Após dois anos, Programa de Proteção ao Pedestre mantém tendência contínua de queda nas mortes por atropelamentos

No Centro da cidade, onde a campanha começou, a redução foi de 44,1%; no Município, houve 20,4% de diminuição no número de óbitos. Janeiro e fevereiro de 2013 foram os períodos que morreram menos pessoas vitimadas por acidentes de trânsito. Campanha ganhou um incremento desde o início do ano.

Para marcar os dois anos de vigência do Programa de Proteção ao Pedestre (PPP), celebrados em 11 de maio (neste sábado), a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) anuncia novas estatísticas de redução de mortes por atropelamentos, além de um novo pacote de ações criadas especialmente para chamar ainda mais a atenção, sobretudo, de quem anda a pé na capital paulista. Nesse mote, estão inclusas iniciativas nas áreas de Comunicação, Fiscalização e, principalmente, Educação de Trânsito.

Levantamento mais recente feito pela CET revela que, dentro da chamada 1ª. Zona de Máxima Proteção ao Pedestre (ZMPP) Centro/Paulista, os óbitos de pedestres caíram 44,1%; no município de São Paulo, a redução chegou a 20,4% no período de 11 de maio de 2012 a 28 de fevereiro de 2013 (ou seja, com o Programa vigente) comparado com 11 de maio de 2010 a 28 de fevereiro de 2011 (antes do início do PPP). Foram 34 mortes de pedestres atropelados contra 19 quando o Programa já existia há pelo menos um ano.

Gráfico 1:
Mortes de pedestres na ZMPP – Área Central
Evolução para o período de 11 de maio a 28 / 29 de fevereiro

Em relação a toda a Cidade, os dados apontam uma baixa de 20,4% na quantidade de mortes por atropelamentos. Entre 11 de maio de 2010 a 28 de fevereiro de 2011 (sem PPP, portanto), aconteceram 506 óbitos nessa categoria Pedestres. Entre 11 de maio de 2012 a 28 de fevereiro de 2013 (portanto, com PPP), 403 pessoas faleceram atropeladas na metrópole paulistana. Uma queda de 20,4% como é possível ver no segundo gráfico:

Gráfico 2: Mortes de pedestres no Município de São Paulo
Evolução para o período de 11 de maio a 28 / 29 de fevereiro



Janeiro e fevereiro de 2013

A CET pesquisou ainda quantas mortes em acidentes de trânsito aconteceram em toda a cidade nos meses de janeiro e fevereiro de 2013: foram 146, das quais 61 eram pedestres. Vale ressaltar que, desde 2005, quando a CET começou a tabular essas estatísticas de fatais, janeiro e fevereiro de 2013 foram os meses em que houve menos mortes no trânsito, desde o início das pesquisas. Para se ter uma idéia mais clara, na comparação com os dois primeiros meses de 2012 (216 mortes), a diminuição é de 32,4% (ou 70 mortes a menos em 2013) no número de fatalidades em acidentes de trânsito.

Tabela A: Total de mortes em acidentes de trânsito na cidade (janeiro e fevereiro)

Ano

Janeiro

Fevereiro

Total

2005

101

105

206

2006

131

103

234

2007

122

121

243

2008

112

102

214

2009

112

102

214

2010

119

92

211

2011

114

117

231

2012

111

105

216

2013

83

63

146


Tabela B: Mortes em acidentes de trânsito em janeiro e fevereiro de 2013, por categoria de usuário



Tabela C: Mortes de pedestres atropelados nos meses de janeiro e fevereiro

Ano

Janeiro

Fevereiro

Total

2005

44

60

104

2006

53

48

101

2007

64

48

112

2008

54

49

103

2009

60

51

111

2010

56

44

100

2011

57

46

103

2012

55

42

97

2013

33

28

61


Pesquisas comportamentais direcionam ações para pedestres

No trânsito paulistano, diferentemente do que supõe o senso comum, 83,3% dos pedestres atravessam, sim, na faixa a eles destinada, mas um em cada quatro o faz se distraindo com o aparelho celular enquanto caminha. É o que demonstra a pesquisa O pedestre e seu comportamento durante a travessia, de autoria da CET de São Paulo e iniciada antes da estréia do PPP, com a primeira etapa entre os meses de fevereiro a maio de 2011 e a segunda etapa da análise finalizada no segundo semestre de 2012.

