Das drogas ao CTA, do CTA à vida

Lucimara e João Marcos se conheceram em um momento delicado na vida e superaram as dificuldades

 

O Centro Temporário de Acolhimento (CTA), localizado na região do Brás, é mais um dos serviços que acolhem histórias de vida surpreendentes. Quem passa pelo prédio muitas vezes nem imagina que por trás daqueles portões existem pessoas interessantes, com histórias complexas, e muitas com algo em comum: a vontade de vencer na vida.

Lucimara Riccio, 44 anos, não esconde o orgulho de mostrar que está no caminho da recuperação. Seu sorriso no rosto e toda a sua animação escondem um passado sombrio e cheio de dificuldades.

‘’Cheguei ao CTA há pouco tempo. Eu trabalhava na área da saúde e me entreguei às drogas. Quando vi, estava na rua e sem nada no bolso. Cheguei aqui uma semana depois da inauguração’’, contou.

Lucimara não tem vergonha de assumir seu passado. ‘’Você precisa aceitar o que viveu e que todo mundo erra. Quem vê e julga de longe não sabe o que é passar pelo o que eu passei. A droga e o álcool me levaram pra baixo, mas hoje tenho fé em Deus que estou totalmente livre’’.

Ela abandonou seu filho, de um antigo casamento, e sua mãe, em São Bernardo do Campo. A atitude complicada e difícil de Lucimara aconteceu para que ela fosse viver o processo mais doloroso de sua vida, quando se encontrou com as drogas.
‘’Quando a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social me tirou das ruas e eu vim pra cá, vi que as coisas mudaram. O CTA me mantém limpa e me ajudou a ficar em pé. Agora é só conseguir um emprego pra logo ter meu dinheiro’’, finalizou Lucimara.

O marido de Lucimara, João Marcos, também não resistiu ao álcool e às drogas. Eles se conheceram próximo à rodoviária Barra Funda, em 2016, onde vagavam em busca de ajuda e luz. ‘’Foi aquela coisa de alma gêmea mesmo. A gente se olhou e sentiu que era pra ser. A Lucimara sempre fala que somos almas gêmeas e que conseguimos tudo isso juntos’’.

Lucimara e João Marcos estão focados na nova etapa de suas vidas. O casal já conseguiu alugar uma casa que será mobiliada com ajuda do Centro Temporário de Acolhimento e de um policial amigo dos dois.

Além disso, João conseguiu um emprego como agente de saúde no Instituto Bompar e começou a trabalhar em julho.

Serviço

O Centro Temporário de Acolhimento da região do Brás (CTA) foi inaugurado no dia 10 de maio de 2017. ‘’Esse é o primeiro da gestão atual, com a perspectiva de inclusão do mercado de trabalho, com um diferencial: carroça e canil’’, afirmou Marcos Queiroz, gerente de serviço.

O CTA do Brás tem a capacidade de atender 164, mas atualmente são 105 pessoas que ocupam as vagas. ‘’O perfil das pessoas que vivem no serviço são pessoas que já fizeram algum tipo de curso de capacitação, ou o próprio curso de inserção do Trabalho Novo pela Rede Cidadã’’, finalizou o gerente de serviço.