Antonio, do início até hoje

Um dos primeiros frequentadores do PET, antigo Ceret, morador do Tatuapé conta algumas transformações que viu no parque e das quais participou ativamente

Antonio Paniza perde uma partida de tênis e sai da quadra. É sábado, o sol está intenso. Os termômetros marcam quase 30 graus. A sensação térmica é ainda maior. A voz e jeito calmo de falar denunciam o cansaço de Seu Antonio. Não é por menos. Com quase 80 anos, a serem completados em novembro próximo, o aposentado já está feliz só de conseguir retornar às quadras. Está lá muito mais pelo convívio social com amigos, e poder praticar seu esporte, do que meramente vencer os sets.

Seu Antonio é provavelmente um dos primeiros frequentadores do Parque Esportivo dos Trabalhadores (PET), localizado no bairro do Tatuapé, na zona leste e que é mais conhecido pelo seu antigo nome: Ceret. Sentado em uma mini arquibancada de frente às duas quadras de tênis de saibro, Antonio conta algumas transformações que viu acontecer no parque, muitas das quais, inclusive, graças ao seu empenho pessoal em buscar parcerias e financiamentos externos.

“O parque era abandonado. Muito mal cuidado e frequentado por poucas pessoas. Hoje está melhor, mas ainda há muito o que fazer”, comenta. “Eu e alguns amigos que ajudamos a melhorar algumas coisas daqui. Por exemplo, antes não tinha essa tela de proteção (que cerca as quadras de tênis), nós que fomos atrás para montar essa estrutura. A iluminação ao redor também fomos nós que buscamos parcerias para melhorar”, conta, orgulhoso.

Vale lembrar que desde sua fundação, em 1975, o então Ceret era um parque estadual administrado por sindicatos de trabalhadores. Daí seu nome, Centro Esportivo e Recreativo do Trabalhador. Em maio de 2008, a prefeitura de São Paulo, em parceria com o governo do estado, tomou a administração para si, e passou a fazer inúmeras mudanças e melhorias. A principal foi acabar com a mensalidade que antes era paga pelos frequentadores, o que fez aumentar consideravelmente o número de visitantes. Atualmente, o espaço recebe aproximadamente cinco mil pessoas aos finais de semana, em sua imensa maioria, moradores do bairro.

Apreciador do tênis, Antonio diz que já praticou o esporte com mais intensidade. “Mas, hoje preciso cuidar da minha esposa que sofreu uma cirurgia e precisou colocar próteses nos dois joelhos, e a idade também requer cuidados”. Por conta disso, o aposentado precisou se afastar por duas semanas do esporte. Algo que ele já retornou. Tem jogado às sextas-feiras e aos finais de semana. Atualmente, ele joga às sextas-feiras, e aos finais de semana.

Sem saber que naquele momento estava acontecendo a Virada Esportiva, maior programa de incentivo ao esporte da Prefeitura de São Paulo, Antonio se mostrou surpreso ao tomar conhecimento que o seu esporte predileto está na grade de programação do PET, com o Tênis 24 horas. “É interessante, mas não sei como que se jogará a noite, já que há alguns pontos mal iluminados e fica difícil de achar a bola quando ela vai para longe da quadra”, adverte.

Seu Antonio não tira o sorriso do rosto, está satisfeito. Sabe que sua idade requer cuidados especiais para a prática esportiva. Se controla, mas não perde o ímpeto para praticar seu esporte. Está feliz. Retornou ao saibro, local que tanto gosta, está com amigos, e conversa simpaticamente com os mais próximos.

Ganhar ou perder nesta altura do campeonato é o menos importante. Estar com a saúde em dia, aos 80 anos e ter a possibilidade de praticar seu esporte predileto, já são vitórias imensuráveis.


Texto e foto
: Marcel Andrade Paulo