"Correr realmente vicia"

Atleta e feirante, Ednalva Nunes subiu ao pódio em todas as etapas no Circuito Popular de Corridas de Rua em 2012; treino nas corridas começou depois da morte da filha

A selecionada para a série “Pratas da Casa” desta semana é a corredora de rua Ednalva Nunes, 49 anos, já conhecida no Circuito Popular de Corridas de Rua organizado pela Secretaria de Esportes por seu bom desempenho. Só no circuito deste ano, Ednalva conseguiu nove medalhas de ouro, sete de prata e oito de bronze, ficando no Pódio em todas as etapas que foram realizadas até o momento. A atleta participa da competição há três anos. São 68 pódios, dos quais 54 no lugar mais alto, com direito às cobiçadas medalhas de ouro.

Ednalva trocou o Karatê, que praticava há dez anos para iniciar as práticas de corrida de rua. Dois meses antes da Corrida de São Silvestre, Ednalva começou os treinos, e mesmo com pouco tempo o resultado foi bem acima do esperado e a recente corredora fechou a prova em 1h e 24min. “Eu vi que levava jeito, então resolvi continuar”. A maior motivação para correr era a necessidade de se distrair dos problemas. Ednalva tinha acabado de perder uma filha e se divorciado do marido. “Você esquece um pouco dos problemas, você começa a correr e acaba esquecendo de tudo, sua cabeça muda, o tempo fica mais curto. Você se preocupa apenas em correr e esquece o resto”. Para Ednalva, a coisa mais “terrivel” que pode acontecer a um corredor é se machucar. A corredora tem um problema crônico no joelho e teve que ficar um mês afastada da corrida. Outra coisa que a deixa desesperada é o mal tempo. “Quando chove, dá um desespero, parece que dá uma depressão, então eu tento fazer um treino mais leve. Correr realmente vicia”.

A atleta se esforça para conciliar o esporte e a profissão de feirante. Ela treina todas as segundas, terças, quartas e quintas em um horário pouco habitual. Para não atrapalhar o trabalho, Ednalva acorda às 3h para fazer aquecimento e exercícios. Às 5h vai para a rua correr. “Intercalo percursos de 10 a 14 km e depois vou para o trabalho”, conta. E as corridas não atrapalham o trabalho nem aos domingos, dia em que é tradicionalmente realizada a corrida. “Uma das coisas que eu gosto do Circuito Popular é que além de gratuito as provas não são muito longas, aos domingos eu deixo o meu carro na feira às 5h da manhã, vou correr e volto a trabalhar”. Ednalva elogia a organização do evento, a rapidez e a eficácia, por conta destas qualidades. A corredora pode participar de todas as etapas sem ter que faltar ao trabalho. Ao contrário do que todo mundo pensa, os percursos que Ednalva mais gosta são os que têm subida. “Quando é uma reta fica cansativa, eu gostei da etapa de Perus, tinha umas escadarias”.

Há três anos participando co Circuito Popular de Corridas de Rua, Ednalva sempre chama a atenção de outros corredores. “Acho que é por causa da minha idade né? Por eu ter 49 anos e ter bons resultados, eles não imaginam que uma pessoa com essa idade possa correr mais que muita menininha de dezesseis anos”, brinca. Ednalva tem até histórias engraçadas que aconteceram antes das corridas. “Uma vez eu estava esperando a largada e um repórter que estava esperando para cobrir a largada falou para mim ‘O que a senhora está fazendo aqui na frente? Vai atrapalhar os atletas!’ e eu falei pra ele que tinha ganhado uma corrida a duas semanas atrás e esperava ganhar essa também. E fiquei em primeiro lugar”.


Texto:
Renata Simond - rsimond@prefeitura.sp.gov.br
Fotos:
Paulo Gervino - pantar@prefeitura.sp.gov.br

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