Esporte transforma a região do Jaçanã

Às margens do rio que cerca o Centro de Esportes Jaçanã (CE Jaçanã) – Jardim Cabuçu, conhecido como Mini Balneário Irmão Paolillo, um rebanho de gado divide o espaço com crianças que passam a todo momento em direção a um dos únicos espaços de lazer disponíveis. Pedro de 8 anos, entra correndo e diz que quer dar mergulho na piscina. O garoto animado estuda no período da tarde e passa toda a manhã, durante a semana, jogando, nadando e se divertindo com os amigos no centro de esportes.

Sou reconhecida, sem precisar me apresentar, pelo diretor João Almeida, que está cercado por jovens e crianças que como Pedro, no calor de trinta graus esperam ansiosos para fazer a carteirinha que da direito a tomar um banho de piscina. Durante toda a entrevista somos interrompidos, pois o diretor se desdobra para cumprir todas as tarefas de um dia tão agitado de Virada Esportiva.

Na quadra bastante agitada, acontece o campeonato de futsal, que é disputado com garra pelos adolescentes que, organizados e concentrados, não dão o mínimo de trabalho para a estagiária conhecida como Jaqueline Vascão. As crianças são muito educadas e respeitam a todas as ordens e regras transmitidas pelos funcionários, conta Jaqueline, que marcava atentamente cada ponto e falta do jogo, sendo interrompida apenas pela minha chegada.

Wellington Machado de 13 anos, pratica futsal, ping pong, basquete, brinca de pega pega e corrida, diz que não falta nada no Centro Esportivo, e que a estrutura é ótima. Wellington frequenta o local todos os dias “aqui é muito legal e divertido, minha mãe diz que é melhor eu ficar aqui do que 'no mundo' ”.

São dois mundos, um visto pelo coração das crianças que precisam tanto de atenção carinho e curtem atividades esportivas e a dura realidade relatada pelo diretor e funcionários. Carlos Azevedo de 33 anos, professor do Clube, diz que não há lazer próximo a região e que para as crianças, um lugar para jogar futebol, nadar e interagir com os amigos é o que faz elas felizes.

Uma psicóloga visitou o Clube há algum tempo, para conversar com os professores e funcionários e disse uma frase para guiar a orientação dada às crianças “mostre para eles que aqui é diferente”. A frase ficou cravada na mente de Carlos. “Por dia chega a passar mais de 300 pessoas nessa piscina”, faz as contas Ariosvaldo José Cândido, líder comunitário da região e orientador da piscina, mais conhecido como Ari. Os dias de muito calor muito são os mais movimentados, mas não tanto quanto nesse sábado dia 21, primeiro dia de Virada Esportiva. Durante o campeonato de natação, afinal, não eram nem três da tarde e o número de pessoas já havia ultrapassado essa marca.

Nos dias normais em que não há eventos como a virada, o Centro tem varias atividades para a comunidade, cerca de 300 mulheres fazem alongamentos todas as manhãs separadas em equipes. Para crianças, jovens e adultos são oferecidas atividades como futsal, basquete, tênis de mesa, ginástica sendo assistidos o tempo todo por professores e estagiários. E no local há muita disciplina: é proibido beber e fumar. Os professores fazem o possível para que os problemas sociais sejam deixados fora do mini balneário.

Há uma reforma em andamento na quadra e todos aguardam outras melhorias, para que mais famílias possam usufruir do espaço e curtir entusiasticamente as próximas viradas. Mas há um fator indiscutível entre os usuários: o Centro Esportivo Jardim Cabuçu é muito importante para a comunidade.


Texto: Katia Russões