Florada das cerejeiras faz do Parque do Carmo um cantinho japonês no Brasil

Acontecimento faz parte da 37ª Festa das Cerejeiras, que ocorrerá no fim de semana

“Cada vez que a noite escura desce, a canção das flores da cerejeira estremece em minha mente. Como as abordagens noturnas, a lua fica azul e ecoa no jogo da eternidade”. Eram essas as palavras que a flautista Lurdes Rizzo representava ao som da famosa música “Sakura, Sakura”, na 3ª edição do Hanami – Contemplando as Cerejeiras. O evento, que ocorreu na manhã dessa quarta, 29, acontece anualmente no Parque do Carmo.

A iniciativa do Programa Esporte Meio Ambiente, PEMA, tem como intenção apresentar ao público um pouco mais da história das cerejeiras e sua influência na cultura oriental. Estiveram presentes quatro clubes da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação: os CEs Juscelino Kubitschek, Butantã e Manchester, e o CDC Jardim Helena. Além deles, havia também representantes do MOPI – Movimento Pró-Idosos. Ao todo, participaram 200 pessoas e foram plantados 4000 pés de cerejeiras. No fim, todos os convidados podiam pegar uma muda de Lírio da Paz, doadas pelo próprio parque.

 O professor Minoru Furuya, idealizador do PEMA, acredita que o evento é importante para apresentar um pouco da cultura japonesa. “No Japão, depois da bandeira e do hino nacional, a cerejeira é o símbolo da nação”, explica ele. A florada das cerejeiras é tão importante que os trabalhadores ganham o dia de folga para acompanhar o nascer das flores, que dura entre uma semana e 10 dias, segundo Minoru. “A florada é como a vida. É curta, efêmera”, afirma o professor.

 Misawo Usuba, 83, e Tatako Okamoto, 60, foram prestigiar as Sakuras (nome da árvore, em japonês). Ambos são do CE Butantã e já estiveram no Japão. Misawo, inclusive, nasceu em Onahama, mas veio ainda bebê para o Brasil, com menos de um ano de idade. “Vim para cá clandestinamente, porque não podia embarcar com 11 meses de vida”, conta ele. Ao voltar para o Japão, aos 50 anos de idade, diz ter ficado encantado quando viu a primeira cerejeira por lá e aproveita o evento para matar um pouco a saudade.

Tatako, brasileira de origem nipônica, também acredita que seja possível matar um pouco da saudade. Há 10 anos, ela viajou para a Terra do Sol Nascente a trabalho e morou lá por 4 anos e meio. “Sinto falta da civilização. As pessoas são mais educadas, principalmente no trânsito. Não sei se é porque sou do interior e estou mais acostumada com a calmaria”, brinca. Quando voltou para o Brasil, há 4 anos, diz que sentiu falta do Japão no começo. “Foi um pouco difícil, mas aos poucos me ‘abrasileirei’ novamente. Hoje, eu só voltaria ao país para passear. Dá saudade, mas aqui tem bastante Sakura e dá pra aliviar um pouco essa falta”, finaliza.

Texto: Guilherme Guidetti - gguidetti@prefeitura.sp.gov.br
Fotos: Leandro Olovics - laoalves@prefeitura.sp.gov.br
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