No primeiro mês de atuação, o Ampara SP realiza 1,6 mil acolhimentos e mais de 3 mil atendimentos sociais

O projeto, focado no acolhimento, tem contribuído para diminuir o número de barracas presentes nas ruas e praças da cidade

Texto: Samuel Fragoso
Foto: Lorenzo Petillo

Desde o dia 10 de abril, a Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, conta com o Projeto Ampara SP, ação complementar ao Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), que tem um atendimento multidisciplinar voltado ao atendimento das pessoas em situação de rua. Nesses 30 dias de atuação, as equipes formadas por arte-educadores, terapeutas ocupacionais, educadores físicos e sociólogos, já realizou 3.518 atendimentos sociais em pontos onde há maior concentração de pessoas em situação de rua. Destes atendimentos, 1.600 resultaram em encaminhamentos para vagas de acolhimentos da rede socioassistencial.

 
As equipes do Ampara SP atuam 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana, percorrendo pontos mapeados previamente. Em alguns dos locais percorridos já é perceptível o resultado da ação.  Na Praça do Patriarca, onde havia 10 barracas, houve uma redução de 70% dos abrigos improvisados. Na Praça da Armênia, onde foi registrada a primeira ação do Ampara, a redução no número de barracas foi de 62,5%. Atualmente há três barracas no local.
 
Na foto, um homem de calça cinza e camisa azul está sentado ao pé de uma árvore. Ele está conversando com uma mulher que veste rosa e jeans azulado, com o colete verde do Ampara SP. No fumdo, algumas pessoas estão embaixo de uma tenda azul.
 
A abordagem integral e interdisciplinar do Ampara trabalha com o fortalecimento do vínculo socioafetivo e da confiança para que os encaminhamentos ganhem escala. “O Ampara SP vem conseguindo, dia após dia, avançar nos resultados para acolhimento das pessoas em situação de rua. Considero que, ao somar com as ações das equipes de SEAS, o projeto faz um trabalho complementar primordial a partir de profissionais tecnicamente multifacetados. Além disso, desde o início, estamos ofertando vagas em hotéis, que tem maior adesão por parte das pessoas que se encontram em situação de rua”, afirma o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.
 
Dentre os acolhidos está a costureira Angélica Alves, de 39 anos, que estava em condição de rua no bairro de Santana, na zona norte da cidade. Ela vivia em uma barraca próxima ao metrô. 
 
“Já estou em situação de rua há 14 anos. Aceitei o acolhimento para sair desse situação, para ter um endereço, o que vai me ajudar bastante a conseguir voltar a trabalhar”, afirmou. 
 
Angélica está acolhida no Hotel Borba, no Brás. Além de ter um lugar fixo para dormir, estar em um local seguro também foi um dos motivos que a levaram a aceitar a abordagem do Ampara. “A gente está fora da violência da rua, da fome, do frio das ruas. Isso é muito bom”, completou. 
 
Para Silvio Bruno Lima, 48 anos, que estava em situação de rua na Praça Kennedy, na Mooca, o atendimento humanizado e o resgate da dignidade foram essenciais na hora de aceitar a oferta para uma vaga no hotel Vitória, no Brás. “Vejo o acolhimento do Ampara como um trampolim para que eu consiga sair da situação de rua. Estou em um hotel social, e aqui, eu tenho dignidade para morar, tenho um banheiro, uma televisão e um ambiente limpo pra viver”, enfatizou.
 
Silvio nasceu em Americana, no interior de São Paulo, e vivia nas ruas da capital desde 2019, sempre  dormindo sob uma lona improvisada. "Eu não me conformava de morar embaixo de uma marquise, de uma lona. Mas agora, me sinto acolhido de verdade em um lugar que me olha como um ser humano. Só quem viveu nas ruas entende o que isso é pra gente”, afirmou.
 
Quando os atendimentos sociais resultam em encaminhamentos para a rede socioassistencial, o acolhido segue para vagas em hotéis, distribuídos em diversas regiões da cidade, ou em Centros de Acolhida, ambos serviços preparados para receber as pessoas de acordo com tipologia do equipamento, sejam elas pessoas sozinhas, com famílias, com algum tipo de deficiência, idosos e população LGBTQIA+. Nestes equipamentos, as pessoas recebem, além da hospedagem, café da manhã, almoço, lanche e jantar. As vagas são fixas, e não apenas para pernoite.
 
O Ampara SP conta com 46 técnicos especializados, sendo 20% deles com trajetória de rua e 10%, LGBTQIA+. Durante o período da Operação Baixas Temperaturas (OBT), as equipes vão reforçar o trabalho de SEAS para aumentar a adesão ao acolhimento das pessoas em situação de rua.