Mais de um Século de Carnaval (1900-2010)

2019

Calor, blocos, desfiles, fantasias, samba, frevo, marchinhas, suor, cerveja, festa… É fácil adivinhar a que se referem esses substantivos todos juntos: Carnaval. Difícil seria imaginar a rica e diversa cultura brasileira sem essa festa tão característica e intrínseca em nossa identidade nacional - aguardada todo o ano por muitos, como o momento de maior alegria, liberdade e diversão.
Descobrir as origens do Carnaval pode ser bastante surpreendente, já que a festa vem do além-mar, de terras e épocas bastante distantes de hoje. E se transformou inúmeras vezes antes de chegar no Brasil. Mesmo aqui, em terras tupiniquins, as transformações pelas quais a festividade passou são gigantes - já foi desde festa popular “de escravos” até uma cópia elitizada dos bailes de máscaras parisienses.
Hoje, com a mistura de todas essas origens, influências, culturas, chegamos às famosas tradições de Carnaval, tão ricas, mas ao mesmo tempo tão complexas, e distintas ao longo do enorme mapa brasileiro. Em 2018, a festa movimentou mais de 6,25 bilhões de reais e gerou mais de 20 mil empregos, o que demonstra um pouco da relevância até mesmo econômica da comemoração.
A proposta da exposição “Mais de Um Século de Carnaval (1900-2000)” é, a partir do acervo da Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade, fazer uma análise e apresentar o que é o Carnaval, e quais foram suas metamorfoses nesse seu último século de história, nas mais diversas camadas sociais. E sempre, claro, pela ótica das diversas publicações da mídia impressa brasileira.
Então abra alas, e passe logo para ver essa exposição incrível!

Local: Hemeroteca- Rua Dr. Braúlio Gomes, 125/139


História do Carnaval

A origem do Carnaval, apesar de incerta, remonta a tempos e terras bastante distantes do Brasil. Existem várias suposições sobre essa história da festividade, mas o provável é que tenha surgido na época do Império Romano, com festas chamadas “Saturnálias”, em homenagem ao deus do tempo, Saturno e protegidas pelo deus do vinho, Baco. A festa era característica pela inversão dos papéis sociais: nobres e escravos se misturavam nas ruas e comemoravam juntos; um escravo assumia o papel de rei da festa, o “Rei Momo”, e no período poderia ordenar o que quisesse - e organizava a festa regada à muita comida, bebida, música e dança.
Com a ascensão do cristianismo a festa se transformou. No ano de 325 d.e.c., ficou decidido que os 40 dias que antecedem a Páscoa seriam dias de orações e jejuns, se afastando dos prazeres mundanos - a Quaresma. Assim, a festa, considerada pagã, foi movida para marcar o início desse período, e recebeu o nome de “Carnevale”, do latim “adeus à carne”. Assim, a data sempre varia, porque está relacionada com a Páscoa. O domingo de Carnaval é sempre o sétimo que antecede a Páscoa, e a Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma.
Através dos portugueses, o festival chegou ao Brasil no século XVII, sendo, em muitos sentidos, semelhante às festas romanas, e ficando conhecido como “entrudo”. Escravos eram libertos para participar da folia, que envolvia brincadeiras como atirar uns aos outros água, farinha, “limão de cheiro” (bolas de cera cheias de perfume) e até lama, sendo assim considerada uma festa “suja” pelas elites da época.
No Século XIX, com a mudança da corte portuguesa para o Brasil, a tradição começou a se transformar. Os elegantes bailes de máscaras e desfiles de carruagens de Paris passaram a ser copiados, e a festa se tornou restrita aos mais ricos, inclusive com a proibição do entrudo. Aos poucos, no entanto, a festa tornou a ter seu caráter popular com o surgimento dos cordões, blocos, sociedades carnavalescas, ranchos, entre outros. Nessa época surgem também as marchinhas, sendo a primeira delas a conhecida “Ô Abre Alas”, da pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga, em 1899.
Aos poucos surgem as Escolas de Samba, no Rio de Janeiro. Eles passam a escolher um tema para as fantasias de cada ano e também a música, como acontece até hoje. O “Carnaval dos pobres” vai ganhando a simpatia do resto da sociedade, até com o apoio do então governante Getúlio Vargas. Hoje o Carnaval carioca, e também o paulista, são reconhecidos e admirados em todo o mundo, tanto por causa dos desfiles quanto pelo “carnaval de rua”. Para além do Sudeste, o Carnaval nordestino também é amplamente conhecido: a Bahia pelos seus trios elétricos e afoxés, muitas vezes formados somente por negros; Pernambuco e Ceará pelo maracatu; Recife e Olinda, mais especificamente, pelo frevo, além do bloco “Galo da Madrugada”, o maior do País.

Foto interna de expositor da hemerotecaFoto interna de expositor da hemeroteca

 

 

 

 

 

 

 

 

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