Dia da Ginástica Artística

De Nádia Comaneci a Arthur Zanetti – saiba mais sobre a trajetória do esporte

No dia 30 de janeiro é comemorado o dia da ginástica artística. Também conhecida como Ginástica Olímpica, esta modalidade tem atraído muitos fãs ao longo dos anos. Antes dominada pelas potências da antiga União Soviética, hoje, faz sucesso entre chineses, brasileiros e americanos.

De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra vem do grego gymnastiké e significa: “A arte ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade”. Além da agilidade, o atleta deve ter múltiplas facetas, como força, coordenação, controle do corpo, flexibilidade e equilíbrio.

Segundo historiadores, a ginástica artística surgiu na Pré-História, como forma de prática física e tornou-se modalidade esportiva apenas em 1881, em escolas alemãs tipicamente masculinas. As mulheres puderam participar pela primeira vez de um torneio em 1928, quando se tornou um esporte olímpico. Mas a ginástica artística só começou a ser praticada como conhecemos, nos aparelhos, em 1950. Apesar de inicialmente ser um esporte para homens, acabou se tornando popular e com eventos mais disputados entre o público feminino.

Conhecido como o pai da ginástica, o pedagogo alemão Frederic Louis Jahn criou um sistema de exercícios físicos, que influenciou a modalidade como hoje é praticada. Para ele, a ginástica deveria ser para todos, independentemente da classe social dos cidadãos.

A atividade chegou ao Brasil em meados do século 19, trazida por imigrantes alemãs. Mas, nosso país só foi representado pela primeira vez em uma Olimpíada em 1980, na cidade de Moscou, com Claudia Magalhães e João Luiz Ribeiro. A carioca Luisa Parente foi o grande destaque da década de 1990, sendo a primeira ginasta a participar de duas Olimpíadas seguidas, 1988 e 1992, e ganhando duas medalhas de ouro nos jogos panamericanos de 1991.

Nos anos 2000, houve uma reviravolta no esporte, com a chegada do treinador ucraniano Oleg Ostapenko e a criação de um centro de treinamento, gerando uma melhora significativa. Nos Jogos de Sydney, em 2000, os brasileiros conseguiram pela primeira vez levar duas ginastas às Olimpíadas: Daniele Hypólito e Camila Comin. Hypólito entrou para a história da ginástica brasileira ao obter no Campeonato Mundial de 2001, em Ghent, a primeira medalha de prata por aparelhos, no solo. Em 2003, a ginasta Daiane dos Santos conseguiu uma medalha de ouro individual e foi além, ao realizar um duplo twist carpado, movimento nunca antes feito, levando a partir de então seu nome “Dos Santos”.E não parou por aí, ao fazer um duplo twist esticado, consagrou seu nome na história do esporte com o o movimento “Dos Santos II”. Considerada a principal disseminadora da ginástica artística em nosso país, Daiane encantou gerações com seu inesquecível solo do “Brasileirinho”.

No masculino, o primeiro ter um grande destaque foi Diego Hypolito, ao sagrar-se campeão mundial de solo em Melbourne, na Austrália (2005) e vice-campeão no ano seguinte em Aahrus, na Dinamarca.

Os dois atletas que dão título a essa matéria se destacam por motivos diferentes: a romena Comaneci por ter sido a única ginasta a conseguir nota máxima em todos os exercícios. Já o brasileiro Zanetti, foi o primeiro atleta de nosso país e de toda a América Latina a conquistar uma medalha olímpica de ouro na ginástica artística.

DIFERENÇAS

Baseada na evolução técnica de exercícios físicos, a ginástica olímpica tem elementos diferentes para homens e mulheres. Para os meninos, as provas são: barra fixa, barras paralelas, cavalo com alças, salto sobre a mesa, argolas e solo. Já as meninas competem no solo(com fundo musical), salto sobre a mesa (1,25 m de altura), paralelas assimétricas e trave de equilíbrio.

 


MÃOS CALEJADAS

No Centro Olímpico, conversamos com vários ginastas, que treinam incansavelmente todos os dias, sem exceção. Além das gêmeas Thauane e Thaina Rodrigues, Lucas Pio foi um dos grandes talentos revelados pelo COTP.

Ao falar do esporte, eles destacam a persistência, dedicação, esforço e muita, mas muita vontade de praticar a ginástica. Para Patrick Baroni, de apenas 12 anos, ver os atletas que assim como eles, sofreram, se esforçaram e hoje estão no topo, é sua maior motivação. Gabriel Dias, de 13 anos, completa: “Se a gente se machuca, segue em frente” e ainda citam Kohei Ushimura, Arthur Zanetti e Sergio Sasaki como seus maiores ídolos. É encorajador ver nos olhos dos pequenos atletas a determinação de gente grande.

Para as meninas, a russa Viktoria Komova e nossa brasileirinha Dayane dos Santos são suas grandes referências. Os movimentos de Daiane no solo são admirados por todas elas. Para o caminho do ouro, Thaina Rodrigues destaca as dificuldades que os atletas têm, como a falta de reconhecimento e as inúmeras lesões, por conta da grande entrega que fazem ao esporte. Todas concordam no mesmo ponto: o futebol tem “roubado” a atenção de outras modalidades, deixando tudo em segundo plano e, consequentemente, a ginástica fica de lado. Para elas, em seu mundo ideal, a ginástica, além de reconhecida, deveria ser valorizada.

Alimentação regrada é parte do sucesso e, com o ritmo intenso de treino, os pequenos atletas veem seu corpo sofrer muitas mudanças, provocando até mesmo estranheza em quem vê: “Já me perguntaram se eu era menino, porque tenho muitos músculos”, revela Thais Mota, de 16 anos. Sem deixar a delicadeza de lado, Thais pede para tirar fotos apenas da palma das mãos, pois não deu tempo de tirar o esmalte.

O laço formado entre a equipe e os treinadores também é de extrema importância, pois eles conhecem os atletas, sabem de suas limitações e das batalhas enfrentadas no dia a dia. Além da confiança, um laço natural de respeito e afeição é criado. Muitos ginastas começam a treinar bem novos, aos cinco ou seis anos de idade e acabam encontrando na ginástica mais do que uma prática esportiva, um compromisso fiel para toda a vida.


Texto e fotos: Stephanie Frasson – sbffranco@prefeitura.sp.gov.br

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