Prefeitura entrega terceira Vila do Programa Reencontro, criado para atender famílias em situação de vulnerabilidade

Maior do projeto até aqui, a Vila Reencontro Pari tem 100 unidades modulares para acolher até 400 pessoas, além de área comum com lavanderia, cozinha, quadra poliesportiva, playground, biblioteca e brinquedoteca

 Diversas pessoas dispostas lado a lado sorrindo, no meio das pessoas tem a placa de inauguração da Vila Reencontro Pari.

Texto: Cristina Coghi

Fotos: Acervo SMADS

A Prefeitura de São Paulo inaugurou, nesta segunda-feira, (09), a Vila Reencontro Pari, terceira e maior unidade do programa de acolhimento voltado a famílias em situação de rua na cidade e realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). Construída em um terreno de mais de 8.800 m² e com 100 unidades modulares planejadas para abrigar até 400 pessoas, a nova Vila está localizada à Avenida Projetada Canindé Pari, 279, na zona leste da capital.

O Programa Reencontro é inspirado no modelo de Housing First (“Moradia Primeiro”). A Prefeitura investiu, ao todo, R$ 6,9 milhões na instalação dos módulos da Vila Reencontro Pari e, além da infraestrutura e acompanhamento profissional, diariamente, as famílias recebem café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.

O Prefeito Ricardo Nunes e o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr, estiveram presentes na inauguração e vistoriaram as casas e as áreas comuns, que incluem lavanderia, cozinha comunitária, biblioteca, brinquedoteca, quadra de poliesportiva, além de salas administrativas e de atendimentos sociais.

“Há ainda um trabalho na Vila Pari de acompanhamento da assistência social a essas famílias em situação de rua, fornecimento de cursos profissionalizantes, além de biblioteca, playground, enfim. Um local de reencontro e oportunidade de reinserção no mercado de trabalho, com o apoio da Prefeitura de São Paulo no momento mais difícil das suas vidas”, disse Nunes.

O prefeito disse ainda que dar condições para as pessoas em situação de vulnerabilidade para que elas possam caminhar e conquistar segurança e conforto através do Programa Reencontro é motivo de orgulho e sensação de dever cumprido.

“No passado, 10.744 pessoas que estavam em situação de rua conseguiram sua independência e avançaram na vida. Em 2021, dividindo a preocupação sobre as condições da população de rua, sugeriram que seria necessário garantir o reencontro dessas pessoas com a vida, com o trabalho e com a dignidade. Então falei: vamos criar o projeto Reencontro, que hoje já tem várias ações, como as Vilas e o Auxílio Reencontro. Tenho certeza que esse é um modelo a ser reproduzido em outras cidades do Brasil e do mundo, porque realmente é um trabalho que dignifica e dá um acolhimento diferenciado e de qualidade”, completou Nunes.

O prefeito e o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr, simbolicamente entregaram as chaves das casas para mulheres chefes de três famílias das 70 que já estão morando na Vila Reencontro Pari. Carlos Bezerra Jr. agradeceu a todos que participaram direta e indiretamente do planejamento e construção da nova Vila Pari e disse que o Projeto Reencontro eleva a importância da assistência social em São Paulo para um patamar de dignidade que não admite recuo. “Ao longo desses dois anos à frente da SMADS, sob a batuta do prefeito Ricardo Nunes, não temos feito outra coisa senão perseguir esse modelo de dignidade nunca antes entregue nessa cidade.O que a gestão do prefeito Ricardo Nunes está fazendo para a população em situação de rua subiu a régua de dignidade de uma forma que não tem volta. As duas primeiras Vilas já têm 78 pessoas com saídas qualificadas. São 22 famílias que conquistaram autonomia para irem para suas próprias moradias, que conquistaram empregos ou tiveram instrumentos para retornar, por opção pessoal, para suas cidades de origem. Essa é uma solução inovadora, disruptiva e absolutamente inédita na cidade de São Paulo”, disse o secretário.

