Marco em homenagem à população em situação de rua é inaugurado na Sé

A obra lembra o assassinato de sete pessoas ocorrido no centro de São Paulo em 2004

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania inaugurou recentemente, na Praça da Sé, um marco para homenagear as pessoas em situação de rua. A obra faz referência ao massacre de sete moradores de rua ocorrido em 2004 no centro de São Paulo. Ao todo, 15 pessoas foram atacadas enquanto dormiam. As suspeitas são de que policiais militares e um segurança particular tenham atuado no crime que, no entanto, permanece impune até hoje.

Deverson Max de Oliveira (autor do desenho), Alcides Amazonas (subprefeito da Sé) e o secretário Eduardo Suplicy inauguram marco

Com a presença do secretário Eduardo Suplicy, do subprefeito da Sé, Alcides Amazonas, da coordenadora de Políticas para a População em Situação de Rua, Luana Bottini e de movimentos sociais representantes da população de rua, o marco foi inaugurado sob reivindicações de maior atenção da prefeitura para conter os abusos da Guarda Civil Metropolitana e de outros agentes públicos no tratamento das pessoas em situação de rua.

O secretário Suplicy sinalizou que também deseja esta mudança de conduta: “Que este marco em memória à população de situação de rua seja um marco de transformação na direção daquilo que muitos de vocês pediram”, disse. E afirmou que uma norma deve ser editada pelo prefeito Fernando Haddad para evitar abusos dos agentes municipais contra os moradores de rua.

Suplicy destacou ainda a existência do Centro de Economia Solidária como uma possibilidade de geração de renda e pediu aos presentes no evento que participassem desse projeto. “Estamos querendo estimular formas de economia solidária, cooperativas, que possam envolver as pessoas em situação de rua para que elas possam produzir artesanato, produtos alimentícios ou até mesmo a construção de moradias”, explicou.

Sebastião Nicomedes de Oliveira, também em situação de rua e um dos representantes dessa população, morava na rua em 2004 e conhecia muitas das vítimas do massacre. “O marco é uma forma de não silenciar, para saber o que aconteceu, no futuro. É uma forma de não apagar a lembrança”, disse. Sensibilizado, criticou a impunidade, a morosidade da justiça e a existência de violência até hoje. “A violência contra as pessoas da rua não acabou. Ela só piora no país inteiro. Morrem de frio, morrem queimados, morrem de tudo quanto é jeito”, disse.

Artista plástico

Deverson Max de Oliveira e um de seus quadros

A arte no monumento foi escolhida por meio de um concurso realizado em 2015 e é de Deverson Max das Dores, de apenas 20 anos, que vive no Centro de Acolhida Lajeado. Após vencer o concurso, o jovem disse que está motivado a seguir a carreira artística. “Eu estou agora pintando tela. Vou seguir a carreira de pintor, artista plástico. Várias pessoas, depois que eu fiz o desenho do marco, estão me incentivando”, contou.