Centro de Defesa e Convivência da Mulher Casa Sônia oferece rede de apoio social e afetiva

A proposta é trabalhada por meio de oficina semanal e acontece há quase um ano

Mulheres aparecem em parte externas de uma casa com arvores em volta. Algumas estão sentadas, outras em pé. Elas conversam entre si.

Texto: Bianca Bezerra
Fotos: Acervo

Todas as terças-feiras pela manhã, as mulheres do Centro de Defesa e Convivência da Mulher (CDCM) Casa Sônia reúnem-se para a oficina de afeto.

A oficina acontece desde maio de 2019, e consiste na troca de experiências entre mulheres vítimas de violência. Caracteriza-se como um grupo de apoio mútuo, em que as conviventes relatam não só suas histórias, mas compartilham também situações que enfrentam no dia-a-dia, como relata a psicóloga, Camila Rodrigues de Oliveira: “É um momento para se sentir a vontade em falar sobre qualquer assunto, onde ela sabe que não vai ser somente ouvida, mas compreendida justamente pela similaridade das situações”.

Segundo ela, as oficinas são acompanhadas pela assistente social do CDCM, Silvania A. de Jesus, e estudantes de psicologia da Universidade Mackenzie que se achegaram para ajudar devido a grande demanda de mulheres e aderência da oficina por parte das mesmas.

De acordo com a gerente, Patricia de Araujo Brasil, as participantes são acompanhadas individualmente e avaliadas para saber se a oficina trará resultados positivos, pois dependendo da etapa do processo em que se encontram as reuniões podem não ser tão proveitosas. “Passam por uma triagem e quem participa já rompeu com o ciclo da violência, está em processo de recuperação”, afirma Patricia. Se considerada apta, a mulher é consultada se deseja ou não para participar da oficina.

“Tem mulher que não gosta, para ela não é vantajoso e acaba preferindo passar pelo acompanhamento individual e nós respeitamos, mas existem outras que adoram, falam muito, outras entram mudas e saem caladas, mas sempre estão atentas e sempre voltam, pois de certa forma ela consegue absorver aprendizado do que as outras estão falando” conclui a gerente.

A convivente N.P, 38 anos comenta a respeito do trabalho recorrente. “Minha saúde mental evoluiu muito, apesar de pouco tempo aqui, eu to mais fortalecida, me sentindo mais feliz comigo mesma e enfrentando as situações de forma mais confiante” relata a atendida.

Este espaço para fala livre acolhe, em média, 12 mulheres e é responsável por contribuir para a evolução das mesmas. Elas conversam sobre trabalho, processos jurídicos, seus testemunhos e superações, e o aspecto mais importante: todas dão e recebem apoio.

“A roda de conversa serve para dizer ‘Ei, eu passei ou estou passando pela mesma coisa que você, juntas nós podemos encontrar forças para passar por cima disso’” encerra Patricia.

“Hoje eu sou forte, hoje sei dizer não” assegura a convivente e participante da oficina de afeto, C.L, 51 anos.