Este estudo empírico pesquisou, em detalhes, as atitudes de um universo macro de pedestres (mais de 13 mil pessoas, chegando-se, porém, em alguns momentos a 40 mil pedestres observados), na área delimitada pelo Centro Expandido até a Avenida Paulista. Daí a complexidade na tabulação e interpretação dos resultados, que acabaram de ser concluídos pela CET.

Em suma, o trabalho é um raio-X da postura do pedestre durante a travessia, seu grau de respeito e uso à faixa de segurança bem como à sinalização semafórica específica para ele (o semáforo de pedestres). A investigação levanta ainda possíveis comportamentos do pedestre que podem colocar em risco a sua própria segurança.

O campo de pesquisa foi composto por cruzamentos localizados na região central. No horário de pico da manhã, das 7h30 às 9h30, os pesquisadores observaram, durante quase três meses, o comportamento de 13.969 pedestres em seis locais distintos e concluíram que 83,3% fazem a travessia na faixa, derrubando o mito - há muito sustentado pelo senso comum - de que “o pedestre não atravessa na faixa dele”. Além dessa, as principais conclusões obtidas foram:

  • O pedestre não aguarda o semáforo ficar verde para ele: atravessa na brecha (intervalo) veicular;
  • Se não houver intervalo, isto é, se o fluxo de veículos passando for muito intenso, aí o pedestre aguarda e não se arrisca;
  • Índice de distração: um em cada quatro pedestres utiliza o telefone celular enquanto atravessa. De uma amostra de 18.353 pedestres, 23,8% (4.368 pessoas) utilizavam o aparelho telefônico móvel para digitar, falar ou ouvir;
  • O percentual de obediência ao semáforo de pedestres, pelo pedestre, é relativamente baixo (cerca de 30%). De uma amostra de 40.909 pedestres colhida em sete cruzamentos, apenas 29,4% obedeciam ao foco semafórico favorável à travessia; 
  • A maior obediência à faixa de travessia ocorreu no cruzamento da Av. Ipiranga com a Rua Santa Ifigênia, na região central. Já a menor obediência ocorreu na interseção das ruas Riachuelo com Quintino Bocaiúva, também na região central, devido à geometria desse local ser desfavorável à travessia do pedestre;
  • A maior obediência ao foco semafórico ocorreu no cruzamento das ruas Haddock Lobo com Luís Coelho, ao passo que a menor obediência se deu no cruzamento da Av. Paulista com a Rua Augusta. 

Com base nesse cenário e nas conclusões obtidas por meio de outra pesquisa empreendida pela CET - esta objetiva, de contagem do índice de respeito do condutor à prioridade do pedestre na travessia (veja gráficos desta segunda pesquisa ao final do release), a Secretaria Municipal de Transportes (SMT) e a CET apresentam a nova fase do Programa de Proteção ao Pedestre, caracterizada pela ênfase ainda maior na Comunicação e Educação com esse grupo.

No esforço de despertar não só pedestres, mas também os demais atores do trânsito para os seus direitos e deveres, a CET vai espalhar 238 faixas informativas com sete mensagens de orientação, a exemplo de:

  • No Trânsito, somos todos pedestres. Respeite o Pedestre na faixa.
  • Ciclista, zele por quem é mais frágil que você: respeite os pedestres.
  • Motorista: não atropele a vez do pedestre.
  • Aguarde o pedestre concluir a travessia. A fiscalização está redobrada.

No âmbito da Educação Viária, serão desenvolvidos um teatro de rua e performances de mímicos. A peça Entre pedestres e lobos é mais um recurso educativo no PPP. Sua finalidade é provocar a reflexão das dificuldades cotidianas enfrentadas pelos pedestres em seu trajeto. Eis a agenda desse evento:

  • Av. Paulista, em frente ao Parque Trianon: dias 13 e 14/05, às 11h30 e 12h30;
  • Av. Paulista, em frente à Gazeta: dias 16 e 17/05, às 11h30 e 12h30;
  • Praça “do Forró” Padre Aleixo Mafra, em São Miguel Paulista: dias 20 e 21/05, às 11h30 e 12h30;
  • Praça Felisberto Fernandes da Silva (Largo de São Mateus): dias 23 e 24/05, às 11h30 e 12h30.

