitam da identificação botânica. As amostras passam pelo processo de herborização (são etiquetadas, prensadas em folhas de jornal e papelão, mantidas em estufa por 1 semana); depois de secas são triadas e encaminhadas para identificação (com uso de bibliografia especializada, análise de estruturas reprodutivas ao microscópio estereoscópico, consulta a sites e à coleção identificada do acervo). Em seguida as informações de coleta são incluídas em bancos de dados. As plantas são montadas em cartolina com a respectiva identificação e ficha de dados, fotografadas e acondicionadas na coleção (herbário).

Ricardo Francischetti explica que a documentação da flora é fundamental para medidas de políticas ambientais nas áreas de planejamento, educação, manejo, conservação, fiscalização e licenciamento, especialmente para o município de São Paulo, mas também ao Estado e ao país.

Atendimento aos Munícipes
O atendimento é gratuito e não há limite de amostras entregues, porém a análise das mesmas depende das demandas de SVMA e dos projetos em andamento no Herbário Municipal, ou seja, a princípio não pode ser definido um prazo para devolução das identificações.

“ Se algum munícipe quiser trazer uma espécie para identificação no Herbário deve seguir alguns passos. A amostra de preferência deve conter os elementos para identificação (um ramo com folhas, flores e/ou frutos, para espécies arbustivas ou arbóreas), a planta inteira (para grande parte das plantas herbáceas) e devem vir frescas (recém coletadas) ou herborizadas. Além disso, precisam conter informações como: nome do coletor (e mail para contato), data e local de coleta, dados da planta que se perdem com o processo da herborização, como altura (no caso de árvores por ex.), cor de flores e frutos, presença de látex, ambiente etc.”, conclui Ricardo.

O dia e horário para recebimento são: de segunda-feira a sexta-feira (durante a pandemia das 10 às 16 horas, após agendamento pelo telefone 5574-6201). Endereço: Av. IV Centenário, 1268. Parque Ibirapuera, portão 7 A (Viveiro Manequinho Lopes).

No banco de dados do Herbário Municipal constam 195 áreas, sendo que destas apenas 11 não são dados de coletas do próprio Herbário Municipal. A espécie com maior número de registros (ocorrência, mas não de amostras no acervo) é a Palmeira Jerivá, com130, seguido pela Árvore Aroeira-Mansa, com 123.

“Fizemos uma coleta de uma espécie nova para a ciência a partir de nossos levantamentos em campo. Trata-se de uma Canela, que foi descrita a partir das coletas que realizamos no levantamento florístico do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Curucutu, município de São Paulo e divisa com Itanhaém. Na época foi bastante comemorado porque não é fácil encontrar novas espécies de árvores na Mata Atlântica, muito menos se imaginava que na comunidade científica de São Paulo abrigava ainda uma grande diversidade florística como temos mostrado a partir do nosso trabalho”, afirma Ricardo.
Para o biólogo, outro recente fator marcante foi o elogio que receberam da coordenação do projeto Reflora, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico de Rio de Janeiro, responsável pelo Herbário Virtual, pela qualidade técnica das amostras fotografadas, especialmente para plantas exóticas (não brasileiras), sendo, portanto, importante fonte de informação para pesquisadores.