Saiba o que fazer quando encontrar um filhote “abandonado”


Quando encontramos um filhote de passarinho que não consegue voar e parece perdido ou abandonado, o primeiro impulso é adotar a criatura indefesa. No entanto, muitas vezes essa atitude é mais prejudicial do que benéfica. Na maior parte dos casos, o jovenzinho não precisa de ajuda. A primeira coisa que se deve fazer é verificar se a ave em questão é um ninhego (“bebê”), como os dois à esquerda da foto, ou um jovem, como o da direita.

Se tiver penas esparsas e não for capaz de saltar, andar, dar voos curtos ou agarrar-se firmemente ao seu dedo, é um ninhego. Neste caso, o ninho com certeza está perto, mesmo que esteja bem escondido. Devolva o filhote o mais rapidamente possível e não se preocupe: os pais não reconhecem seus filhotes pelo olfato e não vão notar que estiveram na sua mão.

Já se estiver emplumado, conseguir saltar ou dar voos curtos e for capaz de agarrar-se firmemente ao seu dedo ou a um galho, é um jovem. Os jovens geralmente têm a cauda curtinha, são fofos e encantadores (por isso, é fácil imaginar que a avezinha esteja abandonada e precise de ajuda!). Na verdade, as aves jovens necessitam apenas de uma dieta especial e, principalmente, aprender com seus pais o comportamento e as vocalizações de sua espécie – coisas que não podemos ensinar.

Felizmente, muitos dos “abandonados” são avezinhas jovens e perfeitamente sadias, e os pais provavelmente estão por perto, cuidando dele e outros dois ou três jovens, espalhados por ali. Por isso, é muito provável que retornem para cuidar desse que você encontrou, assim que você for embora. Então, não adianta devolvê-los ao ninho, pois eles pularão de volta.

Nova jornada
Deixar o ninho pode ser vantajoso para algumas espécies. As pessoas tendem a imaginar os ninhos como casinhas aconchegantes e seguras. No entanto, os predadores levam pouquíssimo tempo para encontrar um ninho com filhotes vocalizando. Fora isso, esses espaços podem ser focos de parasitas. Por isso, os pais trabalham arduamente, do nascer ao pôr do sol, para os filhotes crescerem e saírem do ninho o mais rapidamente possível. Ao saírem, os jovens ficam espalhados pelo local e seus pais podem conduzi-los a diferentes pontos a cada noite, aumentando a chance de sobrevivência de cada um.

Esse ritual faz parte do seu ciclo natural de desenvolvimento, pois é no solo que a jovem ave recebe e pratica os benefícios do aprendizado de habilidades essenciais, como o comportamento e as vocalizações de sua espécie. São ensinamentos insubstituíveis que só os pais naturais podem oferecer. Por isso é tão importante não julgar que essa ave esteja “abandonada” – ao retirá-la de seus pais, você poderá prejudicar enormemente seu desenvolvimento!

Para não errar: mantenha a ave nas imediações de onde foi encontrado, tomando o cuidado de evitar o acesso de animais domésticos, como cães e gatos. Inicie a observação, a uma certa distância (de preferência de dentro de casa), para verificar se os pais retornam, pois eles costumam checar o filhote a intervalos regulares. Aves adultas são muito eficientes e não costumam permanecer no local por muito tempo, o que talvez dificulte a você perceber uma dessas visitas. Só assim você se certificará de que não se trata de uma ave órfã. Após quatro a seis horas de observação, se ficar absolutamente evidente que nenhuma ave adulta está cuidando do jovem, ele poderá ser recolhido e encaminhado a um centro de reabilitação.