Após uma interrupção de 3 anos, seu último número foi publicado em 2003, a Revista da Biblioteca Mário de Andrade está de volta em edição comemorativa dos 80 anos da instituição. Criada em 1943, como extensão do Boletim Bibliográfico, a Revista sempre acompanhou a história da Biblioteca Mário de Andrade. Nesse sentido, seu reaparecimento insere-se no projeto de recuperação física e institucional da biblioteca - maior biblioteca pública de São Paulo, segundo maior acervo do país. Uma outra novidade é a publicação da revista pela Imprensa Oficial, o que permitirá que pela primeira vez ela possa ser  comercializada e encontrada pelo público nas livrarias.

Com edição de Luís Francisco Carvalho Filho, Manuel da Costa Pinto e Heitor Ferraz, este número traz artigos sobre o processo de formação da Biblioteca, curiosidades sobre a construção de seu edifício, um dossiê sobre a poesia concreta, além de bibliografias de referência elaboradas por especialistas.

Entre os destaques da publicação está uma entrevista com o ensaísta argentino Gonzalo Aguilar, autor de uma importante análise sobre o impacto do movimento concretista sobre a intelectualidade brasileira nos anos 1950. Professor de literatura brasileira da Universidade de Buenos Aires, Aguilar descreve o trauma causado por esse movimento de vanguarda – que completa 50 anos –, no ambiente cultural brasileiro e sua relação com outros movimentos artísticos da segunda metade do século 20. A edição conta ainda com uma resenha de Jorge Schwartz para o livro de Aguilar, Poesia concreta brasileira. As Vanguardas na Encruzilhada Modernista (Edusp, 2005).

Na seção Biblioteca, a revista traz um ensaio do arquiteto Carlos Lemos sobre a construção do atual prédio da biblioteca; um artigo de Jorge Couto, diretor da Biblioteca Nacional de Portugal, sobre a importância da digitalização dos acervos; e ensaio da antropóloga Lilia Schwarcz sobre o desembarque da Real Biblioteca no Brasil, no começo do século 20.

Em Memória Editorial, Heitor Ferraz Mello recupera a história do editor paulistano Folco Masucci, responsável pela raríssima reedição, nos anos 60, de La divina increnca, coletânea de poemas de Juó Bananère. Além de respeitar a edição original, de 1925, Masucci teve o cuidado de acrescentar um precioso glossário com algumas gírias e personagens do poema macarrônico de Bananère na reedição. Uma rica bibliografia de referência sobre o teatro brasileiro no Romantismo, organizada por João Roberto Faria, é mais um dos atrativos da publicação.

Serviço: Revista da Biblioteca Mário de Andrade. No 62
Edição comemorativa 80 anos
Imprensa Oficial
173 págs.
Preço: R$ 40,00
A Revista está à venda nas lojas da Imprensa Oficial e também pelo site www.imprensaoficial.com.br/livraria