CCInter: construindo vínculos e transformando vidas através da arte em Marsilac

Crochê, cerâmica e pintura são pilares para promover a convivência intergeracional no serviço

Na imagem, as atendidas Analícia, Ana e Adinália, seguram objetos produzidos por elas. Nas mãos, há vasos, folhas, pratos e jarros. Na parede ao fundo, há diversas flores rosas pintadas e violões pendurados.

Texto e fotos: Giulia Rodrigues

Buscando desenvolver novas conexões e estimular a troca de conhecimentos, os mais de 30 atendidos do Centro de Convivência Intergeracional (CCInter) “Martin Luther King”, localizado no Marsilac, extremo sul da cidade, realizam diariamente diferentes oficinas artesanais. Nos últimos seis meses, eles se reuniram para produzir mais de 100 peças de cerâmica.


Odair Silva de Andrade é gerente do serviço há três anos e propõe, juntamente com a equipe do CCInter, atividades artísticas como forma de terapia. Ele conta que, através das oficinas, os atendidos podem trabalhar questões traumáticas. “Grande parte das atividades fazem com que eles tenham contato com a terra, a natureza. Isso, de alguma forma, ajuda as pessoas a melhorarem, a se concentrarem. As pessoas se curam através da arte”, contou.


A produção de cada peça requer paciência e um cuidado especial. De início, a argila é hidratada e moldada. Depois, a peça é levada para secagem em um lugar com sombra, e fica 72 horas nesse processo. Quando seca, ela precisa ir ao forno e, por fim, é feito o acabamento com lixa, verniz e tinta.


Além de trazer conhecimento, as oficinas de arte se tornaram uma forma de renda extra. Luiz Ribeiro tem 61 anos, frequenta o CCInter há três meses e trabalhou com cerâmicas em 2008. Durante as aulas, ele pôde compartilhar o conhecimento que tinha sobre a produção, mas confidenciou que nunca teve a experiência mais à fundo, como no serviço. “Aqui você aprende coisas novas e pode ensinar outras pessoas também. Algumas peças tenho como favoritas, e tenho certeza de que outras pessoas também gostariam e as comprariam. Eu acho muito bom para o ser humano esses momentos”, completou.


Novos laços, aprendizado e crescimento mútuo. As atividades diárias não contribuem apenas para adquirir novos conhecimentos, mas também compartilhar experiências e dividir emoções. Ana Mendes do Amaral, de 63 anos, veio do Ceará e frequenta o CCInter há quatro anos. Ela conta que o serviço moldou sua forma de viver e se tornou seu porto seguro. “Eu me emociono porque eu cheguei aqui numa situação bem crítica. Tenho muitos problemas de saúde e usava muletas, mas o CCInter me ajudou a melhorar. Aqui nós somos acolhidos como ser humano, e eu me sinto completa”, finalizou.

O atendido Luiz Ribeiro desenha uma flor em um vaso amarelo. Ele usa blusa de frio azul, usa óculos e segura um pincel molhado de tinta vermelha. No fundo, há uma mesa de madeira com algumas tintas em cima. Atrás da mesa, há uma porta colorida em azul, amarelo, vermelho e verde.

Centros de Convivência Intergeracional (CCInter)


Atualmente, a rede socioassistencial dispõe de 25 CCInters. Os serviços desta tipologia têm como proposta a criação de um ambiente onde crianças, jovens, adultos e idosos possam conviver de maneira harmoniosa, fortalecendo os laços e compartilhando experiências das diferentes fases da vida.


As atividades são adaptadas às necessidades e interesses de cada grupo etário, proporcionando um ambiente inclusivo que atende às demandas específicas de cada atendido.