Usando técnicas gestuais para que o público compreenda facilmente os comportamentos adequados na circulação e travessia, mímicos poderão ser vistos, dos dias 13 a 17 de maio (a próxima semana), na Av. Inajar de Sousa, na Zona Norte, das 9 às 14 horas. No restante do mês, eles atuarão percorrendo a periferia da Capital.

Fiscalização será redobrada a partir de 13 de maio
Para os condutores, a fiscalização às infrações previstas pelos enquadramentos 612-20, 613-00 e 616-50 - que já vem sendo realizada pelos agentes da CET desde 08 de agosto de 2011 - será redobrada. Esses códigos especificam que deixar de dar preferência ao pedestre em diversas situações de travessia (como na faixa a ele destinada; que não tenha concluído a travessia; atravessando via transversal) configura infração de natureza grave ou gravíssima, dependendo do comportamento inadequado adotado pelo motorista.

O maior rigor na fiscalização feita pela CET vem, na prática, com a reciclagem dos 1.854 marronzinhos para essa atividade específica: a partir de 13 de maio (segunda-feira), todos ficarão dedicados exclusivamente num período do turno diário para observar se os motoristas estão respeitando - ou não - o direito dos pedestres no trânsito.

A fiscalização redobrada ocorrerá em 53 corredores monitorados através de rotas operacionais. Nelas, o agente de trânsito vai fazer a observação em pontos pré-definidos conforme um plano de fiscalização montado previamente pela sua Gerência de Engenharia de Tráfego - GET. Os agentes que trabalham na fiscalização de Zona Azul (estacionamento rotativo) também vão dedicar parte da sua jornada para observar e fiscalizar o desrespeito aos pedestres, nas vias/áreas comerciais com Zona Azul.

Desde 08/08/2011 até 31/03/2013, as infrações relacionadas ao PPP já totalizaram 554.573 multas, das quais 15,3% (ou 85.130) associadas diretamente aos enquadramentos de “Deixar de dar preferência ao pedestre”.

Os enquadramentos observados no Programa são:

545-22

Estacionar sobre a faixa destinada a pedestre

567-31

Parar sobre a faixa de pedestres na mudança de semáforo

584-33

Deixar de indicar com antecedência, mediante gesto/luz indicadora, mudança de direção

605-01

Avanças sinal vermelho no semáforo

612-20

Deixar de dar preferência a pedestre/veículo não motorizado na faixa a ele destinada

613-00

Deixar de dar preferência a pedestre/veículo não motorizado que não haja concluído a travessia

616-50

Deixar de dar preferência a pedestre/ veículo não motorizado atravessando a via transversal 


Pesquisa de respeito ao pedestre na travessia

A fim de acompanhar o desempenho do Programa de Proteção ao Pedestre, a CET realiza pesquisas sistemáticas de respeito ao direito de travessia do pedestre bem como de comportamento dos usuários do sistema viário em geral. É esse trabalho analítico, feito desde antes do início efetivo do PPP, a principal fonte para o planejamento de novas ações, mais focadas nas necessidades pontuais percebidas nas ruas. Até o momento, dez ciclos de contagens e entrevistas foram concluídos, sendo o mais recente realizado no período de 19 de fevereiro a 12 de março deste ano.

Quatro interseções vêm servindo de campo de coleta dos dados:

1. Rua Haddock Lobo com Rua Luís Coelho
2. Rua Álvaro de Carvalho com Rua João Adolfo com Rua Alfredo Gagliotti
3. Rua Quintino Bocaiúva com Rua Riachuelo
4. Rua D. Maria Paula com Rua Francisca Miquelina

Em síntese, esse levantamento detectou uma estabilização no percentual de respeito do condutor (hoje em 29,1%) e no percentual de uso da seta (na casa dos 60%, atualmente). Ademais, desde o início do PPP, convém salientar que 11,4% a mais de condutores dizem respeitar a travessia do pedestre. Por outro lado, 10,5% a mais de pedestres sentem-se mais respeitados em seu direito à preferência de travessia.

Gráfico 3: Grau de respeito à travessia



Gráfico 4: Índice de utilização da seta



Assessoria de Imprensa - CET