Atendidos produzem cerâmicas com argila no CCInter Martin Luther King

Mulheres e crianças participam de formação que está reunindo diversos moradores da região de Parelheiros

Várias cerâmicas estão dispostas em uma mesa encostada em uma parede. Em destaque estão alguns vasos, pratos, cumbucas e panelas nas cores tradicionais de barro: laranja opaco.

Texto: Matheus Nascimento

Fotos: Acervo SMADS

Mais do que um passatempo, as oficinas de cerâmica estão se tornando uma importante ferramenta para que os atendidos do Centro de Convivência Intergeracional (CCInter) - Martin Luther King desenvolvam o autoconhecimento em artesanato e recuperem memórias de família a partir da argila. Demonstrando passo a passo a produção das peças de cerâmica, o gerente do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) - Serra do Mar, José Raimundo Vasconcelos, está ministrando as aulas.

“É muito comum que os atendidos se desprendam de suas rotinas para virem aqui exercitar um pouco da liberdade neste curso”, comenta José. As cerâmicas utilitárias que foram produzidas são, normalmente, travessas, jarras, cumbucas, pratos e tigelas. Por enquanto, elas ficarão no próprio serviço, mas o objetivo é que, para as mulheres gerarem renda, vendam algumas peças em uma Feira de Cerâmica na região de Parelheiros.

O gerente do Centro de Convivência Intergeracional (CCInter), Odair Silva de Andrade, afirma que a atividade é parte de um movimento que sua equipe está empenhada em prol da melhoria do convívio social dos moradores do bairro do Embura. “No início, sempre acham um pouco complicado, encontram dificuldades. Mas, com o tempo, até os jovens foram criando curiosidade, se interessando”, diz.

As peças são modeladas pelos atendidos com a supervisão de José Raimundo e a queima é realizada em fornos elétricos. “Optamos pela queima em fornos elétricos porque são mais práticos do que a lenha que, além de perigosa, realiza o processo em uma média de oito horas”, ressalta José.

José Raimundo, gerente do Centro para Crianças e Adolescentes, aparece modelando um vaso grande que está colocado em cima de uma mesa. No fundo da foto, estão dispostos os fornos elétricos utilizados para a queima.

O potiguar lembra que participa voluntariamente dessa oficina porque fez um curso especializado na elaboração de cerâmicas na Fundação Curru Velho e Casa da Linguagem, localizada no Pará, no ano de 1992. Ele afirma ter aprimorado suas habilidades manuais por lá.

“Nos primeiros encontros, eles tiveram um primeiro contato com a argila e sua derivação de cores. Daremos continuidade ao curso, trabalhando com maior atenção às técnicas de pintura e esmaltação, às formas, texturas, volume e, principalmente, ao processo de envelhecimento”, explica o escultor.

Ele também espera que as mulheres participantes da oficina compreendam que, por trás de uma técnica, de um objeto, existe alguma pessoa que se empenhou e deu o melhor de si para aquele resultado. “Através do convite do Odair, os atendidos do CCInter contam com a possibilidade de participarem de um curso completamente gratuito em que estão apendendo a produzir peças utilitárias, decorativas e artísticas”, finaliza.