Superação no esporte

Como o atletismo mudou a vida de atletas deficientes

Não é de hoje que o esporte muda a vida das pessoas. Concentração, saúde e disciplina são um dos inúmeros benefícios que a prática esportiva pode promover. E, no caso destes atletas, a superação.

Everton da Silva (esquerda), 27, mais conhecido como Amendoim, está a cinco anos praticando esporte. Já passou pelo basquete, natação e hoje encontrou na corrida, o seu esporte.

A paralisia cerebral acompanha a sua vida desde que nasceu. “Dificuldade a gente tem. Até os 18 anos eu sempre dependi dos meus pais, hoje já faço as coisas sozinho”.

O atleta conheceu o Centro Olímpico através de um amigo que também é cadeirante. Viu a superação dele e soube que também poderia. “A gente sofre muito preconceito, mas temos que passar por cima e mostrar que somos capazes”. Tão capaz que foi medalhista de bronze (100m) e prata (200m) no Circuito Caixa deste ano.

Além do esporte, Amendoim também faz parte de uma banda de rock. Não é músico, mas ajuda a vender CDs e conseguir patrocínios para o SSD, que completa 10 anos de caminhada. Para saber mais sobre a banda, clique aqui.

Cleiton Moraes (meio) também faz parte de um grupo de música, mas de pagode, Simplesmente Arte. “Sou pagodeiro. Meu grupo tem três anos. Adoro o Samba, o Samba é a minha raiz”.

O atleta tem 37 anos e sofreu um acidente quando ainda era criança. Ficou quatro anos na cadeira de rodas, passou por fisioterapia e hoje consegue andar. Sua deficiência é no lado direito do corpo.

Antes da recuperação, Cleiton conta a maior dificuldade que já sofreu. “Humilhação. Eu passei muita humilhação até pela minha própria família. Sofri bastante e tentei acabar com a minha vida.”

Hoje, no esporte e no samba, com uma nova vida, o atleta se superou. “Eu dei a volta por cima de tudo. Eu moro sozinho, tenho a minha casa, faço as minhas coisinhas”.

Outro exemplo de superação é a história da baiana Cristiane Pereira, que perdeu os movimentos aos dois anos de idade. Ainda criança, mudou-se para São Paulo e começou o tratamento.

Com lágrimas nos olhos, ela conta que sofreu muito preconceito e se orgulha ao dizer que é uma vencedora. Hoje, falando, andando e correndo, decidiu seguir no atletismo. Ela corre desde os anos 2000 e já foi medalhista. Suas últimas medalhas foram no Circuito Caixa que garantiu o bronze nos 100m e prata nos 200m e 400m.
De braços abertos, Cris fala sorridente “aqui eu me sinto livre. Livre do preconceito”.

Com deficiência na mão, nas pernas e na fala, Sidnei (direita) é um vencedor. Além das limitações do corpo, passou por um centro de reabilitação de dependência química. No caso dele, a causa foi a bebida.

O atleta nunca teve apoio, não conheceu a mãe e teve contato com o seu pai recentemente. Faz dois anos que superou a droga e tem cinco meses de atletismo.

Reconhece que o esporte é e sempre será importante na sua vida e na recuperação diária. “Aqui é a minha casa. Quando eu não venho, eu fico chateado. Foi aonde eu conheci o esporte, a corrida, meus amigos. Eu nunca vou abandonar”.

A história desses atletas não é de causar pena, mas sim motivação. A vida pode nos proporcionar grandes obstáculos, mas como diz o Sidnei “tudo é força de vontade”.

Os quatro atletas fazem parte do projeto chamado Clube dos Paraplégicos de São Paulo, patrocinado pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação.

Para mais informações sobre o programa, clique aqui.

Texto: Estella Gomes - ecgomes@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: Mariane Barbosa - marianeoliveira@prefeitura.sp.gov.br