Calendário "Minha São Paulo" é lançado durante Festival de Direitos Humanos

Projeto nunca havia sido realizado fora de Londres, no Reino Unido, e bateu recorde de participação em São Paulo, surpreendendo os organizadores

No sábado (12/12), durante o 3º Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas, ocorreu o lançamento do calendário “Minha São Paulo”, fruto do projeto fotográfico "Minha São Paulo – o olhar da cidade pela população em situação de rua" realizado pela SMDHC e pela rede “With One Voice” em parceria com as ONGs inglesas People’s Palace Projects e Streetwise Opera, o British Council e Calouste Gulbenkian Foundation.

O secretário Eduardo Suplicy apresenta o calendário para o público presente

 

Fotos selecionadas pelo projeto foram expostas no espaço Cidadania nas Ruas, no Anhangabaú, durante o 3º Festival de Direitos Humanos

Em novembro deste ano, 100 câmeras fotográficas foram distribuídas a pessoas em situação de rua por um prazo de dois dias para que elas registrassem São Paulo, bem como suas percepções e vivências na cidade. Depois da revelação de todas as fotografias, 13 imagens foram selecionadas para compor o calendário que, agora lançado, será vendido a R$ 25,00. Os recursos arrecadados serão revertidos pelas organizações participantes para projetos que beneficiem pessoas em situação de rua.

Para Fernanda Almeida, da SMDHC, a cultura e a arte também devem ser pensadas para a população em situação de rua

Segundo Fernanda Almeida, articuladora territorial da SMDHC e uma das responsáveis pelo contato com as organizações inglesas participantes, o sucesso da iniciativa mostra que a arte é uma possibilidade de transformação da vida das pessoas. “A política para população em situação de rua é complexa e envolve uma série de outros fatores de mobilização com assistência social, com a saúde, com habitação. Mas por que não, também, uma articulação com a cultura e com a arte? Porque não é só de saúde e assistência que as pessoas vivem. Esse trabalho foi ainda um piloto, em caráter experimental, mas o resultado mostra que é possível continuar investindo em trabalho com arte para a população de rua”, disse Almeida.

Renata Peppl, da People’s Palace Projects

Renata Peppl, coordenadora de projetos da People’s Palace Projects, revelou que, em São Paulo, o número de devolução de câmeras bateu um recorde nunca alcançado em Londres – 91 das 100 câmeras foram devolvidas no prazo estipulado (no total, foram 98). O projeto nunca havia sido desenvolvido fora da capital inglesa e a aceitação tão grande surpreendeu os organizadores. “Isto mostra uma coisa muito importante: as pessoas não querem só comida, saúde, assistência... elas querem também diversão e arte. A arte deve ser pensada como política pública e como direito público, da população de rua em especial”, comentou Peppl.

Marco Antônio Alves Silva, com a foto de sua autoria

Marco Antônio Alves Silva, autor de uma das fotos que compõe o calendário, estava presente no lançamento do calendário e revelou ter gostado de participar do projeto. A foto tirada por ele mostra um morador de rua, seu amigo, numa “pose de imperador”, segundo Silva. Ele disse que quis retratar justamente a rua e as pessoas que nela vivem: “O lado de São Paulo que eu quis mostrar é o do preconceito que muitas pessoas têm com aqueles que moram na rua. Eles podem morar na rua, mas são seres humanos também, não merecem ser humilhados, esquecidos”.


 

O secretário Eduardo Suplicy convidou todos para uma grande foto de encerramento do projeto: “É uma alegria, às vésperas do Natal, um momento como esse”, disse.