O secretário disse também que o Programa Reencontro o levou a reencontrar sua missão de vida. “Hoje é um dia de gratidão e celebração porque tem número na porta das casas, o que significa um endereço. É impagável o que ouvi de uma menina dizendo: ‘Mãe, agora a gente tem um banheiro só para eu tomar banho sozinha, agora a gente tem um ventilador. Mãe, a gente tem um colchão, tem cama para a gente dormir, tem um lugar digno, a gente tem individualidade’. E é isso o que essa administração garante”.

Também participaram da cerimônia de inauguração da Vila Reencontro Pari os secretários de Relações Internacionais, Marta Suplicy, de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine, de Gestão, Marcela Arruda, de Cultura, Aline Torres, de Comunicação, Marcello D`Angelo, e de Segurança Urbana, Elza Paulina, além de vereadores e centenas de moradores desta e de outras Vilas, como Gabriela da Cruz.

Gabriela está na Vila Reencontro Pari desde o dia 1º de outubro com o filho e o marido, um imigrante venezuelano. “Aqui tem uma infraestrutura que não tinha visto em nenhum outro lugar de acolhimento. Estou me sentindo em casa. Eu já vivi em outras cidades e São Paulo é a única que tem essa estrutura pensada para a população da rua”, conta a jovem.

A jovem é do estado do Paraná e conheceu o marido, que saiu da Venezuela por questões políticas, há 1 ano. Embora cada família possa permanecer entre 12 e 24 meses nas moradias do Programa Reencontro, estendendo esse prazo de acordo com a necessidade de cada família, a jovem diz que pretende permanecer na unidade do Pari por pouco tempo, o suficiente para o casal guardar algumas economias para arcar com o próprio aluguel. “Eu já estou trabalhando como estagiária e meu marido é engenheiro eletricista. Com essa ajuda aqui, vamos conseguir, sim, dar continuidade na vida e, em breve, ter a nossa própria casa”, planeja.

A Vila Reencontro Pari está sob administração da Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação Evangélica Beneficente – AEB, entidade com 95 anos de história e com larga expertise no trabalho de acolhimento a pessoas em situação de rua. A gerente da Vila, Ana Vazoller, coordenará uma equipe multidisciplinar com 70 profissionais, entre os quais psicólogos, pedagogos, supervisores de cogestão e inserção laboral, supervisores de saúde, educação e acompanhamento social, além de assistentes de campo diurno e noturno. Compõem, ainda, o quadro de funcionários, auxiliares administrativos, cozinheiros, auxiliares de cozinha, responsáveis pela manutenção predial e auxiliares de serviços gerais.

“Trabalho há 25 anos com assistência social e vir para a Vila Reencontro Pari é a consolidação da minha trajetória. Quero agradecer e dizer às famílias que estão aqui que vocês vão conseguir prosperar. Nossa equipe abraçou esta causa e assumimos o compromisso de fazer um excelente trabalho”, disse Vazoller.

Durante a inauguração da Vila Reencontro Pari, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a inauguração ainda este ano da quarta Vila do Programa Reencontro no bairro de Santo Amaro, zona sul da capital, e disse que outras cinco Vilas serão entregues no ano que vem.

Este é o terceiro equipamento do gênero instalado na cidade em apenas 11 meses. A primeira unidade da Vila Reencontro foi entregue na véspera do Natal de 2022 em um terreno de mais de 30 mil m², no bairro do Canindé, região central da cidade. Hoje, 37 famílias (127 pessoas) estão abrigadas na Vila Reencontro Cruzeiro do Sul.

Já em fevereiro de 2023, a Prefeitura inaugurou a Vila Reencontro Anhangabaú, localizada na Ladeira da Memória, região central da cidade. A Vila tem 49 unidades, sendo que nove são para funções administrativas, como sala de atendimento, espaço multiuso, brinquedoteca, e outras 40 unidades para moradia, que comportam até quatro pessoas. Atualmente, moram 37 famílias (105 pessoas) no serviço.

Imagem do interior de um dós módulos. As paredes são brancas, há um ventilador de teto e estão dispostas duas camas lado a lado, sendo uma cama de casal e um berço. No fundo da foto tem um armário, uma geladeira, uma pia e um fogão.

