De São Paulo a Las Vegas: Professor do Circo Escola Grajaú integra o Cirque de Soleil

Marcos Porto dedica-se às atividades circenses desde os 14 anos de idade

 

Dois trapezistas fazendo performances. Um com pano azul e outro com pano vermelho em picadeiro do Circo Escola. Ao fundo duas pessoas em pé com telão branco atrás de si.  

Texto: Thiago S. Crivelaro
Fotos: Acervo

O trapezista Marcos Porto, 39 anos, descobriu o circo por meio do contato com um primo, que havia sido convivente do Circo Escola Grajaú, serviço conveniado à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), e se tornou um artista circense internacional. Porto tinha 14 anos quando também se iniciou na acrobacia de solo e cama elástica e nunca mais deixou o ofício.

“Me apaixonei pelo circo e nunca quis abandoná-lo. Eu tive momentos na minha vida em que eu conciliei trabalho com estudos, mas nunca pensei em deixar o circo”, comenta. Esse trajeto de dificuldades rendeu frutos como o mais recente, já que Porto foi convidado a integrar a equipe do Cirque de Soleil, que possui mais de 1300 artistas espalhados pelo mundo.

Nascido no Grajaú, zona sul de São Paulo, o trapezista sempre morou no bairro com a família, mas graças ao contrato de um ano e meio assinado por ele para se apresentar com o circo em Las Vegas, Estados Unidos, partiu na terça-feira, 23/07, para essa nova empreitada em solo americano, pela primeira vez.

Porto passou para as turmas de conviventes que ajudou a formar a vontade de seguir em frente e encarar novos desafios. Não somente as técnicas, mas a paixão pelo circo pautou o trabalho do professor ao longo da carreira, incentivando alunos a dedicarem-se ao aprendizado. “Eu tenho como grande exemplo o Carlinhos. Ele foi meu aluno há muito tempo, quando tinha 14 anos e, hoje em dia, ver que ele quer seguir meus passos e aprender o máximo que puder sempre, é um orgulho muito grande para mim”, explica.

Porto se lembra de outros alunos que superaram, como ele, as adversidades sociais e tornaram-se artistas destacados, comprovando o quanto a arte pode ajudar as pessoas a superar barreiras e construir pontes para o futuro. Como professor, ele atua no incentivo e na sensibilidade para enxergar potenciais em seus alunos, muitas vezes adormecidos pelas dificuldades de acesso à cultura e formação social.

Para o professor, o Circo Escola tornou-se uma ferramenta importante na educação de jovens da zona sul de São Paulo. A posição que conquistou no serviço lhe permitiu crescer como profissional e auxiliar outras pessoas na busca por autonomia. “Eu não me despedi do Circo Escola Grajaú. Foi só um ‘até logo’. Espero voltar várias vezes para trazer experiências novas e mostrar para essa criançada que existe muito mais do que eles veem. Assim como eu vi que havia, eu lutei, sonhei, acreditei, tive muita fé em Deus e consegui”, conclui.

 

Oito crianças vistas de costas fazem movimento circular com fitas coloridas em picadeiro do Circo Escola.

 

 

 Conviventes do Circo Escola reunidos na entrada de lona vermelha em pose para foto. Alguns estão com os braços levantados e outros agachados à frente.