“Bater qualquer um sabe, mas o boxe vai além disso. É preciso sabedoria,coragem. É preciso nascer com um dom.”

Medalhista, professor, escritor, personal trainer, ex – atleta do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) João Carlos Oliveira já foi e é muitas coisas, mas, se há algo concreto em sua vida, é a sua paixão pelo boxe.

De todas as coisas que podem transformar uma pessoa, o esporte talvez seja a melhor ferramenta para a educação e o aprendizado de milhares de crianças e adolescentes. E hoje, João sabe disso. Mas aos oito anos, quando se mudou para São Paulo, ele não tinha ideia do que o futuro podia lhe proporcionar. Atualmente, quando visita sua terra natal, Alagoas, João é tratado como um verdadeiro ídolo popular – um vencedor na vida e nos rings.

Dois anos depois de chegar em São Paulo com sua família, João Carlos se matriculou em uma escola de Kung Fu. Era divertido, mas algo estava faltando. “A luta era falha. Eu sentia que estava faltando alguma coisa. Minhas mãos estavam sempre abertas, e eu mal me movimentava. Eu queria mais ação”. Depois de conversar com o seu professor, ele decidiu que queria fazer boxe. Procurou a melhor escola da região, e logo se matriculou no COTP.

“Eu fui recebido de braços abertos. A estrutura sempre foi ótima e, á partir daquele dia, minha vida mudou. Eu conheci uma grande pessoa, um grande mestre. Messias Gomes foi uma das pessoas mais importantes da minha vida justamente por me entender e por me encorajar. Ele acreditou em mim, e foi aí que eu me apaixonei pelo boxe.”, relembrou. E a ajuda que Messias proporcionou para João não acabou por aí. O treinador também o encorajou para se matricular na faculdade de Educação Física. Graças a ele, Carlos é formado, e ainda cursou mais dois cursos: Administração de Marketing e Nutrição Esportiva.

Foram vinte anos de “casa” com muitas competições e treinos. Aos poucos, o boxe deixou de ser um hobby para ser um estilo de vida. Sempre em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação da cidade de São Paulo, João se tornou um dos maiores ídolos de sua cidade e conquistou muitas vitórias.

Graças ao boxe, ele também conseguiu se aperfeiçoar em outras lutas marciais. Voltou a lutar Kung Fu, e até participou de várias competições. “O boxe melhorou muito o meu desempenho. Eu aprendi a lutar, a me movimentar e, conseqüentemente, comecei a me sair melhor em outras lutas também. Ele foi o meu elemento fundamental para ganhar em outras categorias”, contou. E é verdade. Nas competições em que participou fora do país, João também disputou outras categorias.

Ao relembrar de suas lutas, ele se diverte. Ele já passou pelo México, Argentina, Espanha e pelos Estados Unidos. Já teve lutas transmitidas em rede nacional, participou do primeiro Pan Americano de Wushu (no Brasil, conhecido como Kung Fu) e, para termos uma ideia de sua importância para o Centro Olímpico, de todas as competições em que participou com a equipe, Carlos conseguiu pontuar em todas elas. Das 20 lutas amadoras, só houveram duas derrotas.

Uma das suas lutas mais memoráveis, que aconteceu no ano de 1997 no Campeonato de Boxe Kid Jofre, traz boas lembranças. “Eu estava na final, disputando pelo Centro Olímpico. O meu adversário era um nocauteador nato e já tinha acabado com dois de meus colegas... mas eu não tive medo. Ganhei a luta, e ainda arranquei o dente dele! Só depois que eu fui saber que ele era o filho do técnico. No final da luta, eu o vi entregando o dente para o pai. Foi memorável”.

Hoje, aos 39 anos, Carlos ainda treina. Faz de duas á três horas de luta, seguidas por uma hora e meia de treino aeróbico. Além disso, é professor particular de boxe, avalia trabalhos de faculdade relacionados ao esporte e ainda é personal trainer. Somando a isso, por várias vezes realiza assessoria para Faculdades e ainda dá palestras sobre seu livro contando como o boxe pode ser considerado um modo de vida. E você pensa que acaba por aí? Que nada!

João Carlos ainda tem um livro publicado, que se chama “Força de Campeão: Nas lutas e na vida”, publicado pela editora Alexia Cultural. Além de incentivar sua família e amigos a praticarem esporte, o esportista acredita que o Brasil pode ser uma grande potência no Boxe. “O Brasil pode fazer mais. Você sabe, podemos fazer de um copo d’água um oceano... o que precisamos, agora, é acreditar nos nossos atletas. E eu não estou falando só do boxe!”. Planos para as Olimpíadas? Existem. Mesmo que indiretamente, João pretende ajudar de alguma forma os atletas que irão competir

Extrovertido, e de bem com a vida, ele não pretende largar o boxe tão cedo. Agradece a todos que lhe ajudaram em sua trajetória, com um carinho especial, sempre, por seu treinador Messias. E ainda deixa um recado: “Acredite em Deus. Faça sua sorte, e não desista dos seus sonhos. Algumas coisas podem até parecer impossíveis, mas com força e coragem você consegue. O boxe, ele pode te levar ao topo do mundo... é uma válvula de escape, um modo de viver. Além disso, esse esporte proporciona sabedoria, cultura e ajuda no seu autocontrole. Faça do boxe o seu estilo de vida”.

Para saber mais sobre o trabalho de Carlos, clique aqui.

 

Texto:
Iule Karalkovas - iulekaralkovas@prefeitura.sp.gov.br

Fotos:
Site ''Força de Campeão''

 

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