Por: Solange Borges e Gabriela Marquez

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Semdet - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, reuniu na última terça-feira, dia 22, um seleto grupo de especialistas que discutiu ações de órgãos públicos e da iniciativa privada para as classes C, D e E no seminário “São Paulo na Base da Pirâmide”. O evento, realizado no Centro de Convenções da Faap - Fundação Armando Alvares Penteado, trouxe aspectos importantes para compreender o atual cenário brasileiro que apresentou mudanças significativas nas últimas décadas com a chegada de 3,6 milhões de pessoas na chamada classe C, provenientes das classes D e E, segundo dados da FGV – Fundação Getúlio Vargas.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração do São Paulo Confia, Hugo Duarte, 90% da população carente, gostaria de conquistar a independência financeira. Duarte aponta o microcrédito como solução. “É a ferramenta que dará a liberdade para essa parcela expressiva de brasileiros e contribui com o incremento da economia das cidades”, ressalta.

O gerente de Oportunidades para a Maioria do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luiz Ros, também analisa, de forma positiva, a ampliação do acesso ao microcrédito. “O microcrédito promove diferencial fundamental e é o primeiro passo para o setor privado atuar junto à base da pirâmide”. Ros ressaltou que a maioria da população da América Latina é composta por pessoas que vivem com US$ 300 por mês, em média. “O empresariado deve buscar soluções para atender esse público que tem capacidade para movimentar mais de US$ 500 bilhões por ano”.

O painel que discutiu a atuação de empresas startups (grupos de pessoas com novas ideias que encaram o desafio de iniciar um novo negócio), como a Saútil, CDI Lan e Quadrado Mágico, enfatizaram a importância de envolvimento com ações sociais e os benefícios como o reconhecimento desse compromisso pela comunidade.

Durante o painel Empreendedorismo de Alto Impacto na Base da Pirâmide o superintendente do Itaú Empresas, Maurício Burgos, o diretor de Educação e Pesquisa da Endeavor, Juliano Seabra, e Ros, do BID, anunciaram o Projeto Visão de Sucesso que objetiva identificar 100 empresas de grande impacto com negócios focados na base da pirâmide, que receberão consultoria dessas instituições.

O evento também apresentou “cases” de empresas que alavancaram seus negócios apostando na população das classes C, D e E como a Sorridents, voltada a tratamento dentário, e a Prepara Cursos, dedicada à qualificação de jovens para o mercado de trabalho. “Não me arrependo de ter investido neste segmento. Essa população é boa pagadora e reconhece o trabalho. Exige qualidade com preço justo, algo possível de promover”, reforçou a fundadora da Sorridents, Carla Sarni.