Hospedagem Social: São Paulo lança 1.000 vagas de nova modalidade de acolhimento para pessoas em situação de rua

Tipologia dispõe de atendimento prioritário àqueles com condições de trabalhar e que já tenham ou buscam um emprego; entenda a diferença para os hotéis sociais já existentes

Prefeito Ricardo Nunes, juntamente ao Secretário adjunto, Décio Matos, desvelam a placa de inauguração da Hospedagem Social - Liberdade

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), inaugura, nessa quinta-feira (28), a primeira unidade da Hospedagem Social para Pessoas em Situação de Rua, uma nova modalidade de acolhimento da rede socioassistencial. O hotel, localizado no bairro da Liberdade, é direcionado às pessoas que, mesmo em situação de rua, já estejam inseridas no mercado de trabalho ou que estejam em busca de
um emprego. O público-alvo é os que tenham alguma dificuldade com a adaptação aos Centros de Acolhida já existentes.

Nessa nova tipologia de serviço de acolhimento serão ofertadas 1.000 vagas. O equipamento de Hospedagem Social para Pessoas em Situação de Rua da Liberdade disponibiliza 208 dessas vagas de acolhimento para o público inserido na modalidade 1 - indivíduos sozinhos ou casais sozinhos e sem filhos.

“Nós identificamos essa demanda no perfil das pessoas que estão em situação de rua na cidade. São pessoas que estão em um processo de conquista da autonomia, e necessitam de um apoio nessa reta final. Por isso, o papel importante da oferta de uma vaga que não tenha as características de um centro de acolhida ou das vagas em hotéis sociais, que também têm o perfil de abrigos. A proposta dessa nova modalidade é oferecer um local para dormir, um endereço e dar todo suporte para que a pessoa possa seguir se sentindo segura para novas conquistas”, comenta o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.

Essa nova opção para acolher pessoas em situação de rua atende também famílias. No acolhimento de pessoas sozinhas ou casais, os quartos são compartilhados, sendo até quatro pessoas por quarto. Já no serviço para família, cada uma é acolhida em um quarto para si.

Além da hospedagem, no acolhimento de pessoas sozinhas ou casais, também são ofertadas duas refeições ao dia: café da manhã e jantar, levando em consideração que as pessoas devem estar trabalhando ao longo do dia. No acolhimento a famílias são ofertadas três refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar, tendo em consideração que alguns membros da família podem passar o dia no hotel.

Com investimento de R$ 3,2 milhões, a Hospedagem Social está instalada em hotéis espalhados pela cidade, de forma a distribuir as vagas, inclusive nas regiões mais afastadas das áreas centrais de São Paulo. Inicialmente, quatro hotéis oferecem mais de 500 vagas de acolhimento.

Diferentemente das outras tipologias de atendimento, esta categoria não dependerá da triagem da Central de Vagas, e contará com encaminhamento direto feito pelo Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP).

“Quando identificada a demanda, esses serviços encaminham as pessoas diretamente. São pessoas com autonomia, que trabalham formal ou informalmente, que estão em busca de trabalho, não necessitam necessariamente dos outros tipos de auxílio dispostos pela rede socioassistencial e que não desejam ser inseridas em centros de acolhida e/ou não se adaptaram a essas modalidades”, explica Robson Ribeiro, assessor técnico da SMADS.

A modalidade possui, ainda, gestão centralizada que dispõe de 28 profissionais de diversas áreas como assistente social, psicólogo, entre outros, à disposição dos hospedados.

Cada acolhido terá um período inicial de três meses de permanência no equipamento. De acordo com a avaliação da equipe técnica, o prazo pode ser renovado, com possibilidade de extensão a até dois anos.

 

Quarto do serviço de Hospedagem Social


E qual a diferença entre a Hospedagem Social e os Hotéis Sociais?


A rede socioassistencial da cidade de São Paulo conta, atualmente, com 36 hotéis sociais espalhados pela cidade que dispõem de 4.094 vagas de acolhimento. São equipamentos que, de forma individual, atendem a perfis diversos, como homens, mulheres, idosos, famílias e o público LGBTQIA+.

O preenchimento destas vagas é determinado por meio da Central de Vagas, que é acionada pelos serviços de abordagem e encaminhamento dos territórios. O mesmo público que é recebido nos hotéis sociais pode ser acolhido, também, em outros serviços tradicionais da rede socioassistencial, como os Centros de Acolhida 24h e os Centros de Acolhida Especiais, que variam de acordo com o perfil do indivíduo a ser acolhido.

Nestes serviços, a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável auxilia os acolhidos na busca de um emprego, capacitação profissional, reconstrução de laços familiares e/ou afetivos e propõe atividades socioeducativas, entre eles e também com a comunidade, como maneira de fortalecimento dos vínculos sociais e de reconstrução da autonomia.

Além disso, as regras de convivência nestes equipamentos são definidas em assembleias, realizada pela OSC responsável com os acolhidos, e nelas são determinadas questões como horário de entrada e saída, entre outras determinações de convívio.

Já a Hospedagem Social atenderá prioritariamente pessoas em situação de rua, mas que encontram dificuldade neste modelo acima, seja pelas regras determinadas em assembleia ou qualquer outro motivo, e que já possuem plenas condições (física, psicológica e emocional) de exercer uma atividade profissional. Com a liberdade na definição de horário de entrada e saída, por exemplo, os acolhidos poderão cumprir os horários de trabalho estabelecidos, de acordo com a necessidade.

“Esse serviço também vem ao encontro de respostas rápidas para ofertas de vagas de acolhimento com um perfil de baixa exigência, ou seja, para que o acolhimento aconteça, basta ter autonomia”, afirma Robson Ribeiro.

O intuito desta nova modalidade é ofertar vagas de acolhimento para pessoas com autonomia e condições de organização das atividades necessárias para a vida diária e, ainda, com prontidão para acessar o mercado de trabalho, inclusive a partir das alternativas ofertadas pela Prefeitura de São Paulo, como o Programa Operação Trabalho (POT).

Vale destacar também a necessidade da construção de processos de saída qualificada. “Outra questão importante é o desejo de conquista da autonomia, por exemplo, através de moradia, questão essa que pode ser concretizada através do Auxílio Reencontro”, complementa Robson.

Centros de Acolhimento e Núcleos de Convivência

A cidade conta com mais de 350 serviços de acolhimento para população em situação de rua em diversas tipologias e modalidades, contabilizando cerca de 24 mil vagas no total.

A rede dispõe ainda de 15 Núcleos de Convivência, onde a população em situação de rua não acolhida é atendida e tem acesso a sanitários, chuveiros e lavanderias.