Uma história de amor com o Pacaembu

Nosso entrevistado de hoje para a série “Essa é a Nossa Gente” é Mauro Sernardes Castro, diretor do Estádio Paulo Machado de Carvalho desde 2008

Texto: Paulo Sergio Serra Teixeira
pauloserra@prefeitura.sp.gov.br

Vanessa Dini
vdini@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: Vanessa Dini
vdini@prefeitura.sp.gov.br


“Depois da família, o Pacaembu é o maior orgulho da minha vida.” Esta frase foi dita por nosso entrevistado de hoje para a série “Essa é a Nossa Gente”. Mauro Sernardes Castro trata o Pacaembu como um membro de sua família. Ele é completamente apaixonado pelo Estádio e isto transparece em cada conversa.

Mauro começou a trabalhar no Pacaembu no ano de 2007, como assistente de direção. Porém, antes disso, o esporte já estava presente em sua vida. Durante 26 anos nosso perfilado foi diretor de um grande clube de futebol. “Consegui muita bagagem, experiência. Trabalhei também por muito tempo em uma grande metalúrgica, onde fui da área de vendas à direção comercial.”

No Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, nosso perfilado já entrou participando ativamente de grandes transformações. “Nós planejamos melhorias que tirariam o Pacaembu da década de 70 e o trariam para a modernidade. Um up no complexo foi a implantação do Museu do Futebol, em 2008, mas, além disso, foram feitas várias reformas.”

Entre tantas mudanças, Mauro destaca as mais importantes. “O gramado passou por um intenso processo de revitalização e o campo foi nivelado a laser, o que lhe deu um visual muito mais bonito.” Só no ano passado Corinthians, Palmeiras e Santos mandaram seus jogos no Pacaembu que ainda assim manteve seu gramado impecável.

E ele continua: “A drenagem, por sua boa construção, não teve de ser modificada, mas nós fizemos a instalação de mais uma, que possibilitou o reaproveitamento da água, por três grandes reservatórios e duas cisternas. E ainda relacionado à sustentabilidade, foi feita a substituição de toda a energia, que se tornou mais eficiente com consumo menor. Também construímos tetos solares nos vestiários da piscina.” Um exemplo da eficiência da drenagem do Pacaembu pôde ser notado no jogo de despedida de Ronaldo. Um forte temporal atingiu o centro de São Paulo, mas antes da partida rapidamente as poças foram desaparecendo.

E sobre as reformas, o diretor, cheio de orgulho, finaliza: “O Estádio também foi repintado, teve suas cabines de imprensa melhoradas e nelas a instalação do sistema Wi-Fi, o que rendeu muitos elogios. Sempre brinco dizendo que o Pacaembu é um velho jovem. Tem 72 anos de vida, mas está malhado, sarado, moderno.”

Todas essas mudanças foram feitas em tempo recorde. “No dia dez de maio de 2007 o Papa visitou o Pacaembu. Logo após essa data começou a sua revitalização. Tivemos jogos até dezembro de 2007, mesmo com a reforma e no dia dez de maio de 2008 fizemos a reinauguração do Estádio. Em setembro foi inaugurado o Museu do Futebol e no dia seis de agosto de 2008 eu assumi a direção.”

Mauro nos contou como foi assumir cargo tão importante. “Ter a chance de trabalhar no Pacaembu foi meu maior presente. Sempre sonhei, mas nunca imaginei que seria possível. Desde pequeno frequentava o Estádio com meus pais. Eles não tinham automóvel, então, íamos até lá caminhando, era ótimo. Eu tive a felicidade de conhecer mais de cem estádios, tanto regionais, como nacionais e até internacionais e não há estádio como o Pacaembu para ver jogos. De qualquer lugar, seja no tobogã, arquibancada, numerada, você participa das partidas. Você não vive simplesmente o momento, você participa. Ouve o juiz apitar, os técnicos e jogadores falarem, é diferente, especial.”

Ele complementa. “O volume diário de visitas do Pacaembu é muito grande. Várias excursões escolares vêm para cá todos os dias. Quando vejo essas crianças me lembro do meu passado. E vejo que a importância desse Estádio para a cidade de São Paulo é incalculável. É um ponto de encontro esportivo e cultural. Vários shows aconteceram no Pacaembu, vários astros nos visitaram. A acústica é excelente. Em 1950 ele foi palco da Copa do Mundo e em 1963, do Pan-Americano. Pelé sempre diz que sua grande concentração de gols foi no Pacaembu, que também viu a despedida de Romário e Ronaldo. Dava para escrever um livro com tantas histórias maravilhosas.”

E sobre o Clube, Mauro nos disse: “Nosso número de sócios ultrapassa os 45.000. São pessoas que passam parte de suas semanas aqui e encontram uma grade enorme de atividades e ótimos professores. Várias gerações se encontram. Tem uma senhora que pratica ginástica enquanto seu neto pratica futsal. E o público é heterogêneo, o que causa uma correlação de vidas fantástica. Temos 133 colaboradores, entre funcionários públicos, terceirizados e estagiários, e todos são muito bem treinados para atender essa população que busca se desestressar. O bom tratamento, o cumprimento na hora que chegam e vão embora, a higiene e a limpeza são fundamentais.”

E finaliza. “Esporte, saúde e educação são o tripé fundamental para o sucesso, tanto pessoal como profissional. O esporte disciplina, muda o comportamento, o respeito, o modo de ver as coisas. Além disso, ele traz saúde e essa junção faz com que os estudos também melhorem.”

Nas horas livres, Mauro não se afasta dos esportes. “Assisto a tudo que posso. É bom para o meu trabalho, pois percebo o que posso fazer de melhorias ou aonde errei e também é um hobby pessoal. Pratiquei vários esportes, mas acho que fui bom em três. Fui um bom nadador, tenista e jogador de futebol. Meus pais sempre me estimularam e eu dei continuidade com meus filhos.“

A família de Mauro segue a linha dos amantes de esportes. “Tenho dois filhos atletas. Os dois moram fora do Brasil. Um deles mora no Hawaii e trabalha com marketing e publicidade, mas joga bola e não sai da academia. O outro mora em New Jersey e trabalha com administração esportiva. Ele cuida de oito centros esportivos. Minha esposa também adora esportes. Em 1993 ela participou da criação de um timaço de futebol feminino. Meu avô, Arthurzinho, jogou futebol profissional no final da década de 30 e começo da década de 40. E minha sogra é uma das poucas que pode dizer que entrou no rio Tietê. Ela praticava remo.”

Mauro Sernardes é diretor, mas muito mais que isso, é um apaixonado, um fã do Pacaembu. Ele também faz parte da Família SEME.