Centro Jovem promove reflexão sobre o papel na sociedade

Com rodas de conversas mensais, os atendidos discutem com a equipe temas que envolvem a masculinidade

7 meninos se sentam em cadeiras brancas de plástico. Entre eles, há uma mesa redonda de madeira branca com pés verdes, e em cima dela há um computador preto, uma caixa de som preta e um projetor preto. No canto inferior, há um homem branco com um caderno branco e uma caneta em mãos. No chão há quadrados laranjas com o símbolo masculino azul. Do lado esquerdo a parede é branca e tem adesivos verdes, laranjas, rosas e amarelos com nomes escritos. No fundo há uma parede branca com uma porta branca. Há bandeiras coloridas de festa junina coladas no teto.

Texto: Ana Luiza Martins

Fotos: Acervo

As últimas sextas-feiras do mês no Centro Jovem (CJ) ‘Estação Juventude’, na região de Ermelino Matarazzo, são calorosas. Nelas, acontece a roda de conversa ‘Masculinidades’, que envolve todos os meninos do equipamento.

Em parceria com o Serviço de Proteção Social à Criança e Adolescente Vítimas de Violência (SPVV) Vila Miguel - Otávio, os jovens conversam e dialogam com os técnicos dos serviços sobre temas que envolvem o que é ser homem na sociedade. Assuntos como o que é ser homem periférico, performances de gênero e violência de gênero no Brasil já foram abordados.

Na última sexta-feira (30) não foi diferente e os meninos foram convidados a discutir suas masculinidades. De acordo com Luciana de Sousa Batista, gerente do equipamento, o objetivo dessa atividade é amplo. “Promover esse diálogo com os jovens sobre os padrões de masculinidade, acolher e discutir temas de masculinidade tóxica e o papel do homem na promoção da igualdade de gênero”, afirmou.

A atividade tem provocado diversas emoções. Cristhian Duarte Paes é um dos jovens que participa das rodas e conta que tem ajudado no seu autoconhecimento. “Tem me ajudado muito, porque eu estou me descobrindo, descobrindo parte da masculinidade que eu não sabia”, afirmou.

Ikaro Santos de Oliveira compartilhou que esse é um ambiente para falar de um assunto nunca abordado em sua vida. “Eu não converso sobre masculinidade com outras pessoas, nunca cheguei a conversar com famílias e amigos”, contou.

Ele ainda acrescentou dizendo que o projeto o ajudou a mudar sua visão de masculinidade. “As pessoas confundem masculinidade com machismo, alguém que tem que ser viril a todo momento, e desde que o projeto começou eu tenho mudado meu pensamento sobre isso”, disse Ikaro.

Para Luciana, é uma atividade rica, pois faz os jovens e a equipe entenderem os comportamentos machistas. “Está sendo muito positivo, no sentido de entendermos que as atitudes machistas que os jovens reproduzem também são porque eles sofrem esse machismo”, afirmou. Ela completa reforçando que eles sofrem de forma diferente que as mulheres, mas também existe violência.

7 meninos se sentam em cadeiras brancas de plástico, virados para frente, onde está sendo projetado um vídeo. No vídeo, há um homem branco de óculos de sol pretos encostado em armários amarelos. Os meninos estão numa sala de paredes brancas e chão de madeira. Há duas mesas redondas, nas quais tem um computador preto e uma mochila preta. Na parede esquerda há adesivos verdes, laranjas, rosas e amarelos com nomes escritos. Na direita há uma lousa branca e posters feitos em cartolina branca com desenhos coloridos.

 

SOBRE OS CJ:

A Rede Socioassistencial dispõe, atualmente, de 3 diferentes tipologias de serviços para crianças e adolescentes. São 465 Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) com 68.520 vagas, 39 CJ com 4.080 vagas e 5 Circos Sociais com 2.100 vagas.

Para se tornar um atendido, o responsável pelo jovem deve contatar o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) mais próximo, que fará encaminhamentos de acordo com a disponibilidade de vagas.