Prêmio 19 de Agosto valoriza projetos em prol da população em situação de rua

 

 

Um reconhecimento às boas práticas do trabalho com as pessoas em situação de rua. A I Edição do Prêmio 19 de Agosto, relativo ao ano de 2018, foi entregue a três organizações da sociedade civil nesta sexta-feira (22/02), no Solar da Marquesa de Santos, região central de São Paulo. O objetivo é valorizar e fortalecer esta população com o incentivo de promover direitos, dignidade, autonomia e melhores condições de vida. A Comissão Avaliadora foi composta por seis membros, três da SMDHC (Alcyr Barbin Neto, Giulia Pereira Patitucci e Tomás Magalhães Andreetta) e outros três da sociedade civil, indicados pelo Comitê Pop Rua (José França Pereira, Elisângela Flávio e Edmar Imaculada Matoso).

O projeto “Dor de mora(dor) de rua” - uma pesquisa que mapeou as dores física e psíquica dessas pessoas - foi o grande vencedor. O trabalho ainda foi transformado em um curso de ensino à distância gratuito, oferecido pela Faculdade do Hospital Albert Einstein e atingindo cerca de 7.000 pessoas de diversos estados do país e de Portugal, que trabalham com a população em situação de rua. A autoria foi de Ariane Graças. “Morar na rua é viver com dor o tempo todo, necessita um cuidado de saúde mais adequado e essa pesquisa mudou a minha vida”, disse emocionada Ariane.

O segundo lugar foi para o Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade) com o projeto “Acolhimento, inclusão e participação de adultos em situação de rua”. A entidade incluiu em sua candidatura três serviços conveniados com a Prefeitura de São Paulo (Núcleo de Convivência Chá do Padre - que oferece espaço de convivência e alimentação para as pessoas em situação de rua -, Centro de Acolhida Especializado em Imigrantes e Recifran). Apesar disso, o prêmio foi concebido principalmente em razão do Recifran – um serviço de inserção laborativa para as pessoas em situação de rua. O montante reunido ao fim do mês é compartilhado por quem trabalha no local.

A terceira posição ficou com o projeto Centro de Convivência É de Lei - ONG que oferece atendimento às pessoas em situação de rua na região da Luz, em um espaço que busca a redução de danos por meio de atividades culturais. Outros quatro projetos se inscreveram no Prêmio 19 de Agosto e receberam um certificado de participação. São eles: “Mais Direitos para a População em Situação de Rua” de Darcy da Silva Costa, Movimento Nacional da População em Situação de Rua; Bicicloteca, de Robson Mendonça, Movimento Estadual da População em Situação de Rua; Restaurando Vidas e Realidades, de Renan Fernando Santos Gomes e um projeto de Luiz Carlos Silva Araújo.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, lembrou que decidir pela realização desse prêmio foi sua primeira ação no cargo, em agosto de 2018, e pontuou a necessidade de se trabalhar cada vez mais com políticas para essas pessoas. “É uma população que precisa de ajuda e o poder público tem que sempre dar uma atenção especial a ela. Esse Prêmio vem reconhecer a realização de algumas pessoas que abraçam a causa”.


Prêmio 19 de Agosto

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua lembra a chacina ocorrida na Praça da Sé, em 19 de agosto de 2004, quando dez pessoas foram atacadas enquanto dormiam – seis morreram. Em 22 de agosto houve um novo ataque, com cinco desabrigados sendo agredidos da mesma maneira que os anteriores – um deles morreu. Meses depois, uma testemunha presencial dos crimes também acabou assassinada.

O episódio teve repercussão inclusive internacional, ficando conhecido como “Massacre da Sé”. Segundo as investigações da época, o objetivo dos ataques era silenciar os moradores em situação de rua que sabiam do envolvimento de policiais com o tráfico de drogas na região. Três policiais foram presos e soltos no mesmo ano por falta de provas.