Publicitária que já acolheu quatro crianças diz que experiência transformou a vida de seus filhos

Iniciado em 2003, o Família Acolhedora já tem quase 20 anos de existência e, atualmente, possui 63 famílias cadastradas

Na imagem aparece uma menina negra ao centro de mãos dadas com duas pessoas

São 32 crianças e adolescentes acolhidos, sendo que 96,9% tem
entre 0 e 11 anos de idade e 3,1% estão entre 12 e 17 anos.

Texto: Samuel Fragoso
Foto: iStockPhoto

Acolher é um ato de amor que muitas famílias paulistanas se colocam na condição de proporcionar, principalmente, quando se trata de acolhimento de crianças. Neste último dia do mês de maio, a cidade de São Paulo comemora o ‘Dia da Família Acolhedora’, uma política de acolhimento familiar fundamental para que crianças e adolescentes possam ter um lar.

O ‘Família Acolhedora’ é um serviço proporcionado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) com objetivo de promover o acolhimento provisório de crianças e adolescentes que, de alguma maneira, estão impedidos de estarem no seu convívio familiar ou, por medida protetiva, encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção.

A família da publicitária Shirley Haint, 53 anos, está cadastrada no serviço desde 2018 e já acolheu quatro crianças. Ela conta como nasceu a vontade de participar e como foi o processo de envolvimento familiar com a ideia.

“Me interessei pelo acolhimento familiar após ser voluntária em uma brinquedoteca em Paraisópolis e em um berçário. Participei de uma palestra sobre apadrinhamento afetivo e antes de começar a palestra, falaram sobre a família acolhedora. Fiquei apaixonada e quando cheguei em casa contei para os meus três filhos (com 21, 16 e 11 anos à época) e todos se envolveram no projeto”, disse.

Haint afirmou que a experiência da família acolhedora foi muito importante para todos que estão em sua casa, sob vários aspectos. “O acolhimento também transformou a vida dos meus filhos, eles são pessoas diferentes, com olhares diferentes sem sombra de dúvidas”, revelou.

Durante a pandemia de COVID-19, a rotina de Shirley, assim como a de todas as pessoas, mudou. Logo no início do período pandêmico, ela estava acolhendo uma criança de 45 dias, que ficou um ano e meio acolhido e, depois, acolheu uma criança de 2 anos e meio, que ficou sob seus cuidados durante sete meses. “Foi uma experiência diferente, muito intensa”, disse.

A publicitária destaca a importância da rede socioassistencial da Prefeitura e o cuidado da área técnica tanto com a criança acolhida, quanto com a família. “O curso de formação é para a vida, a gente começa a ver a tudo com outros olhos. Temos encontros quinzenais com outras famílias acolhedoras e com a área técnica. Enquanto estamos cuidando das crianças, as famílias estão sendo cuidadas”, afirmou.

Entenda o ‘Família Acolhedora’

O serviço teve início há quase 20 anos e se chamava “Família Guardiã”, já em 2017, o passou a se chamar “Família Acolhedora” e algumas adequações no texto da lei original. Atualmente, a cidade de São Paulo conta 63 famílias cadastradas no serviço e 32 crianças e adolescentes acolhidos. 96,9% dos acolhidos tem entre 0 e 11 anos de idade e 3,1% estão entre 12 e 17 anos.

A rede socioassistencial da Prefeitura conta com cinco serviços (um em cada região da cidade), com capacidade de atendimento para 150 crianças e adolescentes. Nesses equipamentos são realizados os cadastros, bem como os encontros para a capacitação no Família Acolhedora.

Para fazer parte do Família Acolhedora é necessário ser maior de 18 anos, sem restrição de gênero, estado civil, estrutura ou renda familiar (desde que a família tenha possibilidade de oferecer moradia e estrutura básicas para o crescimento da criança). Uma pessoa sozinha ou um casal homossexual pode ser uma família acolhedora. O fundamental é ter disposição afetiva e emocional para proporcionar um ambiente familiar à criança nos seus primeiros anos de vida.

O Família Acolhedora está estruturado nos princípios e diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como objetivo garantir a convivência familiar e comunitária de crianças que passam por essa modalidade de acolhimento.
As famílias interessadas em participar do Família Acolhedora devem entrar em contato com os CREAS abaixo:

- CREAS SÉ
(República/Santa Cecília/Bom Retiro/Sé/Consolação/Bela Vista/Liberdade/Cambuci)
Endereço: Rua Bandeirantes, 55 - Bom Retiro
Telefone: (11) 2383-4480
E-mail: creasse@prefeitura.sp.gov.br

- CREAS SANTANA
(Mandaqui/Santana/Tucuruvi)
Endereço: Rua Voluntários da Pátria, 4649 - Santana
Telefone: (11) 4571-0293
E-mail: creassantana@prefeitura.sp.gov.br

- CREAS SANTO AMARO
(Santo Amaro/Campo Grande/Campo Belo)
Endereço: Rua Padre José de Anchieta, 802 - Santo Amaro
Telefone: (11) 5524-1305
E-mail: creassantoamaro@prefeitura.sp.gov.br

- CREAS LAPA
Endereço: Rua Junta Mizumoto, 591
Telefone: (11) 3742-2274
E-mail: creaslapa@prefeitura.sp.gov.br

- CREAS GUAIANASES
Endereço: Rua Nabuco de Abreu, 06
Telefones: 2363-9596
E-mail: creasguaianases@prefeitura.sp.gov.br