Complexo Canindé tem sua primeira turma capacitada em informática

Foto e texto: Juliana Liba


Na última sexta-feira (8), a sala digital CROPH G2 – Afonso Beviani teve a sua primeira turma capacitada em informática. Os 21 formandos, entre conviventes e funcionários, receberam os certificados em uma cerimônia realizada no Complexo Canindé.

Essa formação faz parte de um projeto que é fruto da parceria entre a Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana (CROPH), Siemens Gamesa e Desk Informática. O objetivo é complementar o currículo da população em situação de rua para a inserção e reinserção no mercado de trabalho.

O curso durou três meses e consistiu na aprendizagem das ferramentas do Windows e do pacote Office. As aulas aconteceram durante as terças e quintas-feiras, com três turmas formadas por conviventes dos Centros de Acolhida Estação Vivência, Portal do Futuro, Vivenda da Cidadania, Samaritanos, Olarias, Maria Maria e Sítio das Alamedas.

Segundo a coordenadora da CROPH, Ana Maria, essa iniciativa complementa o programa Trabalho Novo, que já contratou 1536 pessoas em situação de rua em 70 grandes empresas como McDonald’s, Riachuelo, Guima, Restaurante Coco Bambu e muitas outras. “É necessário acrescentar outras capacitações para que a atuação deles no dia a dia só cresça”, conta.

Com a formatura desses alunos, o presidente da Siemens Gamesa, Pablo Pérez Barbeiro, sente orgulho por ter um papel muito importante na construção do projeto. “Todos temos que olhar para a sociedade e fico contente da nossa empresa poder contribuir na construção de um mundo melhor”.

Todos saíram da cerimônia com a sensação de dever cumprido e ansiosos para a próxima turma que inicia em janeiro. A nova gerente da sala G2, Jessica Carlassara, espera que essa capacitação evolua cada vez mais e que as pessoas não desistam. “Ter responsabilidade é fundamental e vou estar ali para ajudá-los nesse caminho”. 


As experiências


A dificuldade faz parte, mas todos são capazes. O pedagogo e responsável pela aprendizagem, Miguel Angel, destacou, satisfeito, a mudança de comportamento dos alunos. “Eles tinham muita dificuldade de começar novamente e hoje eles saem com a compreensão de que é importante o processo de identificação do erro para conseguir se superar”.

Para alguns, a capacitação foi a realização de um sonho. O senhor José Pereira, 60 anos, é convivente da Estação Vivência e fez vários cursos quando era mais novo, mas não sabia mexer no computador. “Quando vi a chance de aprender essa nova ferramenta não perdi mais tempo, porque eu precisava desse conhecimento para me atualizar”, contou. Com sorriso no rosto e o curso concluído, ele saiu da cerimônia realizado.

Mas também teve aqueles que já fizeram aulas de informática, como a Maria Inês, 52 anos, da Casa de Apoio Maria Maria. “Fiz há 20 anos e achei que sabia tudo, mas sempre tem algo que esquecemos ou não conhecemos”, disse com a esperança de que agora aumente a sua chance de dar uma entrada no mercado de trabalho.

Além dos conviventes, os funcionários também puderam participar da capacitação. Para a assistente social, Bárbara Favero, o projeto foi importante para a sua vida e agradece por participar. “Aprendi muito como ser humano e espero que essa experiência de vida alcance mais pessoas”.