Marsha e Raoni: as onças-pardas do Cemacas

Resgatadas em canaviais no interior de SP, hoje, estão muito saudáveis

 Onça Raoni é pequena e marron clara e a Marsha é maior

A Divisão da Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente mantém em seu Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CEMACAS) duas onças-pardas jovens retiradas de canaviais do interior de SP:

Marsha
Diversos animais são recebidos na unidade, mas a onça fêmea, que recebeu o nome de Marsha, foi o primeiro filhote da espécie, que chegou ao CEMACAS em 8 de julho de 2019 com cerca de 15 dias.

Juliana Summa, diretora na Divisão da Fauna Silvestre na SVMA, comenta: “Nós nunca tínhamos recebido um filhote de onça. Então a alimentação, o tipo de leite, os cuidados foram um processo de aprendizado constante. O mais difícil foi conseguir mantê-la sempre bem alimentada, sem que faltassem vitaminas, e também avaliar o momento exato de passar da amamentação para a alimentação com carne”, diz Summa.

De acordo com a bióloga, a Marsha sempre foi muito fácil de lidar, o que ajudava na hora de realizar os cuidados diários. Ela avisava quando deveriam avançar para o próximo passo, como o desmame e ficar definitivamente sozinha nos diferentes recintos.

“Inicialmente, como a intenção era devolvê-la para a vida livre, ela só tinha contato com uma pessoa, até aproximadamente seus três meses de vida. Depois, passou a ter contato com outras pessoas e a intenção foi não permitir que virasse um animal medroso, ansioso para que o manejo diário fosse mais fácil para todos”, afirma Juliana.

O que muitos se perguntam é qual a alimentação correta que deve ser oferecida a esta espécie, uma vez que não está em seu habitat natural. Desde os 15 dias de vida até aproximadamente seus 4 meses, Marsha foi alimentada com leite de cabra com suplemento, de 3 em 3 horas, depois de 4 em 4horas. Com 3 meses passou a comer carne e presas pequenas (rato e codorna) e foi largando o leite aos poucos.

“Hoje ela está com 16 meses e mais de 40 quilos. É muito brincalhona, mas muito desconfiada com quem não conhece. Passa os dias observando o movimento dos tratadores, técnicos e estagiários do alto de suas plataformas, onde também dorme bastante e toma sol”, declara Summa.
Como um bom felino, ela se mantém mais ativa durante à noite. Não desenvolveu até o momento nenhum estresse de cativeiro, conhece os seus horários de alimentação, manejo, brincadeiras e espera por eles. Juliana Summa conta um pouco sobre sua experiência com a Marsha e diz que foi “mãe” exclusiva por três meses. “Foi como criar um filho mesmo, por todos os cuidados que eu tive que ter com ela e foi um grande aprendizado”, afirma a bióloga.


Raoni

Raoni chegou ao CEMACAS um pouco mais velho do que a Marsha, com cerca de 2 meses de idade, em 6 de julho deste ano. Portanto o contato dele foi muito mais próximo com humanos. Ele dormia no colo, mamava na mamadeira e até hoje brinca bastante com as pessoas. Está crescendo muito rápido e saudável. Com seus quatro meses já come camundongos, carne de boi e de porco. À tarde, antes de dormir, toma ainda de leite de cabra com suplementos (foi desmamado da mamadeira há uma semana).

Raoni também permite uma excelente vivência e convivência com seus tratadores. “É um bebê muito feliz, com ele não tem tempo ruim. Se diverte com qualquer coisa e é bem mais esperto do que a Marsha”, relata a bióloga.

Embora sejam animais selvagens, tanto a Marsha como Raoni, não retornarão para a vida livre. “Não existe esta possibilidade, pois Marsha chegou muito nova ao Cemacas e não tem como reproduzir todo um aprendizado de conhecimento do território, caçar, temer os humanos que receberia da mãe. Raoni também não voltará para o seu habitat natural pois tem muita proximidade e afinidade com as pessoas”, esclarece Juliana.