Consciência Negra em expressões artísticas retrata a história de Carolina Maria de Jesus e outras figuras importantes para a história

130 crianças participam de atividades de conscientização e valorização a cultura negra em São Mateus


Mesa da representatividade, com personagens de filmes, desenhos e brinquedos negros .

Texto e fotos: Ícaro Polo Domingues e Julia Alves

Carolina Maria de Jesus: negra, brasileira, favelada e a escritora mulher mais publicada no mundo. Essa foi a principal referência das atividades sobre “Consciência Negra em expressões artísticas” do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Nossa Senhora do Carmo, na Zona Leste.

A história da poetisa preta, que percorreu 500 km a pé atrás de uma vida melhor e mesmo assim teve durante anos a fome como o personagem principal de seus livros, foi escolhida pelo professor de Capoeira Leandro Aluander para ser apresentada pelas crianças. “É muito importante para as crianças tratarem desse assunto desde cedo, e a realidade da Carolina é a realidade de muitos aqui dentro.” Fernanda Pereira, de 11 anos, interpretou Carolina Maria de Jesus em uma pequena apresentação. “Negra, favelada, mãe solo e catadora de lixo fez muito sucesso, porém mais uma vez os brancos apagaram a história dela”, enfatizou Pereira.

O CCA Nossa Senhora do Carmo encerrou as atividades do mês da Consciência Negra com apresentações feita pelas crianças, dando destaque para grandes personalidades negras como Zumbi dos Palmares, Benedito Meia-Légua e Dandara dos Palmares, além das atividades remetendo aos costumes de raízes africanas como Amarelinha Africana, Labirinto e Máscaras Africanas.

Aproximadamente 13 atividades foram produzidas pelas crianças. A mesa da representatividade ganhou destaque para Janiny, Graziele e Eloyze, todas de 14 anos, que acham muito importante se enxergarem em grandes papéis na mídia já que a indústria faz questão de apagar. “Muitas crianças nunca assistiram desenhos com um personagem negro ou tiveram acesso a um brinquedo com características iguais as deles, o primeiro brinquedo é sempre o branco” afirma o professor de capoeira.

Leandro elenca como a maior dificuldade o ensinamento sobre o empoderamento do cabelo afro, já que muitas crianças têm dificuldades de se reconhecer, assumir e compreender as raízes de seus cabelos.

“Eu como professor de capoeira e negro tento sempre inserir essa realidade nas nossas aulas aqui no serviço, até porque muitas escolas não tratam desse tema no dia a dia deles. Foi maravilhoso trabalhar com essa temática do mês, muitas crianças não tem esse sentido racial e quanto mais cedo nós inserirmos essa realidade na vida deles melhor”, completou Aluander.

Convivente do serviço com maquiagem afro, logo atrás mascaras afros penduradas na parede.

 

Quatro crianças a frente apresentando uma dança, logo atrás painel simbolizando a trajetória de Carolina Maria de Jesus uma escritora negra.