A Vila

O perfil das famílias que estão na Vila Reencontro foi definido através de critérios de elegibilidades específicos e constantes na Portaria 95/2022. São casais com filhos, famílias monoparentais e outras composições familiares com até uma criança. Há, ainda, outros critérios de priorização estabelecidos, tais como presença de crianças de 0 a seis anos e mulheres com histórico de violência doméstica.

Esta unidade do Programa Reencontro recebeu também famílias que estavam abrigadas no Autonomia em Foco.

Intervenção artística

A intervenção artística da Vila Reencontro Pari foi guiada por Marcelo Zuffo, professor de Arte e História da Arte, que também realizou as intervenções artísticas na Vila Reencontro Cruzeiro do Sul I e Vila Reencontro Anhangabaú. Zuffo liderou um coletivo de 14 artistas que exploraram linguagens e técnicas para homenagear o povo nordestino. Toda a parte de alvenaria das casas modulares foi ilustrada como cordéis com narrativas de histórias familiares.

“Nos preocupamos em garantir uma arte acolhedora e que pudesse representar os estilos da população que frequenta o projeto. Para a Vila Reencontro Pari, também trouxemos a arte de duas mulheres grafiteiras, a Fôlego e a Serifa, e de três artistas refugiados da Tunísia e da República do Congo, que agradeceram a acolhida empregando na Vila desenhos com características da cultura afro-brasileira”, contou Marcelo.

Os módulos duplos receberam ainda painéis do grafiteiro Camilo, que explora a técnica do hiper-realismo, conferindo aos desenhos semelhança de fotografias. Um dos painéis retrata uma assistente social amparando uma criança quando a mãe sai para trabalhar, enquanto um outro módulo estampa a figura lúdica de uma criança deitada lendo um livro.

Mais sobre o Programa Reencontro

O Programa Reencontro prevê a entrega de módulos de 18 m², equipados com cozinha, banheiro, armário e mobiliário de acordo com a configuração familiar, para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O programa é focado na conquista da autonomia por parte dos usuários através da reinserção no mercado de trabalho e da reconstrução dos vínculos sociais e familiares.

Cada família deve permanecer entre 12 e 24 meses nas moradias transitórias das Vilas Reencontro. Esse período pode ser estendido de acordo com o acompanhamento da família pela equipe técnica. Além disso, as famílias devem participar de capacitações profissionais e outros atendimentos sociais com o objetivo de ganho de autonomia.

Os critérios de elegibilidade para acolhimento nas moradias transitórias são as informações do CadÚnico, as famílias em que as mulheres são as responsáveis, núcleos familiares que possuam crianças e adolescentes em sua composição e que estejam em situação de rua por um período mais recente (de seis meses a 36 meses).

O projeto possui três eixos de atuação: conexão, cuidado e oportunidade. O primeiro visa a estimular a recriação de vínculos preexistentes e o fortalecimento da rede de apoio. O primeiro elemento de conexão entre o poder público e o indivíduo em situação de rua é a abordagem social, sendo, portanto, um instrumento fundamental de vinculação das pessoas à política pública e às demais etapas e eixos do Programa Reencontro.

Já no segundo eixo, serão oferecidas moradias subsidiadas para aqueles que não possuem renda suficiente, nas seguintes modalidades: locação social, que é o aluguel subsidiado conforme renda; a renda mínima ou o auxílio pecuniário para pessoas sem problemas de drogadição; moradia transitória ou as unidades com alta rotatividade para que se busque evitar o processo de cronificação, promovendo rápido resgate da autonomia.

O eixo oportunidade, por fim, consiste na intermediação de mão de obra e emprego, através da capacitação profissional, da alocação em contratos públicos (Decreto nº 59.252/20), da busca ativa por vagas e do estímulo à contratação no setor privado.

Imagem com duas crianças brincando na Brinquedoteca da Vila Reencontro Pari

 

Rede Socioassistencial

A capital possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com cerca de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua, distribuídas em Centros de Acolhida, hotéis sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro, entre outros.

O encaminhamento para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial é feito de acordo com o perfil do indivíduo e com a tipologia do serviço, respeitando o histórico da pessoa ou família a ser acolhida.

As pessoas em situação de rua são encaminhadas aos serviços de acolhimento por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centros Pop) do município, do SEAS e Ampara SP.