Viaduto Sumaré tem dia dedicado a esportes radicais

Bungee jumping, rapel e tirolesa integraram as atividades da Fun Arena Vertical

Sumaré e Doutor Arnaldo. Localizadas na zona oeste de São Paulo, as avenidas são famosas pelos congestionamentos, o Cemitério de Araçá, hospitais de referência, um santuário católico que dá nome a estação Sumaré, um centro cultural judaico e pela própria passagem da linha 2-verde do metrô. No último domingo (21), esse cenário ganhou olhares curiosos surgiam da estação metroviária, da ciclovia e da avenida. As atenções eram especiais porque esportes de aventura transformaram a paisagem do local. Tirolesa, bungee jumping e rapel tomaram conta do Viaduto Sumaré durante a Fun Arena Vertical, instalada pela primeira vez no local.

As aterrisagens localizavam-se em três pontos diferentes. A cama elástica do bungee estava localizada em uma das calçadas da Avenida Sumaré. Os últimos metros do rapel davam acesso ao canteiro central da mesma via. Já a tirolesa chegava ao Viaduto Doutor João Tranchesi, na Rua Oscar Freire. A prática dos três esportes foi gratuita. O secretário de Esportes, Celso Jatene, marcou presença no evento. A Fun Arena Vertical foi realizada pela Associação Brasileira de Esportes de Ação (ABEA) e foi apoiado pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação (SEME).

No total, 27 metros de pura adrenalina separam o Viaduto Sumaré da avenida com o mesmo nome. Para o salto de bungee jumping, a altura cai para 25m. Keny Ferreira encarou o desafio e gostou da sensação de praticar esse esporte. “Dá um pouco de medo. Mas é só na hora. Depois que eles (os organizadores) falam ‘relaxa’, dá pra curtir. Não passou nada pela minha cabeça na hora do salto. Você olha a paisagem e aproveita o momento e a adrenalina”, relata a analista de sistemas. Aos 26 anos, Keny já saltou com paraquedas uma vez, em Boituva, interior de São Paulo.

O fácil acesso possibilitou que paulistanos de todas as regiões da cidade pudessem aproveitar as atividades da Fun Arena. Foi o caso de Daiana Andrade. Moradora de Guaianases, a bancária aguardava tranquilamente pela sua vez para o salto de bungee jumping. Essa seria a segunda vez em que ela praticaria esportes radicais. Assim como no caso de Keny, a estreia também aconteceu em Boituva, com o paraquedismo. “Vim aqui em busca de adrenalina. Todo mundo deveria fazer mais isso”, recomenda.

A preparação é longa e a torcida, animada. “Se joga”, falava uma das moças que assistiam ao salto. Depois de quase cinco minutos, Suellen Gomes, de 21 anos, saltou. Com o cansaço estampado no rosto e na voz, a vendedora tentava descrever a sensação de praticar um esporte de aventura como o bungee jumping: “Nossa, foi uma loucura. A sensação é inexplicável. Eu já pulei de para-quedas, só que o bungee é muito pior. É legal, vale muito a pena, mas acho que eu não faria de novo”. A explicação para não repetir a dose: o medo. “Cheguei a pensar: ‘vou morrer’”, complementa. Suellen já havia experimentado a adrenalina aplicada aos esportes radicais há quatro meses, quando saltou de paraquedas.

Suellen, Daiana e Keny fizeram parte da lista de 40 saltos de bungee jumping que estavam programados para o domingo. Do outro lado da Avenida Doutor Arnaldo, estava a tirolesa. “Estamos conseguindo atingir um número maior de praticantes, inclusive tem pessoas repetindo a dose. O bungee jumping, como é um esporte mais lento, já teve o número de saltos limitados para hoje”, explica Carlos Cerneve, alpinista industrial da Maxtreme, empresa organizadora do evento.

Em pouco mais de três horas, pelo menos 80 pessoas fizeram o trajeto entre os dois viadutos da região com a tirolesa. O evento também atraiu o público acostumado a praticar esportes radicais fora da capital paulista. Foi o caso de Rafael Araújo, de 19 anos. Morador de Pirituba, zona norte, o estudante fez tirolesa dentro da cidade de São Paulo pela primeira vez.

Tem coragem?!

“Nossa Senhora!”, exclamou Antônio Alves Claudino ao ver um dos saltos de bungee jumping a partir das escadas da estação Sumaré. Morador de Cidade Tiradentes, extremo leste da capital paulista, o empilhador deparou-se com a Fun Arena por um acaso. Claudino foi a região da estação Sumaré para visitar o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Ao testemunhar a prática de rapel, bungee jumping e tirolesa, ele logo se lembrou dos dois filhos: um deles é apaixonado por esportes radicais e pratica patinação há cinco anos. O outro está seguindo carreira na área de Educação Física. Aos 53 anos, Antônio não teria coragem de se aventurar em um dos esportes da Fun Arena: “tem que ter muita coragem”, justifica.

Na “arquibancada” improvisada na escada, a professora universitária Flávia Libermann também não teria coragem de praticar os esportes radicais oferecidos no Viaduto Sumaré. “Antes eu era mais corajosa. Hoje eu olho, acho bacana”, afirma. Atualmente, Flávia é adepta da dança como forma de atividade física.

Com mais de 16 anos de experiência em esportes radicais, o conferente Sidnei Gomes tirava fotos da esposa no bungee jumping. Antes disso, ele não deixou de aproveitar a adrenalina causada pelo esporte. “Quando fiquei sabendo que haveria o salto aqui, não pensei duas vezes antes de vir pra cá e trazer a Laíza”, conta. Os momentos de aventura também fizeram Sidnei se lembrar de seu primeiro salto na modalidade, feito em Mairinque.

Sonho realizado

Acidentes, uma proibição e um sonho. A prática de rapel foi proibida no Viaduto Sumaré em agosto de 2005 depois que um homem quebrou o braço. Desde então, Max Wienand e sua equipe desejavam trazer de volta a prática desse esporte ao local: “Eu conheço o Viaduto Sumaré há 15 anos, praticamente. Aí, por falta de organização, essa atividade ficou proibida aqui. Desde então, sempre tivemos o projeto de reativar a modalidade rapel de uma forma organizada. Quando houve a oportunidade, quisemos oferecer, além do rapel, a tirolesa e o bungee jumping, sendo a última uma atividade inédita aqui. É um lugar que oferece todas as condições para um mini bungee jumping seguro”, declara Wienand, da Maxtreme e da Associação Brasileira de Esportes de Aventura. Ao longo de nove anos, um dos marcos da prática autorizada de rapel foi a Virada Esportiva de 2009.

A ideia é repetir a Fun Arena Radical em 2015: “Essa é uma iniciativa bacana, pois era necessário fazer alguma coisa no Viaduto Sumaré com autorização da Prefeitura, porque até então todo mundo praticava vários esportes aqui, mas sem nenhuma autorização. Isso vai alavancar muito a questão do esporte urbano. Aumenta a visibilidade e o crédito para todo mundo”, afirma Carlos Cerneve.

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Texto:

Juliana Salles - jsalles@prefeitura.sp.gov.br

Fotos:

Francisco Pinheiro - fbpinheiro@prefeitura.sp.gov.br

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