Serviço de acolhimento da Prefeitura de São Paulo promove inserção comunitária, protagonismo e autonomia

A Residência Inclusiva presta acolhimento para jovens e adultos com deficiência

IMAGEM DOS BRAÇOS DE UMA MULHER NEGRA, CADA BRAÇO HÁ ALGUNS ACESSÓRIOS SENDO PULSEIRAS DE MIÇANGAS E UM RELÓGIO

Texto e fotos: Marianne Seixas e Sabrina Ribeiro

A valorização da diversidade é uma das principais características da cidade de São Paulo. Acolher diferentes culturas e atender às mais diversas e complexas necessidades dos cidadãos é parte importante do processo da busca pela igualdade de direitos a todos os habitantes. E quando o assunto é o cuidado a pessoas com deficiência que tenham um grau maior de vulnerabilidade social, não é diferente. Prova disso é o trabalho executado nas Residências Inclusivas (RIs).

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), possui 14 serviços desta tipologia, que totalizam 269 vagas de acolhimento voltadas a jovens e adultos com deficiência sem vínculos familiares ou com vínculos fragilizados e que não possuem condições de autossustentabilidade ou de gerir a própria vida. A unidade mais recente foi inaugurada no dia 25 de julho, em Pinheiros – a primeira da região.

A acolhida M.I.A.S tem 19 anos e está há duas semanas acolhida na RI de Pinheiros, localizada na zona oeste de São Paulo, com o seu irmão gêmeo. Desde a sua chegada no serviço, a atendida tem encontrado a prosperidade. “Aqui eu tenho a liberdade de desenvolver meus sonhos e habilidades”, explica.

Devido ao incentivo da equipe técnica no desenvolvimento da autonomia, a acolhida compartilhou com o serviço uma paixão e um grande talento: confeccionar suas próprias bijuterias. M. I. A. S. ensina aos outros acolhidos a arte de criar os próprios acessórios desde sua chegada ao equipamento.

“Já tem algum tempo que faço e achei interessante trazer para os outros aprenderem. Eu os ensino e até os rapazes querem aprender”, destaca.

Essa tipologia de acolhimento, ofertada pela Proteção Social Especial (PSE) de alta complexidade, busca potencializar as estratégias de inclusão social de pessoas com deficiência e daquelas em situação de rua. O serviço funciona de forma ininterrupta e atende, na mesma residência, pessoas acima de 18 anos com diferentes tipos de deficiência, respeitando as questões de gênero, idade, religião, raça e etnia, orientação sexual e situações de dependência.

As RIs têm o propósito de romper com a prática do isolamento, de mudança do paradigma de estruturação de serviços de acolhimento para pessoas com deficiência em áreas afastadas ou que não favoreçam o convívio comunitário. As residências são adaptadas, com estrutura física adequada, localizadas em áreas residenciais da cidade e dispõem de equipe especializada e metodologia adequada para prestar atendimento personalizado e qualificado, proporcionando cuidado e atenção às necessidades individuais e coletivas.

Para o acolhido D.R.G, de 19 anos, ter a liberdade de auxiliar os demais acolhidos na inserção social é gratificante. “Eu gosto de ajudar, quero ver eles evoluírem junto comigo. Gosto de organizar passeios e fazer com que eles vejam a vida além do acolhimento”, comenta

A busca por autonomia na execução de atividades diárias, assim como a integração na sociedade, é o foco da Residência Inclusiva. Para assegurar um maior grau de autonomia das pessoas com deficiência em situação de dependência, o serviço desenvolve estratégias de cuidados que potencializam o exercício das atividades básicas do cotidiano e da vida diária nas formas de suportes e apoios. São atividades como oficinas de arte, música, autocuidado, atividades culturais e passeios. Desta forma, os acolhidos criam laços e fortalecem vínculos com o serviço e com a comunidade.

D.R.G está acolhido na RI Casa Samaritano I, localizada no Jaçanã, há quase dois anos e considera o equipamento importante para que ele alcance seus sonhos. “Com o trabalho feito aqui na RI e em outros serviços de acolhimento, eu me sinto visto”, diz.

O acolhido foi convidado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) - Jaçanã a participar e compor a mesa de debate do território da Conferência Regional do Conselho Municipal de Assistência Social (COMAS), realizada no dia 10 de agosto. “Não imaginei que teria a oportunidade de representar as pessoas com deficiência em um evento tão importante, e, graças a esse momento, soube que a luta da pessoa com deficiência é considerada uma pauta importante”, declara.

Mais do que o auxílio e a autonomia, as Residências Inclusivas também são o suporte para muitos acolhidos entenderem o sentido de liberdade e oportunidades de aprendizado, seja nas tarefas mais básicas até as que precisam de ajuda dos profissionais para exercer. Segundo Elaine Cristina Xavier, 46, gerente da RI Pinheiros, o conhecimento é fundamental para que eles possam entender como atuar no mundo afora. “A Residência Inclusiva é um trabalho de 24 horas diárias, e precisamos proporcionar essas atividades para que eles possam se ocupar e, assim, entender o quanto isso impacta não apenas aqui dentro, mas quando estão lá fora”, relata.

Os profissionais que atuam de forma mais direta com os acolhidos das RIs são psicólogos, assistentes sociais e cuidadores. As principais atividades desenvolvidas pelos profissionais são o acompanhamento psicossocial dos acolhidos e de suas respectivas famílias, a fim de promover, quando possível, a reintegração familiar, a construção conjunta com o acolhido na organização do cotidiano, no desenvolvimento de adaptações, na escolha de equipamentos de tecnologia assistiva, além da promoção do desenvolvimento dos atendidos como sujeitos de direitos a partir de processos de emancipação, inclusão social e autonomia.

São feitos, ainda, encaminhamentos, discussões e planejamentos conjuntos com outros atores da rede de serviços da Prefeitura voltados a pessoas com deficiência e suas famílias conforme a necessidade de acompanhamento. Para tal, cada Residência Inclusiva dispões de um carro e um motorista para atender às demandas que exigem deslocamento.

 

Como solicitar acolhimento nas Residências Inclusivas?

 

As vagas para as RIs são referenciadas nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), além de também poderem ser viabilizadas por meio de órgãos do sistema de garantia de direitos.

 

Atualmente, a rede socioassistencial da capital possui serviços de acolhimento institucional para Jovens e Adultos com deficiência nos distritos de Aricanduva, Campo Limpo, Itaim Paulista, Jaçanã/Tremembé, Mooca, Parelheiros, Penha, Pinheiros, Santo Amaro, São Mateus, Sé e Vila Prudente.