NOS TATAMES DA VIDA

A carreira vitoriosa de Henrique Guimarães, diretor do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa

 Henrique Carlos Serra Azul Guimarães, palmeirense, católico e devoto de Nossa Senhora Aparecida, paulistano de 38 anos nascido no bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo, e mais conhecido como Henrique Guimarães, é o atual diretor do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação.

Nos tatames do Brasil e do mundo sempre foi um guerreiro, tendo conquistado a medalha de bronze, em 1996, na Olimpíada de Atlanta (EUA). Participou também das Olimpíadas de Sidney (Austrália, em 2000) e Atenas (Grécia, em 2004). Foi sete vezes campeão brasileiro, seis vezes campeão Sul-americano, três vezes campeão Pan-americano, 3º lugar nos Jogos Pan-americanos de 1995 na Argentina e em 2003 em Santo Domingo na República Dominicana, vice-campeão Mundial Júnior em 1992 na Argentina, vice-campeão Mundial por equipe na Bielo Rússia em 1998, vice-campeão da Korea Sung Cup de Judô em 1995, terceiro colocado da Copa Jigoro Kano de Judô no Japão em 1996, campeão da Copa Áustria, em 1997 e Bi-campeão do Torneio Guido Siene na Itália nos anos de 1995 e 2000. É casado com a professora de educação física Andrea e pai de dois filhos, o Diego, de 13 anos, que treina judô no COTP e Leonardo, de nove anos. Desde 2005 é funcionário do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa e no ano passado começou a comandar mais de 1.200 atletas, sendo que no judô são mais de 160. E foi numa manhã ensolarada que o grande campeão recebeu em seu gabinete no Centro Olímpico a equipe da Revista Eletrônica para um bate papo.

 

RE = O que o judô significa na sua vida?

HG = É o meu horizonte, aliás, tenho vários, mas é o principal. Foi o meu ponto de equilíbrio.

 

RE = Como nasce um campeão?

HG = São vários fatores que influenciam. A principal receita é a família.

 

RE = Como é o seu trabalho na direção do Centro Olímpico?

HG = Hoje é o de retribuir tudo que consegui na vida. Ser gestor é poder trabalhar e trazer para a população a oportunidade de alto rendimento. No setor público não conheço um local tão bom quanto o nosso Centro Olímpico. Com certeza deve estar entre os melhores do Brasil.

 

RE = Então o COTP é uma referência na formação do atleta?

HG = É um dos melhores lugares no processo de base. Nós queremos deixar um processo esportivo que o Brasil não tem. O Clube Escola, da Secretaria de Esportes, é a principal ferramenta do sucesso do esporte de alto rendimento, através dele poderemos ter atletas de reposição.

 

RE = Como você entrou no judô?

HG = Iniciei com cinco anos de idade com a finalidade de acalmar um pouco a criança agitada que eu era. Comecei a treinar na Associação de Judô Santana, com o professor Akira Yamamoto.

 

RE = Qual o seu ídolo no esporte?

HG = É o Sergio Pessoa, que foi meu técnico na seleção brasileira em 1996. Ele sempre me ajudou muito, de todas as maneiras. Hoje ele esta no Canadá.

 

RE = Qual a sua maior realização na vida?

HG = Foi a medalha olímpica que ganhei em Atlanta nos Estados Unidos em 1996. E o meu maior sonho é o de poder participar da cerimônia de uma abertura de uma Olimpíada. Nas três participações que eu tive a oportunidade, nunca desfilei. Porque tinha luta importante no dia seguinte do desfile.

 

RE = Mas nunca é tarde. E a perspectiva do Brasil no judô?

HG = O Brasil evoluiu muito nas últimas sete edições olímpicas e sempre trouxe medalhas. O judô é o segundo esporte que mais medalhas trouxe para o país. Foram quinze medalhas. A Vela conquistou dezesseis. Estamos entre os melhores, ao lado do França, Japão, Rússia e Coréia.

 

RE = Se você não fosse judoca o que você seria?

HG = Queria ser engenheiro. Trabalhei na construção civil como servente de pedreiro para ajudar a minha família.

 

RE = Você tem alguma mania?

HG = Olha, não sei se é mania ou superstição, mas na semana de competições nunca treinava com o kimono que usaria na luta. Sou católico e devoto de Nossa Senhora Aparecida e sempre tinha por baixo da bandeira brasileira do kimono fitinhas da Nossa Senhora Aparecida em sinal de devoção e proteção.