Prefeitura implanta primeiro Centro de Acolhida para Mulheres Transexuais do Brasil

 Foto: Wagner Origenes

Por Fernando Bassoli e Viviane Bomfim

Atendendo as demandas especificas da cidade e sempre trabalhando com uma lógica de inclusão e acolhimento, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), inovou mais uma vez e implantou no mês de março, na região central, o primeiro Centro de Acolhida Especial para Mulheres Transexuais do Brasil.

“Já passei por outros Centros de Acolhida e tive a oportunidade de trabalhar com transexuais em 2005 no Portal do Futuro. Trago uma certa bagagem por conta disso, mas lá era um serviço misto. Focar um serviço apenas nesse segmento é um grande desafio da Prefeitura de São Paulo, pois você desconstrói aquela imagem da rua marginalizada, que muitas vezes a sociedade impõe, e começa a fazer um trabalho mais humanizado”, ressalta o gerente do serviço, Alberto Luiz Bezerra.

O serviço funciona de forma ininterrupta por 24 horas, dispondo de dormitórios, refeitório/convivência, cozinha, sala de atendimento, lavanderia e sanitários. Lá, 30 mulheres transexuais recebem um atendimento qualificado por meio de uma equipe multidisciplinar de profissionais composta por gerente, psicólogo, assistente social, orientadores, cozinheiros, entre outros.

Alberto lembra que é tudo muito novo e que as meninas ainda estão entendendo aos poucos o que esse espaço representa na vida delas. “Tudo vem sendo estruturado dentro das demandas que elas trazem. Muitas meninas estão estudando e têm grande dificuldade na realização das tarefas. Então, aqui nós também damos um suporte e proporcionamos passeios culturais e oficinas de cidadania e saúde. Também programamos oficinas de esporte e automaquiagem”.

A casa é administrada pela Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana (CROPH), por meio de parceria com a SMADS, que será responsável, juntamente com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), pela inserção das mulheres na rede de serviços e benefícios da Prefeitura de São Paulo.

Inicialmente, as vagas serão prioritárias para transexuais acompanhadas pelo Programa Transcidadania, coordenado pela SMDHC, mas que ainda estão em situação de rua. As outras vagas são preenchidas por meio de encaminhamentos feitos pelos Centros Pop Barra Funda e Bela Vista.

“Cheguei em São Paulo há 18 meses vinda de Três Pontas, sul de Minas Gerais, sem perspectiva nenhuma e logo fui encaminhada para o Centro de Acolhida Zaki Narchi, onde fiquei por cerca de um ano e recebi todo o suporte dos assistentes sociais. Consegui me restabelecer e fui encaminhada para o Programa Transcidadania. Voltei a estudar graças ao programa e fui reinserida na sociedade. Quando fiquei sabendo que a prefeitura estava implantando o primeiro serviço especifico para mulheres transexuais, logo pedi para vir para cá. Aqui eu me sinto em casa”, relata Geovana Coimbra, uma das conviventes da casa.

Caso a capacidade total de vagas no serviço seja preenchida, as mulheres poderão ser atendidas em qualquer outro serviço de acolhimento da rede socioassistencial.