Entre os dias 21 e 25 de janeiro, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) adotará uma faixa exclusiva para motos num trecho da 23 de Maio. A iniciativa, que será colocada em prática em caráter experimental, valerá das 10h00 às 16h00 e atingirá a frota total que hoje chega a 652,5 mil motos, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito do Estado de São Paulo (Detran). Além desta iniciativa, a partir de 11 de fevereiro a CET vai restringir a circulação de motociclistas nas pistas expressas das marginais Pinheiros e Tietê.
O objetivo dos testes é verificar o comportamento dos motociclistas ao circularem por uma faixa exclusiva numa pista expressa (caso da 23 de Maio) com velocidade regulamentada de 80 km/h; a dificuldade de entrada e saída da faixa; reação dos motoristas; o impacto na fluidez do trânsito; a melhoria da segurança e a ordenação do tráfego na via.
Em relação à 23 de Maio, a primeira faixa da esquerda da via - em ambos os sentidos e junto do canteiro central - será operacionalizada com cones para uso exclusivo dos motociclistas, numa extensão de 2 km, desde as proximidades do Viaduto Tutóia até o Viaduto Pedroso. Serão instaladas placas indicando o horário de funcionamento da faixa exclusiva para motociclistas na Avenida 23 de Maio e faixas indicativas nos acessos à avenida e nos viadutos.
Já em relação às marginais, estará proibida a circulação de motos nas pistas expressas, a partir de 11 de fevereiro. O tráfego de motocicletas nas marginais será permitido somente nas pistas locais, com exceção da Marginal Pinheiros que permanecerá com o tráfego de motocicletas permitido na pista expressa apenas no sentido Castelo Branco/ Interlagos, em razão de não haver pista local neste sentido em toda a extensão da via. O que levou a CET a restringir o tráfego é o alto índice de acidentes provocados pela colisão entre motociclistas, automóveis e caminhões nas pistas de maior velocidade das marginais Pinheiros e Tietê. Dependendo do horário, calcula-se que cada acidente, com ocupação de uma faixa de rolamento em via de trânsito rápido, exemplo das marginais e da 23 de Maio, por 15 minutos, gera aproximadamente 3 km de lentidão.
VIAS REGISTRAM MAIORES ÍNDICES DE CIRCULAÇÃO
Circulam diariamente pela Avenida 23 de Maio, nos horários de pico, entre 10 e 12 mil veículos por hora e sentido. Fora do horário de pico, entre 10 e 16h, o volume de veículos cai para aproximadamente 9 mil por hora e sentido.
Nos horários de pico, o tráfego de motocicletas oscila entre 1 mil e 1.300 por hora e sentido. Porém, fora dos horários de pico, o volume é ainda maior: chega a ultrapassar 2 mil motocicletas entre os viadutos Condessa de São Joaquim e Cubatão. Esta variação do volume de motos também é observada em outros corredores da cidade como a Avenida Rebouças e Rua da Consolação, por exemplo, em virtude do movimento de motofretistas que se intensifica durante o horário comercial e funcionamento dos bancos.
Em 2006 foram registrados 231 acidentes na via e as motocicletas estavam envolvidas em 130 deles, o que representa 60% do total. Foram 25 acidentes por quilômetro, um índice próximo ao das Marginais (30 acidentes por km). Em um terço dos acidentes, os motociclistas não guardavam distância dos veículos.
Pesquisa da CET demonstrou que os motociclistas preferem circular entre a 1ª e a 2ª faixa de tráfego, em razão da menor interferência de veículos mudando de pista na faixa da esquerda.
Embora seja previsto que o teste da faixa exclusiva possa ter reflexos sobre a fluidez da via e imediações, a CET acredita ser importante colocar em prática medidas que sinalizem claramente a prioridade da segurança e da preservação da vida na gestão do trânsito da cidade de São Paulo.
MAIOR NÚMERO DE MORTES É NAS MARGINAIS
Nas pistas expressas acontecem duas vezes mais acidentes do que nas vias locais. Já o volume de motocicletas varia entre 2,2 mil por hora (próximo à Ponte Morumbi/Marginal Pinheiros) e a 1,7 mil por hora e sentido (proximidades da Ponte Vila Guilherme/Marginal Tietê).
A cada ano cresce o número de acidentes graves e fatais nas pistas expressas das marginais por várias razões combinadas:
- velocidade regulamentada de 90 km/h; - a proporção de motos de baixa cilindrada (mais de 80% são 125 cc); - a composição do fluxo com alto percentual de veículos de grande porte (ônibus e caminhões) que por suas dimensões apresentam pontos cegos que impedem que os motoristas tenham visão das motocicletas; - imprudência do motociclista ao circular entre as faixas de tráfego.
Em 2006, foram 35 mortos e 740 acidentes com vítimas em motocicletas em ambas as vias. Além dos mortos, são 62 acidentes com vítimas por mês, em geral graves. Em 2007, no primeiro semestre, essa média subiu para 72 acidentes com vítimas por mês.
O USO DO PISCA-PISCA É OBRIGATÓRIO
Durante duas semanas, a CET estará atenta e orientará aos condutores que não indicam a mudança de faixa por meio da luz lateral - ou pisca-pisca.
De acordo com o artigo 196 do Código de Trânsito Brasileiro, é infração grave deixar de indicar com antecedência – mediante gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção do veículo – o início da marcha, a realização da manobra de parar o veículo, a mudança de direção e de faixa de circulação. A penalidade é de cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,69.
De acordo com o presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego, após as duas semanas de observação e orientação, os fiscais vão intensificar a fiscalização deste enquadramento do código. “Estamos falando de uma infração responsável por altos índices de acidentes de toda a gravidade”, defende. “Sinalizar principalmente a mudança de faixa é um dever do condutor e sinal de respeito e prudência”, finaliza.